07/Apr/2025
A China anunciou na sexta-feira (04/04) que vai impor tarifas de 34% a todos os bens importados dos Estados Unidos, em resposta ao tarifaço anunciado pelo governo Donald Trump. As tarifas chinesas entram em vigor no dia 10 de abril, segundo comunicado da Comissão Tarifária do Conselho Estatal. No dia 2 de abril, os Estados Unidos anunciaram tarifas "recíprocas" de 34% sobre as importações da China, que se somam à tarifação anterior de 20% já em vigor. A G5 Partners avalia que a resposta da China, de tarifar em 34% todos os produtos norte-americanos, não é uma boa notícia, mas não piora a situação brasileira. O Brasil ficou no piso das tarifas e a importância do comércio exterior com outros países é menor. A economia brasileira é pouco dependente das exportações, com cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do País correspondendo às exportações.
O impacto da retaliação chinesa seria marginal. Grande parte da balança comercial do Brasil é composta por produtos agrícolas e as pessoas terão que continuar comendo. O impacto seria positivo na inflação brasileira, com viés de baixa com a queda expressiva do preço das commodities ao redor do mundo. A tendência para o câmbio é de dólar mais fraco no mundo, uma vez que o movimento tarifário enfraqueceu a moeda norte-americana nos últimos dias. A reação chinesa implica em menor espaço de negociação da política tarifária para os Estados Unidos. Isso diminui as expectativas do mercado de que o impacto das medidas de Donald Trump possa ser menor, apontando para um cenário de estagflação nos Estados Unidos. Adicionalmente, a China deve buscar mercados alternativos para os seus produtos, com uma inundação de produtos chineses pelo mundo, o que pode impactar a concorrência nos setores automobilístico e têxtil.
A Tendências Consultoria considera que a resposta chinesa foi dura e na mesma medida das tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, mas não fecha as portas para uma negociação. A China colocou em pé de igualdade essas negociações, por mais que o mercado norte-americano seja mais importante para o chinês do que vice-versa. A reação chinesa ajuda a deixar o clima do ambiente global mais difícil, com geração de novas incertezas. Em um primeiro momento, o PIB mundial deve ser menor e há implicações como a queda das commodities. A tendência para a inflação e a atividade econômica brasileira é baixista, devido ao efeito de baixa do preço das commodities e da China exportando mais para outros países. Além disso, o posicionamento mais agressivo do presidente norte-americano, Donald Trump, pode ser o "empurrão" que faltava para avanço do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Para o Banco Inter, as tarifas retaliatórias da China sobre todas as importações dos Estados Unidos acirram a guerra comercial. E essa intensificação, especialmente se outros países se juntarem à abordagem chinesa, amplia a probabilidade de uma forte queda no comércio internacional e de uma recessão global. Tudo indica que a política tarifária de Trump será mais prejudicial ao crescimento do que à inflação. Tendo herdado uma economia robusta, com um mercado de trabalho saudável, as medidas têm o potencial de encerrar o atual ciclo de expansão da economia norte-americana. É este cenário que motiva os mercados a apostarem em queda dos juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no curto prazo, com especulações sobre uma redução já na próxima reunião, em maio, e cerca de quatro cortes em 2025.
No Brasil, o mercado reduz a precificação de alta da Selic para maio, com uma alta residual de 25 pontos-base ganhando força. Para o JPMorgan, a retaliação da China às tarifas dos Estados Unidos torna o ambiente 'potencialmente mais perturbador'. A maneira como a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi desenhada, tentando eliminar os déficits país a país dificulta uma negociação com as nações atingidas. Isso dificulta a negociação e torna mais provável que haja retaliações. O relatório payroll de março foi um sinal claro da 'resiliência subjacente' da economia norte-americana, mas as tarifas de Trump ofuscam os números. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a "China jogou errado, eles entraram em pânico". Entrar em pânico e retaliar os Estados Unidos era "a única coisa que eles não podem se dar ao luxo de fazer", completou Trump em publicação em rede social. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.