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08/Apr/2025

Tarifas dos EUA e os riscos para economia global

Desde que assumiu o comando dos Estados Unidos, em 20 de janeiro deste ano, o presidente Donald Trump tem provocado grande instabilidade no mercado com o vaivém de suas tarifas de importação. Mas, no dia 2 de abril que ele deu sua tacada mais agressiva, impondo taxas que variam de 10% a 49% a quase todos os países. O presidente norte-americano, Donald Trump, pode ter inaugurado uma nova era do comércio mundial com o anúncio do tarifaço, no dia 2 de abril. Os efeitos prometem ser disseminados, duradouros e abrangentes. Também podem redirecionar as vendas transnacionais e trazer para o Brasil exportações que seriam feitas para os Estados Unidos. Por conta de tudo isso, as previsões de ganhos e perdas para o Brasil ainda trazem muitas incertezas, mas as contas já estão sendo feitas.

O cenário desenhado não é visto pelos analistas como benéfico ao Brasil, mesmo que o anúncio da semana passada tenha sido recebido com certo alívio, com uma alíquota para o País (10%) mais favorável relativamente aos concorrentes comerciais. Segundo o Bradesco, é uma das maiores fricções, se não for a maior, do comércio global desde o acordo de tarifas de 1947. Todas as relações de comércio estão sendo reavaliadas. Muitos dos investimentos atuais foram feitos sob as regras anteriores, e considerando uma previsibilidade tarifária. O anúncio fomenta a incerteza. Vai haver um período de adaptação e produzir uma desaceleração da economia global, com fluxos de capitais mais retraídos.

Do ponto de vista da balança comercial, os maiores impactos, se não forem estabelecidas exceções para certos produtos e para o Brasil, estarão nos setores que vendem mais para os Estados Unidos, casos de petróleo, café, papel e celulose, aço e ferro e aeronaves. Mas, dentro desse grupo, há expectativas diferentes e que podem mudar. Por exemplo, entre as commodities agrícolas brasileiras mais vendidas para os Estados Unidos, estão o café e o suco de laranja. Mas, o café não tem produção nos Estados Unidos, já o suco de laranja enfrenta competição local, que vai ser beneficiada por não pagar a tarifa. É um caso similar ao da indústria de aeronaves brasileira, mais especificamente, da Embraer.

Com atuação na produção de jatos médios e executivos, ela tem como concorrentes diretos a canadense Bombardier e empresas chinesas, dois dos países mais afetados pela ofensiva de Donald Trump. A norte-americana Boeing não atua no mesmo nicho que a brasileira. Outro efeito que deve advir da nova configuração depende da reação dos países mais afetados pela nova configuração comercial. A União Europeia, a China e nações do Sudeste Asiático estão entre as mais taxadas. Elas podem redirecionar parte da produção que iria para os Estados Unidos para países da América Latina, em especial, para um grande mercado como o Brasil. Entenda em seis pontos o que significa para a economia global o anúncio do presidente norte-americano.

1. O que são as tarifas anunciadas por Donald Trump

Donald Trump anunciou que todos os produtos importados pelos Estados Unidos pagariam uma tarifa mínima de 10%. Alguns países, com os quais os Estados Unidos têm déficit comercial, pagariam tarifas ainda maiores, chegando a 46%, no caso do Vietnã, e a 49%, no caso do Camboja.

2. Por que o presidente dos Estados Unidos tem essa 'obsessão' por tarifas

No anúncio das medidas, Trump afirmou que as novas tarifas vão corrigir anos de comércio "injusto", em que outros países têm "roubado" os Estados Unidos. O argumento principal do presidente para esse movimento é "reindustrializar" o país. Ele tem dito que, para as empresas fugirem das tarifas, bastaria começar a fabricar em solo norte-americano.

3. Quais foram os efeitos do anúncio das tarifas para os mercados

O tarifaço de Trump provocou uma grande turbulência nos mercados globais. As principais Bolsas de todo o mundo tiveram perdas gigantescas após o anúncio. Nos Estados Unidos, as perdas passaram dos 10% em apenas dois dias. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 4,84% na quinta-feira (03/04), e mais 5,50% na sexta-feira (04/04). O índice Nasdaq caiu respectivamente 5,97% e 5,82%. Nos últimos dois pregões, o valor de mercado das empresas listadas nos Estados Unidos encolheu US$ 6,08 trilhões. Desde a posse de Trump, a destruição de valor já chega a US$ 9,81 trilhões, segundo dados levantados pela consultoria Elos Ayta. Bolsas na Europa e na Ásia também registram forte queda.

4. Quais as reações dos países atingidos

A China se tornou o primeiro país a responder, na prática, às tarifas globais anunciadas por Donald Trump. O governo de Xi Jinping impôs uma tarifa de 34% sobre os produtos dos Estados Unidos, exatamente o mesmo nível da tarifa norte-americana. Além disso, o Ministério do Comércio da China adicionou 11 empresas norte-americanas à sua lista de "entidades não confiáveis", impedindo-as de fazer negócios na China ou com empresas chinesas. Os outros países atingidos reagiram em geral com perplexidade ao "tarifaço", mas têm preferido aguardar um pouco antes de tomar alguma decisão. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o anúncio foi um "grande golpe para a economia global".

5. Como o Brasil foi atingido

O Brasil tem um comércio deficitário com os Estados Unidos (importa mais do que exporta) e acabou ficando no grupo menos atingido pelas tarifas de Trump. Os produtos brasileiros pagarão a taxa mínima estabelecida pelo governo norte-americano, de 10%. Porém, alguns especialistas apontam também que, no longo prazo, a mudança no comércio internacional pode acabar sendo prejudicial ao País.

6. O que o tarifaço pode provocar na economia global

A implementação das tarifas pode representar uma redução no crescimento global e até recessão em alguns países. O risco inflacionário também está no radar, assim como uma desorganização das cadeias globais. Desde a década de 90, as cadeias de produção foram pulverizadas pelo mundo. A produção de um carro ou celular, por exemplo, recebe peças de vários países até ser fabricado inteiramente. Ou seja, o mundo está todo interligado e as tarifas de Donald Trump vão desorganizar isso. O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que as medidas representam claramente um risco significativo para as perspectivas globais em um momento de crescimento lento.

Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.