09/Apr/2025
Apontado como um dos principais beneficiários do recrudescimento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o agronegócio brasileiro tem evitado comemorar. Nos bastidores, representantes do setor se limitam a citar oportunidades que podem surgir para o Brasil, mas não cravam ganhos aos produtores. Lideranças de segmentos agropecuários dizem que o tom preponderante é de cautela. Na prática, o agronegócio brasileiro pode ser favorecido pelo potencial redirecionamento do comércio e da demanda chinesa. Com os produtos americanos sendo taxados pela China a tarifas elevadas, em reciprocidade ao governo norte-americano, importadores chineses podem buscar suprimento em outros países a fim de não inflacionar os custos.
O aumento do fluxo comercial entre Brasil e China, como reflexo disso, é esperado sobretudo para soja, milho, carne bovina e suína. Situação semelhante ocorreu em 2018, quando parte das compras chinesas foi redirecionada ao Brasil, que passou a ter maior participação na balança comercial com o país asiático. Agora, a situação é mais ampla e complexa. Entretanto, a avaliação de entidades é que uma guerra comercial em nível global mais prejudica do que beneficia o Brasil e o agronegócio local. O clima de incertezas no mundo aumenta. Todos estão receosos sobre até onde pode chegar a escalada entre Estados Unidos e China. A falta de previsibilidade é ruim para todos os negócios. Além disso, não é possível mensurar o quanto a China pode deixar de comprar dos Estados Unidos e comprar do Brasil.
É impossível dizer até quando a China poderá comprar do Brasil os volumes adicionais, o que pode descasar oferta e demanda local. Para o governo brasileiro, a avaliação é de que todos saem perdendo. O Brasil não vai comemorar guerras, sejam elas de que tipos forem. Mas, está atento a qualquer necessidade adicional de que algum país venha a ter. Sendo chamado, o Brasil tem produto para apoiar o suprimento de qual país for. Ainda que possa haver algum desvio de comércio, a demanda seguirá firme e o Brasil poderá ser chamado a contribuir mais, embora a produção não possa ser elevada de um dia para outro. O silêncio do setor em relação aos impactos da guerra comercial sino-americana se mantém nesta semana.
O clima piorou após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar que imporia sobretaxa adicional de 50% sobre produtos chineses se o governo chinês não recuasse da retaliação. A posição foi reverberada quando o governo chinês respondeu que vai adotar contramedidas e que "irá lutar até o fim". Isso é muito ruim. Donald Trump confirmou tarifa de 104% sobre produtos chineses com cobrança a partir desta quarta-feira (09/04). O enfraquecimento do multilateralismo global é um dos reflexos negativos ao agronegócio brasileiro: Enfraquecer o multilateralismo é ruim para o Brasil, que joga as regras do jogo. Esse rearranjo global será inédito e cheio de dúvidas, tudo isso com a Organização Mundial do Comércio (OMC) esvaziada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.