11/Apr/2025
A escalada do conflito comercial entre os Estados Unidos e a China reacendeu os temores de que a China possa usar os mercados financeiros para retaliar o governo norte-americano. A China é uma das maiores detentoras estrangeiras de títulos da dívida pública norte-americana. Há muito tempo, teme-se que a China possa se desfazer dos títulos do Tesouro norte-americano, que compõem grande parte de suas reservas cambiais. A China possuía cerca de US$ 1,2 trilhão em títulos do Tesouro norte-americano em janeiro. A carteira de títulos da China nos Estados Unidos é difícil de rastrear, porque o uso de terceiros e custodiantes pelo governo em lugares como a Bélgica obscurece sua propriedade.
Dados do governo norte-americano mostraram que a China possuía cerca de US$ 761 bilhões em títulos do Tesouro em janeiro, atrás apenas do Japão. Esses dados abrangem títulos do Tesouro detidos tanto pelo governo quanto por investidores privados. Alguns especularam se a China estaria por trás da venda massiva de títulos do Tesouro norte-americano desta semana. Analistas do Goldman Sachs se mostraram céticos em nota divulgada na quarta-feira (09/04). Se a China ou outros bancos centrais estivessem se desfazendo de títulos do Tesouro norte-americano, o dólar enfrentaria mais pressão.
Ainda assim, mudanças na composição dos ativos de reserva representam um risco para a demanda por títulos do Tesouro norte-americano no médio prazo. A China também poderia usar sua moeda. A China poderia desvalorizar o yuan para ajudar a compensar o impacto das tarifas. O valor do yuan é rigorosamente controlado pelo banco central chinês, e os investidores têm observado a "fixação" diária, na qual o valor da moeda local é definido, em busca de sinais de que as autoridades estejam direcionando-o para níveis mais fracos.
O yuan caiu para seu nível mais baixo em mais de 17 anos no início desta semana, embora tenha se recuperado um pouco nos últimos dias. Uma desvalorização do yuan poderia abalar os mercados globais e encorajar outros países a seguirem o exemplo, reduzindo o valor de sua própria moeda para ajudar a manter suas exportações competitivas. Uma desvalorização do yuan provavelmente também irritaria o governo Trump, pois aumentaria o valor do dólar. Uma desvalorização também poderia prejudicar a China. A decisão de da China em 2015 de desvalorizar o yuan ajudou a desencadear uma onda de fuga de capitais do país, embora posteriormente tenha reforçado os controles de capital.
O Ministério do Comércio da China afirmou nesta quinta-feira (10/04) que o país auxiliará empresas de comércio exterior que enfrentam obstáculos à exportação na exploração do mercado interno, em meio à escalada das tensões comerciais com os Estados Unidos. O governo também utilizará integralmente seu programa de troca para produtos de consumo, como carros e eletrodomésticos, em uma tentativa de impulsionar a demanda doméstica.
A China não recuará diante da intimidação dos Estados Unidos e jamais aceitará a pressão extrema e o comportamento intimidador ao defender os direitos e interesses legítimos do país. O comércio exterior chinês tem a confiança e a capacidade de lidar com vários riscos e desafios, dado o potencial do enorme mercado que possui, além das políticas para estabilizar a economia. A China permanece aberta para negociações com os Estados Unidos com base no respeito mútuo, mas acrescentou que ameaças e chantagem não são a maneira correta de lidar com a o país. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.