14/Apr/2025
Na quarta-feira (09/04), dia marcado por forte venda nos mercados de títulos do governo dos Estados Unidos, geralmente vistos como um porto seguro para os investidores em momentos de tensão, o presidente Donald Trump anunciou que vai adiar por 90 dias a imposição de “tarifas recíprocas” para a maioria dos parceiros comerciais do país, recuando de política que havia lançado os mercados em uma espiral descendente e ameaçado desestabilizar o comércio global. Ao mesmo tempo, Trump decidiu aumentar o imposto sobre as importações chinesas de 104% para 125%, depois de o país asiático retaliar os produtos norte-americanos em 84%.
O anúncio de trégua nas tarifas, no início da tarde de quarta-feira (09/04), provocou uma reviravolta nas Bolsas nos Estados Unidos e no Brasil, que passaram a subir com força. O governo norte-americano esclareceu que a medida não mudaria a imposição de uma tarifa linear de 10%, que está valendo desde o dia 5 de abril. Para o Brasil, que estava no piso tarifário, nada muda, ou seja, as tarifas de 10% seguem em vigor. Ao anunciar a pausa, o governo norte-americano tentou repetidamente sugerir que era parte de uma estratégia premeditada. Scott Bessent, secretário do Tesouro, disse que essa foi a “estratégia de Trump desde o começo”.
Mas, a mudança abrupta de curso ocorreu em meio a uma venda massiva de títulos dos Estados Unidos e após dias de grandes perdas nos mercados financeiros ao redor do globo. Economistas expressaram preocupações de que os Estados Unidos poderiam estar caminhando para uma recessão, com impactos no resto do mundo. Depois, o próprio Donald Trump reconheceu que sua decisão foi feita em resposta à turbulência do mercado, dizendo que “você tem de ser flexível” e que “nos últimos dias a situação parecia bastante sombria”. Para a Nova Futura Investimentos, Trump parece ter percebido que “passou do ponto” com o tarifaço, cujo resultado poderia ser o mergulho da economia norte-americana na recessão.
Em um primeiro momento, a sensação é de alívio nos mercados. Mas ainda é preciso ver se a China está disposta se sentar à mesa e negociar, cedendo em alguns pontos. Ainda falando sobre as tarifas, Trump disse que “nada está terminado ainda” e que “as pessoas estavam saindo da linha, por isso pausei as tarifas”, mas destacou que a suspensão da medida será temporária. Donald Trump afirmou que não espera um novo aumento de tarifas sobre a China, sinalizando uma possível trégua na escalada da guerra comercial, após impor novas tarifas sobre o país asiático. Segundo ele, "vamos fazer um bom acordo com a China, tenho certeza".
Donald Trump também afirmou que "não imaginava que a suspensão das tarifas teria todo esse impacto". Ele também afastou a possibilidade de uma escalada para além do campo comercial com a China, elogiando o presidente chinês: "Xi Jinping é uma das pessoas mais inteligentes do mundo" e "não deixaria conflito com Estados Unidos escalar além do lado comercial". Sobre o aplicativo TikTok, afirmou que "o acordo ainda está na mesa" e que a China não está muito feliz em assiná-lo agora, mas que acredita que a China quer assiná-lo". Quando perguntado se se encontraria com o presidente chinês Xi Jinping, respondeu: "Sim, me encontraria normalmente com Xi Jinping. Gosto muito dele, o respeito muito".
O conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou que os Estados Unidos precisam criar pressão sobre seus parceiros comerciais para assim ter opções na mesa de negociações. No entanto, é preciso "um acordo extraordinário" para evitar a tarifa básica de 10%. Conversas entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, ainda não foram iniciadas, mas ressaltou que, anteriormente, os dois já tiveram "bons diálogos". Sem mencionar países, o representante dos Estados Unidos afirmou que dois acordos sobre as tarifas "foram quase fechados" na semana passada e que há "um estoque" de negócios que estão "perto da linha de chegada".
O crescente alarme dentro do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos sobre o desempenho do mercado de títulos norte-americano foi um fator central na decisão do presidente Donald Trump de suspender seu regime tarifário recíproco. A disparada na venda de Treasuries e alta dos rendimentos, o contrário do esperado em épocas de fuga do risco nos mercados acionários globais, mostrou que as ramificações econômicas da estratégia de Trump eram potencialmente catastróficas e piores do que seus assessores haviam previsto anteriormente.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, levantou essas preocupações diretamente a Trump na quarta-feira (09/04), mas o presidente tomou a decisão somente pouco antes do anúncio, o que surpreendeu diversas autoridades de alto escalão do governo, incluindo o representante do comércio (USTR), Jamieson Greer. Além da liquidação acelerada, também preocupou o governo a baixa demanda nos leilões de novas dívidas do Tesouro, ao gerar temores de que outros países estariam se abstendo de comprar os títulos norte-americanos. Fontes: Broadcast Agro e CNN. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.