14/Apr/2025
Segundo a Capital Economics, os consumidores norte-americanos parecem ter chegado a mesma conclusão dos mercados: os temores sobre as tarifas vieram para ficar e vão provocar danos duradouros na economia dos Estados Unidos. Isso é o que demonstra a pesquisa preliminar da Universidade de Michigan divulgada na sexta-feira (11/04). O sentimento do consumidor está no seu menor nível desde junho de 2022, demonstrando uma fraqueza ampla, com grandes declínios nas condições atuais, nos índices de expectativas e na confiança sobre o mercado de trabalho. Outro detalhe que vale destacar é ampla queda na confiança entre republicanos. Além disso, o relatório trouxe um salto nas expectativas de inflação, apesar do tombo nos preços de energia, que provavelmente reflete a imposição de tarifas recíprocas.
O mais preocupante é que as expectativas de inflação de 5 anos saltaram de novo, para 4,4%, e estão no seu maior nível desde 1991. Segundo o ING, a queda acentuada no índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan reflete um cenário de estagflação nos Estados Unidos, com famílias preocupadas com inflação, emprego e políticas governamentais. Os consumidores estão enfrentando pressões em três frentes: tarifas comerciais, cortes de gastos públicos e queda nos mercados financeiros. Preços, renda e riqueza estão se movendo na direção errada. A expectativa de inflação para o próximo ano saltou para 6,7%, enquanto o desemprego preocupa: 67% dos entrevistados esperam que ele aumente nos próximos 12 meses. Estes níveis só foram vistos em quatro ocasiões nos últimos 50 anos.
O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode ter menos espaço para cortar juros, já que o mercado de títulos reage mal ao cenário inflacionário. Além disso, o risco de recessão é real. As vendas no varejo podem despencar nos próximos meses, após uma possível puxada antecipada em março devido a temores sobre tarifas. O governo de Donald Trump é alvo de descontentamento: 67% dos consumidores avaliam que o republicano está fazendo um "péssimo trabalho" no combate à inflação e ao desemprego, contra apenas 18% que aprovam a gestão. São níveis de insatisfação comparáveis aos da crise financeira de 2008. O cenário é "terrivelmente sombrio" para o consumo, que representa 70% dos gastos na economia norte-americana. Com pressões persistentes, a confiança das famílias deve continuar sob tensão. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.