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17/Apr/2025

Disputa EUA-China pode beneficiar Agro do Brasil

Segundo o BTG Pactual, a escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China pode remodelar significativamente os fluxos de comércio de commodities agrícolas e proteína animal no mercado global, o que abre uma oportunidade para o Brasil. Com a China precisando garantir fornecedores alternativos, o Brasil se destaca como o substituto mais natural e capacitado. Entre os produtos agropecuários, a soja é possivelmente o mais afetado, com o fluxo entre Estados Unidos e China representando 15% do comércio global. O comércio de milho entre os dois países já foi mais relevante, mas caiu consideravelmente nos últimos dois anos, representando agora apenas 1,8% do comércio global. No caso do algodão, a participação foi de 1,5% do total global nos últimos dois anos. Quanto às proteínas, o comércio de frango entre Estados Unidos e China representou 2,2% do total global, seguido por 1,5% para carne suína e 1,3% para carne bovina. É difícil prever o que virá pela frente, com tarifas sendo aplicadas e retiradas rapidamente.

Em 2018, as tarifas sobre a soja, por exemplo, foram em grande parte absorvidas pelos produtores dos Estados Unidos, enquanto os brasileiros provavelmente receberam um pequeno prêmio. O fato de o comércio entre Estados Unidos e China já vir se desacelerando desde 2018 indica que o impacto atual será perceptível, mas está longe de representar uma panaceia para os produtores brasileiros de grãos e proteínas animais. Os produtores de proteína podem ter "ventos favoráveis" moderados no curto prazo. No entanto, se a guerra comercial se prolongar, os maiores vencedores deverão ser os produtores de grãos brasileiros. A intensidade e o timing dos ganhos variam entre os segmentos. No curto prazo, as empresas de proteína devem ser as principais vencedoras. O redirecionamento de volumes para a China pode elevar os preços médios, especialmente considerando que o país costuma pagar um prêmio por cortes menos nobres, como pés e coxas de frango, dianteiro bovino, além de soja e milho. As margens dos produtores de grãos tenderiam a ter um leve benefício.

As margens de proteínas também poderiam melhorar, mas isso deve ser pelo menos em parte compensado pelo aumento no custo dos grãos. Para a soja, o impacto positivo no curto prazo pode ser mais relevante, tendo em vista a participação do comércio entre Estados Unidos e China no total global. SLC, Minerva e BRF estão entre os nomes mais bem posicionados para capturar esses aumentos de receita no curto prazo. Ainda assim, vale destacar que o fluxo comercial de proteínas entre Estados Unidos e China representa uma fração pequena do mercado global, o que limita a expectativa de alta relevante nos preços médios. Para a JBS, o cenário é mais complexo e o impacto de curto prazo deve ser neutro. No médio prazo, com a queda na rentabilidade dos produtores norte-americanos, os incentivos ao plantio podem se enfraquecer, levando à redução da oferta global e preços mais elevados. Isso seria positivo para produtores agrícolas brasileiros. No longo prazo, se o Brasil assumir o espaço deixado pelos Estados Unidos como fornecedor estrutural, empresas como a SLC ainda se beneficiariam de maior escala e relevância global.

Para o BNP Paribas, as tarifas dos Estados Unidos podem gerar oportunidades para o Brasil e alguns países da América Latina, mas ainda há muitas incertezas no cenário atual. O mundo caminha para um "equilíbrio pior". Apesar disso, antes das eleições presidenciais no País, em 2026, há razões de otimismo com o desempenho econômico do Brasil. Os juros no Brasil devem chegar a 15,25% em junho e permanecerem em níveis elevados pelo menos durante este ano. Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano. Recentemente o BNP Paribas elevou a sua expectativa de alta dos juros no Brasil, de 15% para 15,25%. Cortes nas taxas somente no próximo ano. A trajetória de desinflação no Brasil até 2027 dependerá da trajetória da própria moeda e da resiliência da economia diante de medidas governamentais para manter a economia funcionando em meio ao esforço do governo para recuperar parte de sua popularidade. Antes das eleições, há alguns motivos para otimismo em relação ao desempenho do Brasil nos próximos trimestres. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.