17/Apr/2025
Altos funcionários do setor agrícola do Brasil e da China se reunirão em Brasília nesta semana para discutir formas de expandir as exportações brasileiras para a maior economia da Ásia, onde a demanda por produtos agrícolas está crescendo. Autoridades do governo brasileiro afirmaram que as reuniões se concentrariam nas exportações de produtos como soja e carne bovina e em como lidar com a lacuna deixada pelas tarifas dos Estados Unidos. O ministro da Agricultura brasileiro, Carlos Fávaro, e uma delegação chinesa liderada por Zhang Zhili, vice-ministro da Agricultura e Assuntos Rurais, participarão das reuniões, marcadas para esta quinta-feira (18/04) e sexta-feira (19/04). A visita de autoridades chinesas ao Brasil em decorrência da etapa ministerial do Grupo de Trabalho de Agricultura do Brics Brasil 2025, que é realizada nesta semana em Brasília, prevê um encontro bilateral com a área técnica do Ministério da Agricultura.
Uma reunião com a vice-ministra da Administração Geral das Alfândegas da China (GACC), Lyu Weihong, está agendada para a próxima terça-feira (22/04) com as Secretarias de Comércio e Relações Internacionais e de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura. No encontro, técnicos devem discutir temas sanitários e fitossanitários em andamento entre os países. A expectativa do governo brasileiro é avançar, a partir do encontro bilateral com a GACC, na discussão técnica de protocolos com as autoridades chinesas como uma prévia à visita da delegação brasileira à China em maio com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A GACC é a autoridade sanitária chinesa responsável pela habilitação de estabelecimentos exportadores e pelo estabelecimento de protocolos e acordos de certificados sanitários para exportação. Até o momento não estão programadas reuniões bilaterais entre autoridades chinesas e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Tanto Fávaro quanto o vice-ministro do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, Zhang Zhili, participam de reunião em comum ministerial do grupo de trabalho de agricultura do Brics nesta quinta-feira (17/04) com 11 países do bloco, mas sem encontros reservados previstos. Autoridades do governo brasileiro consideram que no momento não há "temas terminativos" entre os países, ou seja, não há assuntos com as discussões técnicas concluídas. Não há expectativa de anúncios de aberturas de mercado neste momento, mas técnicos veem o encontro bilateral como preparação a eventuais acordos que possam ser anunciados na visita do presidente brasileiro à China. A ampliação da pauta exportadora do Brasil à China é tema constante do relacionamento bilateral e será alvo das novas conversas. É uma discussão rotineira de devolução de temas e rodada de diagnóstico de avanços nas questões. Há expectativa, pelo governo brasileiro, de avanço na revisão do protocolo de exportação de pescado extrativo do Brasil para a China.
O assunto foi tratado também durante a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil em novembro/2024. Se houver acordo quanto ao certificado sanitário, o País poderá exportar pescado ao mercado chinês, mas ainda não há indicativo de abertura imediata. É um dos pontos mais avançados na discussão técnica. A pauta bilateral entre Brasil e China inclui mais de 50 itens em negociação. A lista de pedidos brasileiros aos chineses inclui a abertura de mercado para carne bovina com osso, miúdos de aves e bovinos, farelo de amendoim, lima ácida, arroz e grãos secos de destilaria (DDGs, subproduto do etanol de milho). A sincronia na aprovação de transgênicos (biotecnologia) também integra a agenda. A revisão do protocolo de encefalopatia espongiforme bovina (EEB, doença popularmente conhecida como "mal da vaca louca") e da regionalização da Influenza Aviária também estão em fase de discussão técnica. Fontes do governo refutam qualquer ligação do encontro bilateral com as autoridades chinesas com a escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
O encontro já estava agendado previamente ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e ao recrudescimento no embate comercial sino-americano. O tema dos Estados Unidos não tem sido assunto nos corredores do Brics. O Brasil sempre quer ampliar exportações à China. Naturalmente, se discutem nestes fóruns oportunidades de melhorias de comércio. O Brasil não vai comemorar guerra comercial, mas está pronto para atender à demanda adicional de qualquer país. A China é hoje o principal destino das exportações de produtos agropecuários do Brasil, perfazendo cerca de um terço dos embarques anuais do agronegócio brasileiro. As vendas de produtos agropecuários ao mercado chinês somaram US$ 49,7 bilhões em 2024. Em novembro do ano passado, a China abriu seu mercado para quatro mercados para produtos da agropecuária brasileira: sorgo, gergelim, uva fresca e farinha de peixe, utilizada para ração. Fontes: South China Morning Post e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.