24/Apr/2025

Em um momento considerado crítico para o multilateralismo e o avanço consistente da pauta ambiental, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promoveu nesta quarta-feira (23/04), junto da Organização das Nações Unidas (ONU) uma cúpula virtual com chefes de Estado e governo de grandes economias globais como parte da preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontece em novembro em Belém (PA) e será presidida pelo Brasil. Na lista de participantes previstos estavam autoridades como o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A expectativa de altas fontes do governo brasileiro e da ONU era que, no encontro, lideranças pudessem reafirmar que estão trabalhando e continuarão focadas neste ano em seus planos climáticos, comprometidos com o Acordo de Paris e o multilateralismo.

Esses dois pilares das relações globais enfrentam um contexto difícil imposto pela presidência de Donald Trump nos Estados Unidos, que, entre outras ações, já anunciou que vai retirar o país do Acordo de Paris, deixando dúvidas sobre os impactos da ausência norte-americana nos compromissos ambientais. O encontro seria a primeira ocasião no ano em que um grupo diverso de líderes se reuniria, fora de fóruns segregados, como é o caso do G20, por exemplo. O objetivo da reunião era que os líderes ouvissem uns dos outros que o clima ainda é uma prioridade fundamental, e que agir no tema é uma pauta de interesse nacional. Num momento de divisões e incertezas no mundo, os chefes de Estado precisam da reafirmação de seus pares de que não estão sozinhos em seus objetivos climáticos. A agenda, chamada de Reunião de Líderes pelo Clima e Transição Justa, foi pedida pelo presidente Lula e endossada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. É preciso que haja engajamento de líderes neste momento. Enquanto Trump se retira da cena ambiental, vários países estão se preparando para apresentar a nova rodada das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), que estabelecem os objetivos dos países para cumprir o Acordo de Paris.

A expectativa de organizadores da COP30 é de que as nações submetam essas atualizações até setembro. Havia uma expectativa de que, na reunião de hoje, chefes de Estado pudessem compartilhar mais informações sobre como anda esse processo em cada país. As NCDs são um dos grandes focos da COP30 neste ano. A diplomacia brasileira espera que países como a China e nações do Oriente Médio apresentem metas ainda mais robustas, tendo em vista o surgimento de novos números sobre o avanço da transição energética nessas economias. Embora a ausência dos Estados Unidos nas discussões climáticas seja uma preocupação, fontes do governo brasileiro e da ONU defendem que a economia norte-americana está se descarbonizando mesmo assim. A COP30 será uma oportunidade fundamental para demonstrar que o multilateralismo e a cooperação internacional funcionam. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.