24/Apr/2025
Em meio às crescentes tensões entre Estados Unidos e China, o ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) Roberto Azêvedo avalia que o Brasil pode se beneficiar no mercado global de commodities e alimentos, mas adverte que o cenário ainda é instável e imprevisível. São cenários diferentes, mas há similaridades com o contexto de 2018, quando a guerra comercial entre Estados Unidos e China impulsionou as exportações brasileiras, sobretudo de commodities agrícolas. A tensão atual pode levar a um afastamento das duas economias; fala-se até em desacoplamento.
Nesse possível distanciamento, os Estados Unidos tendem a perder parte do mercado chinês de commodities, abrindo espaço para outros fornecedores. A China vai buscar alternativas, e uma dessas alternativas importantes é o Brasil. Apesar da oportunidade, o cenário pode mudar rapidamente, com Estados Unidos e China decidindo fechar um acordo comercial em que a China se comprometa a comprar mais dos norte-americanos. Isso pode afetar negativamente o Brasil. O mais importante é manter a capacidade de adaptação.
Não se trata de dizer que esse é o cenário mais provável ou menos provável. Trata-se de estar preparado para todos os cenários, porque todos são possíveis. Questionado se o Brasil pode se tornar o fiel da balança nas relações comerciais globais, ele relativizou. O Brasil não tem uma participação tão expressiva no comércio global a ponto de ser o fiel da balança de maneira geral. Mas reconheceu que, no segmento de alimentos, o País tem um papel estratégico. Na área de commodities alimentares, o Brasil é um ator muito importante e pode ajudar a moldar uma nova configuração dos fluxos de comércio de alimentos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.