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29/Apr/2025

Brics: defesa da diplomacia e do multilateralismo

Segundo avaliação do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, feita em discurso na reunião de chanceleres dos países do Brics, nesta segunda-feira (28/04), no Palácio do Itamaraty (RJ), o mundo vive um momento de crises que desafiam os fundamentos da paz e da segurança internacionais, exigindo um compromisso renovado com a ação coletiva. Nesse contexto, o papel do Brics como grupo "é mais vital do que nunca". A recente expansão do grupo, que recebeu a entrada de mais países em 2023, representou um fortalecimento do bloco para fazer frente a tais desafios. Atualmente, são 11 Estados-membros, que respondem por quase metade da população mundial. O Brics está em uma posição única para promover a paz e a estabilidade baseadas no diálogo, no desenvolvimento e na cooperação multilateral. O grupo está unido por uma crença comum: a paz não pode ser imposta, deve ser construída. Ela deve se basear na inclusão, no respeito ao direito internacional e na igualdade soberana dos Estados.

O Brics, como grupo, reconhece os interesses estratégicos e os legítimos interesses econômicos e de segurança de cada membro, tanto em suas respectivas regiões quanto em todo o mundo. Isso faz parte da contribuição para uma distribuição justa de poder nos assuntos globais, condição para que a paz, o desenvolvimento e a sustentabilidade sejam alcançados. O grupo defende a diplomacia em vez do confronto e a cooperação em vez do unilateralismo. Mencionando desafios como conflitos armados, migração, fome e degradação ambiental, o ministro defendeu ainda a necessidade de reforma da governança global. Segundo ele, os mecanismos internacionais permanecem lentos, politizados e, às vezes, paralisados diante de necessidades urgentes a serem solucionadas. Nesse contexto, o Brics tem um papel vital a desempenhar no reforço dos princípios do direito internacional, no apoio à solução pacífica de controvérsias e na promoção da reforma das instituições multilaterais, em particular das Nações Unidas e de seu Conselho de Segurança, para melhor refletir as realidades geopolíticas contemporâneas.

O Brics deve fortalecer uma diplomacia preventiva, uma força para o bem, atuando não como um bloco de confronto, mas sim como uma coalizão de cooperação. Investir na paz significa abordar as causas profundas da instabilidade, entre elas a pobreza, desigualdade e instituições frágeis. O sofrimento humano jamais deve ser instrumentalizado. O Brics deve continuar a defender um sistema humanitário global neutro, justo, unificado e genuinamente universal. O caminho para a paz não é fácil nem linear, mas o Brics pode e deve ser uma força para o bem. Não como um bloco de confronto, mas como uma coalizão de cooperação. Deve liderar como exemplo reafirmando a crença em um mundo multipolar onde a segurança não é privilégio de poucos, mas direito de todos. Vieira citou conflitos em curso no mundo, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e a contraofensiva de Israel em Gaza.

A ministra de Estado para Cooperação Internacional dos Emirados Árabes, Reem Al-Hashimy, defendeu que, em um momento de incertezas, o grupo do Brics representa uma plataforma para colaboração, que permite a construção de parcerias e diálogo para a formação de consensos, e não confronto. O Brics oferece uma plataforma vital para a colaboração em questões econômicas, geopolíticas e culturais, reunindo países de diversas origens políticas e econômicas e criando caminhos para um diálogo aberto e construtivo para enfrentar os desafios globais e promover a paz e a estabilidade. Também permite manter uma política de portas abertas, fomentando conexões abertas e dinâmicas globalmente e proporcionando um ambiente estável onde empresas e nações podem colaborar, acessar novos mercados e prosperar. "Como construtores de pontes em um mundo multipolar, vemos o BRICS como uma plataforma para colaboração, não para confronto."

A chanceler defendeu que, em um momento de incerteza, a cooperação internacional se mantém como a melhor ferramenta para construir consensos e alcançar resultados. Segundo ela, há um imenso potencial nos laços entre Emirados Árabes e o Brasil. Os Emirados estão comprometidos em promover a parceria em todos os setores e em trabalhar juntos por meio do Brics para promover estabilidade, prosperidade e oportunidades para todos. O relacionamento dos Emirados Árabes Unidos com o Brasil continua a se aprofundar por meio de uma cooperação crescente e prioridades compartilhadas. O engajamento reflete uma visão compartilhada de parceria, tanto bilateralmente quanto dentro do Brics, bem como com o G20 e outros fóruns internacionais importantes.

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o ministro da Pasta na Rússia, Sergey Lavrov, afirmaram que, como integrantes do Brics, os dois países devem fortalecer a coordenação e a cooperação dentro da estrutura do grupo. Wang ressaltou que ambos os lados também precisam aprofundar a unidade e a cooperação dos países em desenvolvimento e economias emergentes, além de expandir continuamente a influência e o apelo do "Grande Brics". Foi destacada a confiança mútua e o apoio mútuo entre a China e a Rússia. As duas partes devem trabalhar juntas para transformar continuamente o importante consenso alcançado pelos dois chefes de Estado em resultados de cooperação em diversas áreas. A China e a Rússia discutiram ainda a cooperação em estruturas multilaterais, como as Nações Unidas, a Organização de Cooperação de Xangai e o G20.Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.