29/Apr/2025

A secretária de Agricultura dos Estados Unidos, Brooke Rollins, afirmou no domingo (27/04) que o governo norte-americano trabalha para ampliar a presença dos produtos agrícolas do país em novos mercados, enquanto enfrenta dificuldades no comércio com a China. Ela citou diretamente o Brasil e a Argentina como países que avançaram no fornecimento de grãos e carnes para o mercado chinês, diante da redução das compras de produtos norte-americanos. Segundo Rollins, as negociações comerciais entre Estados Unidos e China continuam ocorrendo "diariamente", mas a secretária reconheceu que, no curto prazo, houve uma retração expressiva das exportações norte-americanas, sobretudo de carne suína e soja.

A demanda chinesa por carne suína dos Estados Unidos caiu 72% em apenas uma semana. A secretária acusou Brasil, Argentina e Reino Unido de adotar práticas comerciais "desleais" contra produtos agrícolas dos Estados Unidos, citando barreiras sanitárias e exigências não tarifárias, além dos próprios impostos de importação. "Seja Argentina, China, Brasil ou Reino Unido, eu poderia listar país por país como eles tratam nossa carne, nossos produtos", afirmou. Ela também destacou que a expansão de mercados é prioridade para compensar as perdas observadas na Ásia. Viagens oficiais estão programadas para o Reino Unido, Vietnã, Japão, Peru e Brasil, com o objetivo de abrir novas oportunidades para os produtos agrícolas norte-americanos.

No plano interno, ela defendeu as políticas econômicas adotadas pelo presidente Donald Trump. Embora as pesquisas mostrem queda na aprovação popular da política tarifária, indicadores como inflação e custo médio de produtos para o consumidor estão "em trajetória de baixa", o que, segundo ela, reflete a efetividade das medidas. A secretária também abordou o impacto da gripe aviária no mercado de ovos, tema que recebeu atenção especial do governo neste início de mandato. Ela afirmou que preço atacadista dos ovos nos Estados Unidos caiu 58% nas últimas seis semanas, após a implementação de um plano de cinco frentes para controlar a inflação no setor e a importação emergencial de ovos de países como Turquia e Coreia do Sul.

No entanto, reconheceu que a redução de preços no varejo ainda não é sentida em todas as regiões. Questionada sobre os riscos de novos prejuízos aos produtores norte-americanos em função da disputa comercial com a China, Rollins afirmou que o governo está preparado para adotar medidas emergenciais de apoio, semelhantes às implementadas durante o primeiro mandato de Donald Trump, como parte do acordo de Fase 1 com a China. Rollins reforçou que a segurança alimentar é uma questão de segurança nacional e que proteger os produtores rurais norte-americanos é parte do compromisso do governo para manter a estabilidade econômica do país.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira (28/04) que desconhece os planos da secretária de Agricultura dos Estados Unidos, Brooke Rollins, de visitar o Brasil em maio, mas destacou que o governo brasileiro está preparado para recebê-la. Questionado sobre a declaração de Rollins, que incluiu o Brasil entre os países que pretende visitar nos próximos meses, Fávaro ressaltou o novo posicionamento diplomático do governo Lula. O presidente Lula já deixa um legado neste seu terceiro mandato, restabelecendo as boas relações diplomáticas, as boas relações de amizade. O Brasil volta para a sua diplomacia exemplar.

O ministro garantiu que, caso a visita se confirme, a secretária norte-americana será bem recebida para discutir temas de interesse bilateral. A possível visita de Rollins ocorre em um momento de tensão nas relações comerciais entre Estados Unidos e China, com impactos diretos no setor agrícola global. Fávaro não comentou sobre as críticas feitas pela secretária norte-americana aos obstáculos enfrentados pelos produtos agrícolas dos Estados Unidos em mercados internacionais, incluindo o Brasil, nem sobre as possíveis pautas que seriam tratadas em um eventual encontro com Rollins. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.