30/Apr/2025
O Bradesco aponta que as reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) reforçam o tom pessimista generalizado em relação à economia dos Estados Unidos e as incertezas e riscos para o cenário global. O destaque das conversas foi o impacto da política tarifária anunciada recentemente pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Uma desaceleração relevante ao longo dos próximos trimestres parece ser o cenário positivo neste momento, já considerando que haverá alguma redução dos níveis atuais de tarifas.
Outro foco de incerteza é o comportamento dos mercados financeiros, uma vez que as dúvidas quanto à intensidade da desaceleração econômica gerada pela política comercial americana contribuíram para a perda de força do dólar. Nesse contexto, surgem questionamentos quanto à prevalência do dólar como moeda de reserva e aos títulos de dívida norte-americanos como ativos livres de risco. Devido à expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mantenha as taxas de juros estáveis por mais tempo, o interesse em outros mercados, principalmente os emergentes, aumentou. Se, em outubro, havia um interesse bastante modesto com China e México, dessa vez todos os painéis sobre emergentes estavam cheios.
A mudança de postura da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), de forma a aumentar a oferta de petróleo e recuperar parte da participação da produção global, contribui com viés de baixa para os preços da commodity. Paralelamente, a demanda mundial deve cair como reflexo da política tarifária dos Estados Unidos, contribuindo também para a convergência de preços mais baixos. Em relação a outras commodities, o cenário não é tão favorável, com exceção do ouro. Ainda, segundo a Fitch Ratings, as deportações em massa podem ter um impacto negativo na oferta de mão de obra doméstica dos Estados Unidos, com aumento do custo trabalhista em diversos setores. A remoção de trabalhadores sem documentação afeta o desempenho operacional e financeiro de algumas empresas.
Caso 1,3 milhão de trabalhadores sejam removidos ao longo de dois anos, o crescimento da força de trabalho pode ser reduzido para uma taxa de crescimento abaixo da pré-pandemia de 0,3% ao ano, em comparação com a projeção atual de 0,7% ao ano. Os riscos associados às deportações em massa podem incluir potencial escassez de mão de obra, atrasos na produção e aumento da inflação salarial, o que prejudica o crescimento da receita, enfraquece a lucratividade e reduz o retorno sobre o investimento. Os setores relacionados à construção civil, como construtoras residenciais e de produtos de construção, e processadores de carne, são vistos como mais expostos.
O ex-Representante de Comércio dos Estados Unidos durante o primeiro governo de Donald Trump, Robert Lighthizer, afirmou que tarifas são necessárias para rebalancear o comércio global e que elas são o melhor jeito de identificar países com "práticas predatórias". Ele também afirmou que os norte-americanos foram prejudicados pelas políticas comerciais de outras nações, especialmente as da China. "Objetivo da China é dominação", alegou ele. O governo atual de Trump deverá impor uma tarifa universal de 10% e algumas tarifas específicas para certos países. Lighthizer alertou para o crescimento do déficit comercial americano e que ele pode empobrecer o país. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.