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30/Apr/2025

Brasil concentra sua pauta de importação nos EUA

De acordo com dados de estudo feito pela Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados, sete dos dez produtos mais importados pelo Brasil, em valores, são comprados de um ou dois países, concentração liderada pelos Estados Unidos. O parceiro comercial norte-americano exporta aos brasileiros cinco desses dez itens, com destaque para turborreatores usados em aeronaves. Em 2024, os dez produtos mais importados representaram 16,6% do que o Brasil comprou de outros países. Todos os itens com mais de 60% vindos de apenas um ou dois países foram considerados com alta concentração de origem. A dependência de poucos fornecedores, localizados especialmente nos Estados Unidos, sugere um cenário em que mudanças nas tarifas de importação teriam um impacto significativo na balança comercial.

Por exemplo, no caso de o Brasil impor taxas maiores aos produtos norte-americanos como possível medida de retaliação ao tarifaço de Donald Trump. Por ora, o governo brasileiro coloca eventuais retaliações como última alternativa na relação com os Estados Unidos. Nos dados gerais da balança, os Estados Unidos são o segundo lugar em origem e destino das importações e exportações brasileiras, respectivamente. A liderança é da China nas duas situações. Foram comprados US$ 63,6 bilhões da China no ano passado, contra US$ 40,7 bilhões dos Estados Unidos, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Chama a atenção que o produto em que essa situação de alta concentração na origem é mais grave é o óleo diesel, com amplo uso nas atividades produtivas e, portanto, alto impacto na economia brasileira e seus indicadores.

No caso do óleo diesel, foram importados US$ 8,4 bilhões no ano passado, segundo o segundo item mais comprado pelo País. Do valor total, 82% vieram de dois países: 65% da Rússia e 17% dos Estados Unidos. Os turborreatores de empuxo superior a 25 Kn, usados em aeronaves, são o produto cuja origem é mais concentrada nos Estados Unidos. De lá vieram 85% do que foi importado no ano passado, um total de US$ 3,418 bilhões, sendo o quinto item mais comprado pelos brasileiros nas trocas comerciais. Dos Estados Unidos também se originaram 66% de partes de turborreatores ou de turbopropulsores usados na construção de aeronaves. O país ainda exportou 54,5% das naftas para petroquímica, líquido derivado do petróleo usado nessa indústria, compradas pelo Brasil. Além disso, 49% da hulha betuminosa desembarcada no País, tipo de carvão que pode ser usado na indústria siderúrgica, química e na geração de energia, são norte-americanos.

Outros parceiros que aparecem entre exportadores de peso dos principais produtos que entram aqui são a Rússia, a França, o Canadá, a Argentina, a Austrália e a Espanha. Já os sete produtos em que ao menos 60% das compras se originam de um ou dois países são: óleo diesel, equipamentos usados para construção de aeronaves, substâncias de uso industrial e fertilizantes, insumos da indústria petroquímica e automóveis para carga. A concentração em poucos compradores não é uma situação exclusiva de 2024. O levantamento da Nexus mostra que em todos os anos desde 2015 ao menos seis itens dos dez mais importados estavam nessa situação. O indicador chegou a nove nos anos de 2021 e 2022. Pelo mapeamento nos últimos dez anos, os Estados Unidos também se revelaram o país do qual o Brasil é mais dependente entre os itens mais importados.

Os Estados Unidos foram uma das principais fontes de seis dos dez itens mais comprados tanto em 2021 quanto em 2022. Em todos os outros anos, os Estados Unidos também lideram como maior fornecedor dos produtos analisados, com exceção de 2018 e 2015, quanto empata com a China. A China ficava em segundo lugar e foi fonte dos três dos principais produtos em 2018: plataformas de perfuração ou de exploração, flutuantes ou submersíveis para indústria petroleira; partes para aparelhos receptores de radiodifusão e televisão e partes para aparelhos de telefonia/telegrafia. Porém, desde 2021 esses itens saíram da lista dos 10 mais importados. Com isso, a partir de 2021, a Rússia assumiu a vice-liderança, atrás dos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.