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01/May/2025

EUA: economia encolhe pela 1ª vez em três anos

Os efeitos econômicos dos 100 primeiros dias do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começam a aparecer e devem ficar mais fortes à frente. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos encolheu no primeiro trimestre, enquanto os preços seguiram elevados e as importações dispararam sob o temor do aumento das tarifas recíprocas, reforçando sinais de estagflação na maior economia do mundo, ou seja, baixo crescimento e inflação em alta. A economia norte-americana encolheu ao ritmo anualizado 0,3% de janeiro a março na primeira leitura do indicador, divulgado na quarta-feira (30/04), ficando aquém das expectativas. Trata-se da primeira queda trimestral em três anos. No quarto trimestre de 2024, o PIB dos Estados Unidos cresceu 2,4%. Os dados trimestrais vieram cheio de ruídos, mas contribuíram para reforçar os sinais de estagflação na maior economia do mundo após os fortes gastos dos consumidores no fim do ano passado.

Para o ING, a narrativa de estagflação provavelmente continuará a dominar o debate econômico nos Estados Unidos. Embarques estão sendo paralisados enquanto gastos são cortados e investimentos adiados diante das incertezas que rondam o comércio global por conta das tarifas recíprocas de Trump. Além disso, empresas e consumidores estão antecipando compras antes de que as novas taxas dos Estados Unidos entrem em vigor terminada a pausa de 90 dias, anunciada no dia 9 de abril. Isso fez disparar as importações nos Estados Unidos, que cresceram mais de 40% ao ritmo anualizado no primeiro trimestre. O movimento antecipatório às tarifas de Trump fez o déficit comercial real aumentar em mais de US$ 300 bilhões no período, acima das projeções de analistas, o que tirou quase 5% do PIB norte-americano. Estoques mais altos no período, porém, compensaram em partes esse efeito.

O Morgan Stanley avalia que a fraqueza do PIB é um tanto exagerada. A demanda continuou forte. Se excluídos os dados das importações e dos estoques, a demanda interna real cresceu ao ritmo anualizado 2,3% de janeiro a março, calcula o Santander. Trata-se de um desempenho "sólido". Os dados do PIB real do primeiro trimestre foram visivelmente mais fortes do que o esperado, com volatilidade incomum nos principais componentes. O conselheiro econômico da Casa Branca, Peter Navarro, disse que o PIB dos Estados Unidos no primeiro trimestre foi o "melhor desempenho negativo" que já se viu, mencionando o efeito extraordinário das importações. Por sua vez, Trump atribuiu os pontos indesejáveis à administração anterior e prometeu um 'boom econômico'. Apesar dos ruídos, o PIB do primeiro trimestre serve de alerta para uma desaceleração no ritmo de crescimento da maior economia do mundo, que ainda enfrenta inflação elevada.

O índice de preços de gastos com consumo (PCE) subiu ao ritmo anualizado 3,6% no primeiro trimestre, bem acima da meta do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), de 2% ao ano. No trimestre anterior, o PCE avançou 2,4%. No entanto, dados mais benignos dos preços nos Estados Unidos no mês de março ajudaram a conter a queda dos principais índices acionários da Bolsa de Nova York no pregão de quarta-feira (20/04), após o PIB aquém do esperado. Dados sobre a renda e o consumo também vieram melhores do que o esperado no período de referência. Isso, no entanto, não traz nenhum conforto ao Fed, pois o núcleo do PCE, a medida de inflação preferida do Fed, ainda está acima da meta, alerta o CIBC Economics. O Morgan Stanley diz que a inflação dos Estados Unidos no primeiro trimestre ainda não foi impactada pelas tarifas de Trump, que tem elevado as expectativas quanto ao comportamento futuro dos preços no país.

Esse cenário deve limitar a atuação do Fed, acrescenta o ING. Apesar disso, o mercado fortaleceu a esperança de que os juros nos Estados Unidos voltem a cair em junho, conforme a plataforma CME Group. Donald Trump voltou a criticar o presidente do Fed, Jerome Powell, em seu discurso dos 100 primeiros dias, na terça-feira (29/04). "A inflação está basicamente baixa, e as taxas de juros caíram, apesar de eu ter uma pessoa no Fed que não está fazendo um bom trabalho", disse Trump, voltando a afirmar que entende "muito mais" sobre juros do que Powell. Para economistas, os efeitos do governo Trump, que se debruçou em políticas comerciais e migratórias mais duras durante os 100 primeiros dias, devem pesar de maneira mais forte na economia norte-americana nos próximos meses. O impacto das tarifas e da incerteza comercial começará a se manifestar de forma mais material no segundo trimestre.

Segundo o Wells Fargo, a economia dos Estados Unidos corre um risco maior de recessão agora do que há um mês, após a leitura de contração do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No entanto, o recuo não é o início de uma recessão e reflete a mudança repentina na política comercial que gerou um maior impacto negativo das exportações. Se o crescimento do primeiro trimestre foi influenciado por uma aceleração da demanda para se antecipar às tarifas, há dúvidas sobre até que ponto é preciso se preparar para um 'efeito ressaca' no segundo trimestre. Por quanto tempo consumidores e empresas conseguirão suportar a incerteza? A interrupção das tarifas introduziu bastante ruído nos principais números de crescimento do primeiro trimestre. O otimismo de consumidores e empresas despencou, à medida que o medo da inflação e da recessão permeia o ambiente econômico. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.