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05/May/2025

Mercado de Carbono: guia voltado ao produtor rural

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) lançou um guia exclusivo sobre o mercado de carbono voltado aos produtores rurais. O conteúdo foi estruturado em duas versões:

- mais direta: ideal para produtores que desejam entender o básico sobre o mercado de carbono sem aprofundamentos técnicos;

- mais completa: voltada tanto para agricultores quanto para estudantes e profissionais interessados em conhecer o funcionamento detalhado do sistema no Brasil.

O guia aborda as principais diferenças entre o mercado regulado e o mercado voluntário de carbono, explica as etapas necessárias para elaborar projetos de geração de créditos, apresenta metodologias usadas por certificadoras e traz uma seção com perguntas frequentes. Entre as dúvidas mais comuns estão questões como: é possível gerar créditos de carbono com áreas de Reserva Legal? Quais práticas do Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) podem ser convertidas em crédito? O objetivo é preparar o produtor rural para aproveitar as oportunidades que estão surgindo. A mensagem é para eles se prepararem e tirarem as dúvidas agora, para um mercado que está vindo aí e está sendo operacionalizado.

A criação, em 2024, da lei que instituiu o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) foi um marco importante para o mercado regulado de crédito de carbono. Apesar disso, a maioria dos projetos da agropecuária ainda está inserida no mercado voluntário, que é mais antigo no Brasil e não é regido por essa nova legislação. Um dos principais desafios, tanto no mercado regulado quanto no voluntário, é a inclusão de pequenos e médios produtores rurais como geradores de crédito de carbono. O alto custo com certificação é uma das principais barreiras. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o governo busca soluções para democratizar esse acesso.

Como é um mercado voluntário, a porta de entrada é a certificação. O governo está pensando em formas de tornar esses mecanismos mais acessíveis, com tecnologias de produção que reduzam custos e permitam que produtores de menor porte participem. Ainda é uma reflexão inicial, mas em breve devemos ter possibilidades. Uma das iniciativas que podem apoiar esse processo é a plataforma Agro Brasil + Sustentável, lançada no final de 2024. A terceira fase da ferramenta deverá incluir funcionalidades voltadas à mensuração e certificação de carbono. Outro obstáculo é a escala dos projetos. A geração de crédito de carbono costuma exigir grandes áreas para alcançar volume suficiente.

Uma solução viável no momento é a formação de associações entre produtores: reunir vários produtores com áreas pequenas ou médias para gerar juntos créditos em quantidade suficiente. A criação do mercado regulado de carbono no Brasil deve aumentar a geração de créditos de carbono no campo. Mas, segundo especialistas, isso só deve acontecer de forma mais ampla entre três e cinco anos, já que ainda faltam definições importantes nas regras do sistema. Mesmo assim, os produtores rurais devem começar a se preparar desde já. Um dos motivos é o valor da tonelada de carbono (medida que corresponde a um crédito). Em 2024, o preço médio de um crédito gerado pela agropecuária era de US$ 6,51, considerado baixo. No entanto, a tendência é de alta, com expectativa de chegar a US$ 60,00 valor indicado como ideal para cumprir as metas do Acordo de Paris.

O produtor que começar agora vai estar pronto quando o mercado aquecer. Esperar demais pode fazer perder o momento certo. Os projetos levam tempo para sair do papel. Entre planejar, apresentar, registrar e certificar, são pelo menos sete etapas, e nenhuma delas é imediata. Sobre o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), o ano que vem será decisivo para o agro. Isso porque o setor poderá participar do sistema, e ainda existe a chance de converter créditos gerados no mercado voluntário para o regulado. A partir do fim de 2026, começa uma etapa importante: o credenciamento das metodologias. Só aí será possível saber quais práticas poderão gerar crédito no mercado regulado. O agro precisa estar atento e participar desse processo. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.