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07/May/2025

Brasil: Agro teme possível acordo entre EUA-China

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alertaram para os riscos de o País perder espaço no comércio internacional diante das incertezas nas relações entre China e Estados Unidos. Embora o momento seja de oportunidades para o Brasil com o aumento das exportações agrícolas para o país asiático, a possibilidade de um acordo entre China e Estados Unidos preocupa. O Brasil pode perder um mercado importante neste caso. Hoje, 52% das commodities agrícolas brasileiras são vendidas para a China, o que gera uma dependência significativa. É uma necessidade manter boas relações com a China para garantir os fornecimentos. A China “está preparada para qualquer situação que se apresentar” e espera do Brasil a manutenção de sua posição como fornecedor confiável.

Os chineses estão atentos a qualquer mudança de cenário. A China voltou a comprar volumes expressivos de carne e soja do Brasil. O país asiático segue uma estratégia clara de proteção. A China tem armazenagem de alimentos para se proteger de eventual cenário. Eles fizeram isso durante a pandemia e estão fazendo de novo. A CNA demonstrou preocupação com o cenário geopolítico, especialmente com a possibilidade de o governo de Donald Trump nos Estados Unidos recuar em suas políticas tarifárias. Se Donald Trump recuar do tarifaço, o Brasil terá problemas. Vai haver uma acomodação, um acordo entre Estados Unidos e China. Nesse caso, o agronegócio brasileiro vai pagar um preço alto. Porque, quando dois grandes países fecham acordo, alguém fica de fora, e geralmente é quem tem menos poder de barganha.

O ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco do Brics, Marcos Troyjo, avaliou que a China não deve utilizar a segurança alimentar, considerada como um dos pilares da sua visão geoestratégica e geopolítica, na mesa de negociação com os Estados Unidos. Nesse contexto, há oportunidades para o Brasil no mercado global. O único país no mundo que tem a agilidade e a capacidade de funcionar quase como um substituto perfeito e automático ao fluxo de alimentos que vem tradicionalmente dos Estados Unidos e da China é o Brasil. Há ainda outros fatores macro envolvidos na equação, sendo um deles a oscilação populacional. O outro é o fato de que as principais forças de expansão globais não serão futuramente Alemanha, França, Itália, Coreia do Sul entre outros, mas sim grandes países emergentes.

Isso vai representar uma maior capacidade de inclusão do mundo. A CNA já considera como improvável o retorno ao cenário comercial global pré-guerra tarifária entre Estados Unidos e China. O cenário mais otimista é uma tarifa-base de 10% para todos os produtos. O presidente dos Estados Unidos afirmou que os aumentos seriam uma forma de compensar a redução de impostos internos. Mesmo neste caso, não se trata de um retorno à normalidade, mas de um alívio parcial. Este é um dos três cenários distintos com o qual a CNA trabalha para os impactos da disputa entre as duas maiores economias do mundo. Outro cenário considerado é o de alíquotas acima de 100% entre os dois países. A partir de certo ponto, mesmo que aumente para 1.000%, não faz mais diferença, porque o comércio fica inviabilizado.

O terceiro cenário, considerado o mais preocupante, envolve um eventual acordo de compras entre China e Estados Unidos, nos moldes do que foi negociado durante o primeiro governo Trump. Esse seria o cenário mais preocupante, porque o Brasil perderia espaço. Da outra vez, o acordo não foi integralmente cumprido, e o Brasil conseguiu ocupar uma parte desse mercado. Apesar dos riscos, o Brasil tem condições de se adaptar aos diferentes desdobramentos do cenário global. O Brasil tem uma capacidade única de atender a demandas específicas, como por exemplo o protagonismo brasileiro nas exportações de proteína animal para o mercado Halal e os avanços recentes em produtos como milho, algodão, sorgo e DDG.

O Brasil exporta volumes recordes de milho e se tornou grande exportador de algodão. Abriu o mercado de sorgo para a China. Então, o Brasil tem essa capacidade de se adaptar e ocupar espaço. Para ampliar essa resiliência e reduzir a dependência de mercados concentrados, há dois caminhos principais: abertura de novos mercados específicos e acordos comerciais estruturantes. Como foi feito com o milho para a China ou com a carne para o México. E os grandes acordos, como com a União Europeia, e a ampliação do acordo com a Índia. Esses acordos estruturam o acesso ao mercado e reduzem barreiras tarifárias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.