ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

13/May/2025

EUA-China: acordo suspende maior parte das tarifas

Os Estados Unidos e a China anunciaram nesta segunda-feira (12/05) que chegaram a um acordo para suspender a maior parte das tarifas sobre produtos um do outro por um período de 90 dias, enquanto outras negociações comerciais continuam. Os Estados Unidos disseram que reduzirão as chamadas tarifas recíprocas sobre produtos chineses de 125% para 10%. A China, por sua vez, disse que diminuirá suas tarifas sobre produtos norte-americanos de 125% para 10%. Tarifas dos Estados Unidos relacionadas à questão do fentanil e outras medidas continuarão em vigor. Os dois países estabelecerão um mecanismo para dar continuidade às discussões sobre as relações econômicas e comerciais. O anúncio conclui dois dias de negociações intensas na Suíça, que tiveram o objetivo de aliviar as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Desde que iniciou seu segundo mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aplicou tarifas de 145% a produtos chineses, enquanto a China retaliou com tarifação de 125% às importações dos Estados Unidos.

A secretária de Comunicação do governo norte-americano afirmou que as negociações entre Estados Unidos e China para alcançar um acordo comercial continuam, após a suspensão da maior parte das tarifas recíprocas por 90 dias. O descongelamento do envio de materiais de terras raras pela China é parte das discussões, mas o objetivo do presidente dos Estados Unidos é estabelecer a produção e uma cadeia de oferta doméstica de minérios críticos. O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que "é implausível" que as tarifas sobre a China caiam abaixo de 10%, após negociações com representantes chineses na Suíça, neste fim de semana. Agora, há um processo em vigor para evitar a escalada da segunda maior potência global. Os Estados Unidos querem que a China impulsione o consumo e abra seu mercado. Se preciso, o governo do Estados Unidos pode voltar para o nível de tarifas de 2 de abril. Para retirar as tarifas de fentanil, será preciso ações pelos chineses.

O secretário, que está envolvido na maioria das negociações com países da Ásia, como Japão, Coreia do Sul e Vietnã, espera que a maior parte das questões comerciais e tarifárias seja resolvida até o fim do ano. O governo da China afirmou nesta segunda-feira (12/05) que as negociações comerciais deste fim de semana com os Estados Unidos geraram consensos importantes e avanços substanciais, o que cria condições para superar divergências e aprofundar a cooperação. A China voltou a criticar as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos chineses. Diante das tarifas generalizadas e elevadas impostas pelos Estados Unidos sem justificativa, a China respondeu com medidas de retaliação com firmeza, o que teria garantido a proteção de seus interesses e da justiça internacional, além de lhe render "respeito global". A Capital Economics avalia que o acordo comercial anunciado por Estados Unidos e China representa uma substancial redução nas tensões comerciais.

Porém, os Estados Unidos ainda têm tarifas bem mais altas sobre a China do que sobre outros países e ainda parecem estar tentando persuadir outros países a introduzir restrições próprias ao comércio com a China. Nessas circunstâncias, não há garantia de que a trégua de 90 dias dará lugar a um cessar-fogo duradouro. A tarifa efetiva dos Estados Unidos sobre produtos da China caiu de cerca de 106% para cerca de 40%, considerando-se produtos excluídos, representando um corte maior do que a própria consultoria previa, para algo em torno de 60%. No entanto, além de os Estados Unidos aplicarem tarifas bem maiores à China do que a outros países, as tensões subjacentes que colocaram Estados Unidos e China em rota de colisão não desapareceram. O ING concorda que, após negociações na Suíça neste fim de semana, houve redução nas tensões e representa uma melhora nas perspectivas. Mas, o processo de negociação entre as duas maiores potências econômicas globais continua desafiador.

O arrefecimento das tensões comerciais entre norte-americanos e chineses é benéfico para as duas economias, mas as conversas podem ser vistas como uma vitória para a China, já que o país já havia exigido uma redução nas tarifas antes das negociações, o que foi alcançado. A resposta da China após as escaladas de abril mostrou que ela estava preparada para um teste de resistência prolongado, se necessário. Muitas exportações chinesas não necessariamente têm um produto substituto "óbvio ou fácil". A redução das tarifas sobre a China para 30% é suficiente para permitir um retorno mais ou menos normal ao comércio. A pausa das tarifas deve fazer com as exportações da China para os Estados Unidos em maio e junho se recuperem acentuadamente, já que importadores com estoques baixos aproveitarão o cessar-fogo para retomar as importações. Dependendo do andamento das negociações, pode haver uma nova antecipação das exportações em julho e agosto, especialmente se não houver muita clareza sobre um acordo mais duradouro a ser fechado nas fases finais do período de 90 dias.

Para o Commerzbank, o acordo entre os Estados Unidos e a China, que suspende a maior parte das tarifas sobre produtos um do outro por um período de 90 dias, reduz os riscos de uma recessão desencadeada pela escalada de conflitos comerciais e deve reduzir os riscos inflacionários para os norte-americanos. No entanto, o sucesso das negociações entre as duas maiores potências não é garantido, já que o governo norte-americano deseja tornar o comércio entre os dois países mais equilibrado, o que não condiz com os interesses chineses. O acordo alcançado é um passo importante para amenizar o conflito comercial entre os Estados Unidos e a China. A questão, no entanto, é se será possível progredir o suficiente nas negociações sobre os detalhes nos próximos 90 dias. Está se tornando cada vez mais claro que os Estados Unidos considerarão uma alíquota tarifária de 10%, como no acordo com o Reino Unido, "como o limite inferior no futuro". Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.