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13/May/2025

Acordo EUA-China tem impactos limitados no Agro

Segundo a L4 Investimentos, o acordo firmado entre China e Estados Unidos, em Genebra, no fim de semana, não deve causar impactos negativos relevantes para o agronegócio brasileiro. O Brasil continuará sendo um ganhador de qualquer maneira, vendendo tanto para os Estados Unidos quanto para a China. Pelo acordo, os Estados Unidos vão reduzir de 145% para 30% as tarifas adicionais sobre produtos chineses, sendo 10% de taxa básica e 20% ligadas ao combate ao tráfico da droga fentanil. Em contrapartida, a China diminuirá as tarifas sobre importações norte-americanas de 125% para 10%. Apesar das expectativas em torno de uma possível abertura de mercado para produtos norte-americanos no mercado chinês, os frigoríficos brasileiros, por exemplo, continuarão bem-posicionados.

A Minerva, maior exportadora de proteína bovina da América Latina, viu seu maior mercado passar a ser os Estados Unidos, com a China logo na sequência. Os Estados Unidos têm um problema de rebanho e são um dos maiores consumidores de carne do mundo. A China também precisa de proteína e não tem produção suficiente. Então, não muda nada nesse sentido. Os efeitos mais visíveis podem ocorrer no curto prazo, especialmente no mercado de grãos. Caso o acordo envolva cotas ou volumes fechados de embarque de soja norte-americana, isso poderia tirar um pouco do lado positivo para o Brasil. Mesmo assim, é pouco provável que essa medida afete significativamente o setor, pois a demanda global é crescente.

Nesse cenário, empresas como SLC Agrícola, BrasilAgro, Vittia e Heringer Fertilizantes poderiam sentir alguma pressão inicial. Mas, isso não mudará nada no longo prazo. O acordo tem como foco central o esforço dos Estados Unidos em reduzir seu déficit fiscal, hoje acima de 7%. O objetivo maior dessa política tarifária é trazer o déficit para um patamar sustentável de longo prazo, entre 3% e 4%. A estratégia passa por mais exportações, crescimento interno e desburocratização. A China, diante da desaceleração do crescimento (que caiu para a faixa dos 4,5%), se viu forçada a negociar mais rapidamente. Mesmo em segmentos como petróleo e minério de ferro, não deve haver mudanças significativas. A China vai continuar consumindo, não tem perfil exportador nesses setores. E o minério segue com oferta limitada frente à demanda crescente.

Para a Minerva Foods, o prolongamento das tensões entre Estados Unidos e China pode abrir novas janelas de oportunidade para o agronegócio brasileiro na União Europeia. A atual conjuntura internacional é um campo fértil para ganhos estratégicos, apesar da instabilidade. A chamada 'Nova era Trump' influencia os rumos do mercado. O retorno do discurso protecionista e a retórica de que os Estados Unidos foram prejudicados por décadas de globalização voltam a moldar o comércio global. Esse cenário pode favorecer players como o Brasil, desde que haja atuação estratégica. Apesar de um princípio de acordo entre Estados Unidos e China para redução das tarifas, anunciado nesta segunda-feira (12/05), a Minerva pondera que se trata de uma trégua apenas temporária.

O gesto sinaliza uma tentativa de moderação, ainda que temporária, em um cenário de alta fragmentação geoeconômica. Nesse ambiente, a União Europeia surge como um parceiro prioritário. Em 2024, o bloco foi o terceiro maior comprador do agro brasileiro, com US$ 22,1 bilhões em exportações (15% do total). A tendência é de que esse espaço cresça, principalmente com a China ampliando sua estratégia de diversificação de suprimentos. A história se repete, mas com novos protagonistas e regras em constante mutação. O Brasil precisa responder com diplomacia, resiliência e inteligência estratégica. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.