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14/May/2025

Cenário é de “desordem internacional prolongada”

Segundo o Insper Agro Global, a redução temporária de tarifas entre Estados Unidos e China não deve trazer estabilidade duradoura ao comércio global e tampouco representa um retorno à normalidade institucional. O mundo caminha para um período de "desordem internacional prolongada", com negociações bilaterais assimétricas substituindo os fóruns multilaterais. Donald Trump ignora as instituições multilaterais e faz conversas diretas com quem quiser conversar. A lógica do atual governo norte-americano para aplicar tarifas foi baseada exclusivamente no déficit comercial com cada país. É uma fórmula que não faz o menor sentido na teoria econômica, que nenhum estudante poderia apresentar numa prova. O novo acordo entre os dois países reduziu as tarifas impostas pelos Estados Unidos de 145% para 30%, enquanto as da China caíram de 125% para 10%. Isso afeta diretamente o Brasil em setores estratégicos do agronegócio.

Para reduzir o déficit comercial, será necessário mais acesso de produtos norte-americanos na China, e esses produtos competem diretamente o Brasil. Os impactos serão sentidos em seis produtos principais. São basicamente soja, milho, algodão, carne bovina, suína e de aves. Nesses produtos, Brasil e Estados Unidos são os maiores fornecedores da China. A redução das tarifas deve normalizar os padrões sazonais de comércio. Com a tarifa agora indo para 10%, obviamente a China vai comprar soja norte-americana no segundo semestre, até porque não tem de quem comprar nesse período, a não ser dos Estados Unidos. Então volta ao normal nessa área. Foi feito um alerta para o risco de aumento de barreiras não tarifárias. Não se sabe o que vai acontecer com barreiras sanitárias, ambientais e técnicas, que são as mais preocupantes no agro. Esse universo era regulado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), mas agora ninguém sabe. As instituições criadas no pós-guerra (Bretton Woods, FMI, Banco Mundial, GATT, OMC) estão sendo enterradas, e não se sabe o que virá no lugar delas.

Para a Fitch Ratings, o acordo entre Estados Unidos e China parece representar uma redução significativa na guerra comercial entre os dois países. No entanto, na ausência de um acordo duradouro, a incerteza sobre onde as tarifas serão fixadas e o impacto daquelas já implementadas permanecerão fatores-chave em nas previsões macroeconômicas. O anúncio sugere a disposição de evitar um colapso sustentado dos fluxos comerciais entre Estados Unidos e China, o que prejudicaria gravemente as duas maiores economias do mundo. Mas, a negociação não significa que a guerra comercial tenha acabado. Os dados comerciais provavelmente permanecerão voláteis nos próximos trimestres, à medida que os efeitos se manifestarem. A incerteza quanto ao resultado das negociações entre Estados Unidos e China e outras negociações comerciais bilaterais continuará a atuar como um freio ao investimento em diversos setores e jurisdições. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.