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14/May/2025

Guerra comercial ajuda a aproximar Brasil e China

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim, que terminou nesta terça-feira (13/05), não seria a mesma sem a guerra comercial entre Estados Unidos e China e as medidas comerciais protecionistas de Donald Trump. O tarifaço do presidente Donald Trump potencializou a necessidade de aproximação entre Brasil e China e entre os países do Sul. Essa foi a segunda visita de Lula ao gigante asiático desde que voltou à Presidência. O gesto do presidente brasileiro é estratégico. O Brasil construiu a visita como um grande trunfo ao presidente Xi Jinping, porque a reunião da Celac estava esvaziada e o Brasil dá esse gesto de aproximação. Nesse cenário, a própria Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) sai fortalecida. A briga entre desiguais estimula a união de iguais. O Brasil está procurando se aproximar de países mais parecidos ideologicamente.

A visita de Lula mostra essa união e é sintomática após a sua ida à Rússia. A missão integra também a estratégia do Brasil de fortalecimento do Brics. O Brasil é anfitrião da cúpula do bloco neste ano e tem buscado estreitar laços comerciais e de parceria com a China. O interesse de aproximação do Brasil extrapola a política e envolve uma agenda de investimentos à cooperação comercial. Um dos principais focos da missão foi a infraestrutura. A agenda presidencial na China prevê a apresentação de projetos de ferrovias brasileiras para atração de investimentos chineses. No rol, estão projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como o Corredor biocenânico (que visa a ligar o Oceano Atlântico ao Pacífico), a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) e Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) - projetos capitaneados pela Casa Civil.

Apesar da agenda sólida no setor, a ordem que perpassa nos bastidores é evitar qualquer menção à Nova Rota da Seda, projeto chinês de investimentos externos robustos que desagrada aos Estados Unidos. Ainda que não tenha havido a adesão formal, o Brasil se aproxima do projeto. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, apresentou aos chineses os avanços das Rotas de Integração Sul-Americana, que, no fim do dia, facilitará o escoamento de produtos nacionais para a Ásia a partir da costa oposta do Brasil no continente. Até o fim de semana, era praticamente unânime a avaliação de que o País, por ter sido menos atingido pelo tarifaço, sofresse menos. Com o respiro dado por 90 dias entre as duas principais potências econômicas do globo, já há quem projete vendas menores para a China. Isso porque direta ou indiretamente, a continuidade de compras de bens dos Estados Unidos pela China fez parte das negociações de trégua do fim de semana.

Dois pontos ainda pesam a favor do Brasil: a China pode ter prometido e não cumprir (como já aconteceu no passado) e o Brasil pode apresentar preços ainda competitivos de seus produtos. E quando se fala de preços, não há bobos. Por isso também foi fortuito o fato de a comitiva brasileira estar em solo asiático durante a diminuição das tensões entre os dois gigantes. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, já anunciou que o anfitrião autorizou a importação de grãos secos de destilaria (DDGs, subproduto do etanol de milho), farelo de amendoim, miúdos de aves, carne de pato e de peru do Brasil. No agronegócio, a aproximação visa a ampliar o comércio vigente com aberturas e expansões de mercado. Cresce a expectativa de que mais anúncios ocorram durante a nova visita de Xi Jinping ao Brasil, em julho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.