ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

03/Jun/2025

Tarifas da China sobre EUA favorecem Agro do Brasil

Segundo estudo do Insper Agro Global, as tarifas retaliatórias chinesas sobre produtos agrícolas norte-americanos continuam beneficiando o agronegócio brasileiro, mesmo após a trégua firmada entre Estados Unidos e China em 12 de maio. A diferença tarifária chega a 45% em carne suína, onde os Estados Unidos enfrentam alíquota de 57% contra 12% do Brasil. As tarifas retaliatórias chinesas impostas em março a produtos do agronegócio norte-americano, como grãos de soja, milho, algodão, sorgo, trigo, carnes, frutas, vegetais, entre outros, permanecem em vigor. A escalada tarifária começou em 2 de abril, quando os Estados Unidos anunciaram sobretaxas de 34% sobre produtos chineses. As retaliações levaram os norte-americanos a aplicarem tarifas de até 145% e os chineses a responderem com até 125%. A trégua de 90 dias reduziu essas tarifas em 115%, mas manteve as penalidades específicas sobre o agronegócio norte-americano.

Os dados mostram vantagens para o Brasil nos principais produtos de exportação. Em soja, a China cobra 23% dos Estados Unidos contra apenas 3% do Brasil. Para milho e algodão, a diferença das tarifas cobradas chega a 25%. Em carne bovina, a diferença é de 20%: 32% para os Estados Unidos e 12% para o Brasil. O caso mais extremo é a carne suína, onde os Estados Unidos sofrem uma alíquota de 57%, quase cinco vezes mais do que o Brasil. Para carne de aves, as tarifas norte-americanas variam entre 27,7% e 28,5%, enquanto o Brasil paga entre 3,3% e 4,2%. O estudo analisou seis categorias que representam alta participação conjunta de Brasil e Estados Unidos nas importações chinesas: soja (92%), milho (66%), algodão (76%), carne bovina (55%), carne suína (31%) e carne de aves (64%). 80% das importações da China nessas seis categorias vêm dos Estados Unidos e Brasil.

Para o Brasil, essas cadeias representam 44% das exportações totais para a China e 83% das vendas do agronegócio destinadas àquele mercado. Em 2024, as importações chinesas de soja brasileira somaram US$ 36,5 bilhões, contra US$ 12 bilhões dos Estados Unidos. Em carne bovina, o Brasil liderou, com US$ 6,2 bilhões contra US$ 1 bilhão dos Estados Unidos. A China utiliza as medidas como instrumento de barganha nas negociações com os Estados Unidos. O objetivo chinês é pressionar os norte-americanos a reduzirem a tarifa média de 30% que querem aplicar sobre produtos chineses. Aos Estados Unidos, interessa um acesso mais amplo dos seus produtos ao mercado chinês, que representa 14% do valor total das exportações agrícolas norte-americanas. O estudo alerta para riscos futuros ao Brasil. Os elevados níveis tarifários praticados pelos dois países criam um ambiente propício para barganhas bilaterais, com risco de que um eventual acerto entre eles possa excluir ou prejudicar o Brasil.

O estudo destacou ainda o interesse chinês em manter os Estados Unidos como fornecedor estratégico devido à complementaridade com as importações brasileiras. Por estarem em hemisférios opostos, embarcam os seus grãos em períodos distintos do ano. O mercado chinês gerou superávit comercial de US$ 18 bilhões para os Estados Unidos em 2024. O objetivo norte-americano é eliminar seu déficit comercial com a China, que caiu 21% desde o primeiro mandato de Donald Trump, mas ainda se mantém em aproximadamente US$ 300 bilhões. É preciso considerar o risco de que essa convergência de interesses entre China e Estados Unidos possa, de alguma forma, prejudicar o Brasil no futuro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.