04/Jun/2025
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) acredita que o crescimento global desacelerará de 3,3% em 2024 para um modesto 2,9% em 2025 e em 2026, considerando o ambiente desafiador. Observa-se um aumento significativo nas barreiras comerciais, assim como na incerteza econômica e de política comercial, e a elevada ascensão na incerteza, que impactou negativamente a confiança de empresas e consumidores e está configurada para reter o comércio e o investimento. Perspectivas econômicas enfraquecidas serão sentidas ao redor do mundo, com quase nenhuma exceção. Menor crescimento e menos comércio impactarão as rendas e desacelerarão o crescimento de empregos. Por mais que a inflação tenha declinado recentemente na maioria dos países, a inflação de serviços permanece "teimosamente estável" e a inflação de bens aumentou em muitos países devido à alta nos preços dos alimentos.
A inflação retornará às metas dos bancos centrais até 2026 na maioria dos países, mas levará mais tempo para que esses objetivos sejam alcançados. Nos países mais afetados por tarifas, a inflação pode até aumentar antes de diminuir. Caso sejam introduzidas tarifas adicionais, a medida pode reduzir ainda mais as perspectivas de crescimento global e alimentar a inflação, o que amortecerá ainda mais o crescimento global. A política tem um papel crucial a desempenhar para lidar com a incerteza e impulsionar o crescimento: deve-se evitar uma maior fragmentação comercial e barreiras comerciais; a política monetária deve permanecer vigilante; restaurar a disciplina fiscal é chave para os países evitarem problemas de sustentabilidade fiscal e construírem reservas para choques futuros; e impulsionar o investimento será fundamental para revitalizar nossas economias e melhorar as finanças públicas. Os governos devem trabalhar juntos para lidar com a incerteza e buscar reformas para fomentar o crescimento e o emprego.
Acordos comerciais para resolver tensões existentes e reduzir ou eliminar barreiras devem ser acompanhados por mais esforços para aprimorar a cooperação multilateral. A política tem um papel crucial a desempenhar nestes tempos desafiadores e incertos. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) das duas maiores potências econômicas globais, Estados Unidos e China, deve desacelerar em 2025, enquanto na zona do euro e no Japão o movimento neste ano deve ser de aceleração. O PIB norte-americano deve arrefecer de 2,8%, medido em 2024, para 1,6% em 2025 e 1,5% em 2026, enquanto o PIB chinês deve sair de 5,0% no ano passado para 4,7% neste ano e 4,3% em 2026. Na contramão, é esperado que o crescimento da zona do euro suba de 0,8% em 2024 para 1,0% em 2025 e 1,2% em 2026, assim como o do Japão, que deve passar de 0,2% para 0,7% e, posteriormente, para 0,4%, no mesmo intervalo de tempo.
A desaceleração do PIB dos Estados Unidos reflete o aumento substancial da tarifa efetiva sobre importações e a retaliação de alguns parceiros comerciais, a alta incerteza da política econômica, bem como na desaceleração significativa na imigração líquida e a redução considerável na força de trabalho federal. A inflação anual norte-americana deve subir para 3,9% até o final de 2025 devido ao cenário, mas deve diminuir ao longo de 2026, auxiliada pelo crescimento moderado do PIB e pelo aumento do desemprego. Os riscos para a projeção de crescimento estão inclinados para baixo, incluindo uma desaceleração mais substancial da atividade econômica diante da incerteza política, pressão ascendente maior do que o esperado sobre os preços devido aos aumentos de tarifas e grandes correções no mercado financeiro. Uma flexibilização adicional da política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) será necessária assim que a inflação começar a ceder e enquanto as expectativas de inflação permanecerem bem ancoradas.
O crescimento da China tem sido estável, apesar do conflito comercial, mas o consumo está sendo reduzido pela poupança ainda elevada por precaução, como efeito cicatrizante da pandemia, e pela correção imobiliária, mas que uma melhora deve ser sustentada pela continuidade do programa de troca em 2025, que torna a política fiscal mais favorável. Do lado positivo, a OCDE ressalta que a zona do euro deve se beneficiar à medida que a demanda externa se recupera e que o consumo privado será sustentado pelo crescimento sustentado da renda real disponível. O investimento privado será limitado pela alta incerteza, mas se beneficiará da melhoria das condições de financiamento. Ressalta-se a resiliência econômica apesar das incertezas. A política fiscal da zona do euro será mais restritiva em 2025 e permanecerá amplamente neutra em 2026, enquanto a política monetária deve permanecer prudente para garantir que a inflação seja reduzida de forma duradoura para a meta.
Em relação ao Japão, a demanda interna será o principal impulsionador do crescimento do país, enquanto a demanda externa exercerá um impacto negativo sobre o crescimento, refletindo as tarifas mais altas dos Estados Unidos. As principais economias da América Latina devem manter trajetória de crescimento nos próximos anos, mas enfrentam desafios persistentes, como inflação elevada, incertezas externas e necessidade de ajustes fiscais. As condições financeiras estão apertadas e ambiente global menos favorável. A Argentina, após forte recessão, vive um processo de recuperação. O PIB deve crescer 5,2% em 2025 e 4,3% em 2026, após recuo de 1,7% no ano passado, mas desafios importantes permanecem, como o controle da inflação e a sustentabilidade fiscal. A inflação continuará a diminuir, embora em um ritmo mais lento. A política monetária precisará permanecer rígida para manter a inflação em uma trajetória firmemente descendente. Por sua vez, a política fiscal argentina precisa se apoiar no recente ajuste "bem-sucedido", com medidas de consolidação mais sustentáveis, para manter resultados fiscais sólidos.
No México, a economia deve crescer 0,4% em 2025 e 1,1% em 2026, após avanço 1,5% em 2024, com o baixo desemprego e a desaceleração da inflação apoiando o consumo. As exportações serão prejudicadas por tarifas, incertezas e crescimento global mais fraco. O investimento será estimulado pela queda das taxas de juros, mas espera-se que se recupere apenas gradualmente, dada a alta incerteza. Para garantir que a inflação continue a diminuir em direção à meta, o Banxico deve prosseguir com seu ciclo prudente e gradual de afrouxamento. O Chile deve ver sua economia crescer 2,4% em 2025 e 2026, mesmo percentual de 2024. Para a Colômbia, a expectativa é de avanço de 2,5% em 2025 e 2,6% em 2026, após alta de 1,6% no ano passado. No caso do Peru, o PIB deve desacelerar após crescer 3,3% em 2024, com expansão prevista de 2,8% no próximo ano e 2,6% em 2026. No Brasil, a economia deve perder fôlego, passando de um crescimento de 3,4% em 2024 para 2,1% em 2025. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.