11/Jun/2025
O dólar interrompeu nesta terça-feira (10/06) uma sequência de três sessões de baixa no Brasil e fechou em leve alta ante o Real, em meio à cautela dos investidores com o pacote fiscal do governo Lula que pode abrir espaço para mudanças nos aumentos de IOF anunciados no fim de maio. O dólar fechou com elevação de 0,11%, a R$ 5,56, após ter atingido na véspera a menor cotação desde outubro do ano passado. Em 2025, a divisa acumula perdas de 9,87%. Sem notícias de impacto vindas do exterior, onde investidores aguardavam novidades sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China, o mercado de câmbio brasileiro se voltou para a agenda doméstica. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA, o índice oficial de inflação, subiu 0,26% em maio, ante o avanço de 0,43% em abril, passando a acumular em 12 meses alta de 5,32%, contra 5,53% antes. Apesar do impacto na curva de juros brasileira, o resultado do IPCA teve pouca influência sobre o dólar, que oscilou na sessão entre altas e baixas em margens estreitas.
As dúvidas sobre o pacote de medidas fiscais do governo, que pode abrir espaço para mudanças nos aumentos de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), congelaram os negócios. Segundo a Manchester Investimentos, há muito mais apreensão pelas medidas fiscais do que qualquer outra coisa. Por isso o mercado ficou ‘de lado’ na segunda-feira (09/06) e nesta terça-feira (10/06). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo vai propor ao Congresso uma alíquota unificada de 17,5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras, exceto as incentivadas, e que será proposto o aumento da tributação de Juros sobre Capital Próprio (JCP) de 15% para 20%. Com isso, os ganhos em operações como as de renda fixa e ações serão impactados. Além disso, serão taxados em 5% instrumentos que atualmente têm isenção, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e debêntures incentivadas.
Um dos objetivos é que as medidas abram espaço para uma recalibragem do IOF. De acordo com Haddad, o ganho fiscal obtido com a aprovação das medidas será usado majoritariamente para recalibrar o dispositivo que implementou cobranças de IOF sobre o risco sacado (modalidade de crédito usada por empresas). A FB Capital aposta que a maior revisão vai ser sobre o IOF nas operações de crédito. O câmbio no varejo e para a pessoa física deve continuar sendo penalizado. Mas, como não há clareza sobre isso, muitos clientes estão esperando esta quarta-feira (11/06), represando operações. Após registrar a cotação mínima de R$ 5,53 (-0,43%), o dólar atingiu a máxima de R$ 5,57 (+0,29%), para depois fechar pouco abaixo disso. No exterior, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,07%, a 99,036. O Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de julho de 2025. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.