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12/Jun/2025

Exportações da China para o Brasil batem recorde

As exportações da China ao Brasil atingiram US$ 29,5 bilhões no período de janeiro a maio, um recorde na série histórica iniciada em 1997, crescendo mais rápido que a de outros parceiros comerciais do País no mesmo período. No entanto, a expansão está relacionada a mais fatores do que à guerra tarifária lançada pelos Estados Unidos. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos cinco primeiros meses de 2025, as importações brasileiras cresceram 9,22% em relação a igual período do ano passado, para US$ 112,5 bilhões. A compra de produtos da China, porém, foi a que mais cresceu, com alta de 26,5%. As importações vindas de outros parceiros comerciais, como Estados Unidos (9,9%) e União Europeia (4%) cresceram bem menos, enquanto as de produtos do Mercosul caíram 1,8% no mesmo intervalo. O crescimento nas importações da China, à primeira vista, corrobora a expectativa de que o país asiático teria de inundar outros mercados com seus produtos para compensar a queda no volume exportado aos Estados Unidos, com quem trava uma guerra tarifária desde fevereiro.

Especialistas, porém, apontam que o efeito do redirecionamento da produção da China ainda vai ganhar força no decorrer do ano, e que por enquanto a expansão reflete fatores como a atividade econômica interna aquecida. Além disso, também houve a compra de uma plataforma de petróleo vinda da China no mês de fevereiro, que custou cerca de US$ 2,7 bilhões e ajudou a inflar o número das transações comerciais entre os dois países no período. A CM Capital observa que no início do ano o crescimento das importações chinesas no Brasil foi impulsionado pelos chamados bens de capital (maquinários e equipamentos usados pelas empresas para produzir outros bens e serviços). Os bens finais, como automóveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, só começaram uma tendência de aumento a partir de abril. Esse movimento pode refletir, em alguma medida, o efeito da guerra tarifária e o atrito entre China e Estados Unidos. A continuidade do crescimento das importações dos bens finais dependerá do cenário da economia doméstica. São bens que, no limite, não são essenciais.

A demanda por eles depende diretamente no nível da atividade e da confiança das pessoas em adquiri-los. Além da economia doméstica aquecida, a Tendências Consultoria lembra que o crescimento das importações neste ano foi beneficiado pelo bom momento do setor agropecuário, que demanda itens como adubos e fertilizantes. A safra de soja foi muito positiva e com boa remuneração aos produtores. Eles conseguiram se preparar para fazer novos investimentos. A Associação da Câmara de Comércio Exterior (AEB) destaca que a queda no preço de commodities nos últimos meses diminuiu o custo de muitos dos bens produzidos pela China, o que favoreceu a produção e, consequentemente, a exportação para o Brasil. Era um cenário anterior ao tarifaço dos Estados Unidos. As medidas do presidente norte-americano, Donald Trump, vieram apenas consolidar uma tendência que já era imaginada. A China tem focado em produtos de alto valor agregado, o que ajuda a turbinar os valores envolvidos nas importações feitas pelo Brasil. Invariavelmente, mais produtos que a China venderia para os norte-americanos vão chegar ao Brasil.

É claro que o Brasil não tem como substituir os Estados Unidos, afinal de contas o mercado nacional é bem menor, mas deve absorver algum volume. A Associação Brasileira de Importadores (Abimp) considera que parte dos produtos chineses que agora chegam ao Brasil só entrou no País por causa do fechamento do mercado norte-americano em meio à escalada tarifária. Os custos estavam em baixa na China no início do ano, o que incrementou a produção, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos anunciaram tarifas acima de 100% ao país asiático. O investimento nessa produção já havia sido feito, mas um mercado importante (os Estados Unidos) foi praticamente fechado, então houve essa necessidade de redirecionamento. O cenário deu fôlego a um movimento já bastante consolidado dos consumidores brasileiros, de comprar itens do segmento têxtil, utensílios domésticos e de bazar vindos da China a partir de plataformas como Mercado Livre, Amazon e Temu. O aumento da entrada desses itens no Brasil só não foi mais forte por conta da greve de servidores da Receita Federal em terminais alfandegários, que perdura desde novembro do ano passado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.