13/Jun/2025
A mais recente edição do Panorama Econômico da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela, com clareza cortante, os danos das políticas econômicas de Donald Trump, uma agenda que, ao invés de revitalizar, está acelerando a corrosão da confiança global, enfraquecendo mercados e aprofundando incertezas já crônicas. Suas guerras comerciais e tarifárias, mais que simples medidas econômicas, promovem um recuo à era das barricadas, um jogo de soma zero que penaliza o mundo inteiro, especialmente os próprios Estados Unidos e, de forma preocupante, o Brasil. Enquanto Trump ergue muros, o mundo sente o tremor da desaceleração. A OCDE rebaixou suas projeções de crescimento global de 3,3% em 2024 para 2,9% em 2025 e 2026, o menor crescimento desde a pandemia.
Nos Estados Unidos, o tiro saiu pela culatra. Ao elevar as tarifas a níveis inéditos (de 2,5% para mais de 15%, o maior nível desde a Segunda Guerra), o governo norte-americano estimula um quadro inflacionário que corrói a competitividade e freia o crescimento, que deve cair de 2,8%, em 2024, para 1,6% em 2025 e 1,5% em 2026. O que deveria proteger indústrias, na prática, encarece insumos e distorce cadeias produtivas, como uma armadilha que aprisiona o próprio caminhar norte-americano. Para o Brasil, a tormenta é dupla. Os ventos contrários da desaceleração mundial se combinam com a irresponsabilidade fiscal interna, que ganhou força nos últimos anos. A OCDE já revisara a projeção de crescimento do Brasil em 2025 de 2,3% para 2,1%, e para 2026 projeta 1,6%.
Enquanto isso, o governo Lula insiste em ampliar gastos e protelar reformas estruturais capazes de garantir sustentabilidade fiscal. Essa dissonância entre um cenário externo hostil e uma condução fiscal temerária compromete o potencial de crescimento brasileiro e coloca em risco a credibilidade do País. Os Estados Unidos expõem um paradoxo cruel: enquanto Donald Trump se proclama defensor do trabalhador norte-americano, suas políticas tarifárias prejudicam justamente pequenos e médios empreendedores, o motor da economia real, que arcam com os custos de suas barreiras comerciais. O protecionismo, longe de ser um escudo, torna-se uma armadilha que enfraquece a competitividade e agrava vulnerabilidades. Em contrapartida, a reação de economias alinhadas ao livre comércio começa a formar um contrapeso promissor.
Blocos como o Acordo Transpacífico e a União Europeia reforçam suas parcerias, buscando aprimorar um sistema multilateral baseado na cooperação e na previsibilidade jurídica. Para o Brasil, a integração com esses mercados e a busca por acordos comerciais que privilegiem a abertura inteligente são estratégias essenciais para mitigar o impacto do protecionismo externo e fomentar o crescimento. Dentro do País, a necessidade de disciplina fiscal nunca foi tão clara. O equilíbrio entre gastos obrigatórios e despesas discricionárias está comprometido, e o endividamento ameaça restringir ainda mais o espaço para políticas públicas eficazes. Enquanto a pandemia exigiu respostas rápidas e coordenadas, a atual conjuntura pede maturidade e reformas estruturais para garantir que a tempestade externa não precipite um naufrágio interno. O País não pode pagar para ver o custo de uma agenda que privilegia ganhos eleitorais em detrimento da saúde fiscal e do futuro econômico.
O impacto das políticas de Trump é um alerta: o protecionismo é um jogo de curto prazo que reflete mais insegurança do que força. No tabuleiro global, a prosperidade se constrói não com muros, mas com pontes, aquelas que fomentam a inovação, o livre comércio e o fortalecimento das instituições. O desafio é grande. Não há ‘balas de prata’, mas também não há mistério. O Brasil pode e deve aproveitar as lições recentes para corrigir sua rota, aprimorar suas políticas fiscais e firmar alianças comerciais que favoreçam o desenvolvimento sustentável. A saída para a crise global, e para a brasileira em particular, passa pela reinvenção do compromisso com a abertura e com a responsabilidade fiscal, valores que resistem ao vendaval do protecionismo e ao populismo autoritário. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.