13/Jun/2025
O renovado tom de desescalada da guerra comercial capitaneada pelos Estados Unidos durou menos do que Wall Street poderia prever. Em aparição inédita nas estreias musicais de Nova York desde que tomou posse, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu impor novas tarifas unilaterais a parceiros comerciais nos próximos dias por meio de cartas, encerrando o breve tom de trégua após o acordo com a China. Isso pode ocorrer nas próximas uma ou duas semanas, antes do prazo de 9 de julho para reintroduzir as chamadas tarifas recíprocas, anunciadas no início de abril. A fala de Trump ocorre enquanto investidores globais começavam a se posicionar em torno de sinais de melhora na relação entre os Estados Unidos e a China. Segundo o BMO Capital, não está claro se a nova tacada de Trump é só mais uma de seu manual de negociações. Mas, de toda forma, o foco do mercado está no fim da pausa das tarifas recíprocas no início de julho.
Para o Devere Group, isso não é negociação. É escalada. E força o capital institucional a reprecificar o risco geopolítico em todos os níveis. A janela de otimismo que se abriu a partir do acordo dos Estados Unidos com a China se fechou. E as implicações vão muito além do comércio. A nova mudança de tom por parte de Donald Trump reintroduz a imprevisibilidade na política econômica norte-americana em um momento em que a confiança global estava apenas começando a se estabilizar. Para o Danske Bank, as negociações entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais podem ganhar corpo nos próximos dias em meio à nova ofensiva norte-americana. As negociações comerciais devem avançar, já que Donald Trump anunciou planos de enviar cartas aos parceiros comerciais delineando tarifas unilaterais específicas e informando os países sobre o acordo.
Trump disse ainda estar aberto a prorrogar o prazo para concluir negociações com parceiros comerciais antes do fim da pausa de 90 dias, em 9 de julho. Faltando menos de um mês para o fim da pausa tarifária, os Estados Unidos selaram apenas um acordo com o Reino Unido, no mês passado, e caminham na direção de um tratado com a China. Ainda há ao menos 18 parceiros comerciais importantes na fila para negociar com os Estados Unidos, incluindo Índia, Coreia do Sul, Japão e União Europeia. Um documento de trabalho com detalhes de um possível acordo com o Canadá foi revelado pela imprensa nesta semana. O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou nesta quinta-feira (12/06) que o acordo comercial com o Reino Unido entrará em vigor nos próximos dias. A Eurasia considera "provável" que Trump consiga selar um acordo com a União Europeia até o fim da pausa tarifária, em 9 de julho. Tais chances são de 55%.
A consultoria vê ainda probabilidade de 35% de uma "escalada contida" que resulte em tarifas adicionais dos Estados Unidos "contra-ataque contido" do bloco europeu. Um acordo com a União Europeia provavelmente levará mais tempo para ser finalizado do que acordos com outros parceiros comerciais, tornando uma trégua fundamental para a estabilização das relações bilaterais. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, espera mais acordos com parceiros comerciais "muito rapidamente" na esteira do acordo preliminar com a China. Segundo ele, o governo norte-americano trabalha para reduzir as incertezas, mas não está disposto a perder a oportunidade de eliminar o déficit que os Estados Unidos mantêm no comércio exterior. Por sua vez, a China indicou que está determinada a cumprir o acordo comercial firmado com os Estados Unidos esta semana.
Os detalhes do acordo com a China ainda não foram divulgados. Os principais pontos negociados foram a flexibilização temporária das restrições às terras raras por parte da China em troca de os Estados Unidos aliviarem restrições em exportações de produtos químicos e tecnológicos, incluindo motores de aeronaves. A Capital Economics atenta que questões comerciais e econômicas mais amplas, que deveriam ser o foco das negociações entre China e Estados Unidos após a reunião de Genebra, não foram abordadas. E vê pouco avanço entre os dois países. Mas, isso parece ser suficiente para o presidente Trump. Na sua presidência, enquanto ele estiver satisfeito, tudo estará bem, mesmo que ambos os lados tenham feito pouco progresso. Ainda que Trump tenha celebrado o acordo preliminar com a China, um novo rompimento no relacionamento está a apenas uma publicação no Truth Social de distância. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.