13/Jun/2025
O dólar encerrou esta quinta-feira (12/06) praticamente estável no Brasil, influenciado por dois fatores divergentes: a queda firme da moeda norte-americana no exterior, após dados confirmarem o arrefecimento da inflação nos Estados Unidos, e o mal-estar em relação ao cenário fiscal brasileiro, na esteira das medidas adotadas na véspera pelo governo. O dólar fechou em leve alta de 0,08%, a R$ 5,54. No ano a divisa acumula queda de 10,28%. No início da sessão, a moeda norte-americana chegou a oscilar em baixa ante o Real, tentando acompanhar o viés vindo do exterior, em meio a sinais de que a inflação nos Estados Unidos está, de fato, cedendo. O índice de preços ao produtor (PPI) avançou 0,1% em maio no país, abaixo da alta de 0,2% projetada por economistas, enquanto os pedidos iniciais de auxílio-desemprego ficaram em 248.000, em dado com ajuste sazonal, na semana passada, acima dos 240.000 esperados.
Após a divulgação dos números nos Estados Unidos, o dólar atingiu a cotação mínima de R$ 5,52 (-0,25%). No entanto, o recuo não se sustentou no Brasil em função do desconforto do mercado com as medidas fiscais da véspera. Segundo a Correparti Corretora, se fosse só pelo exterior, o dólar teria recuado. Mas, os agentes não gostaram das medidas que vão substituir o aumento do IOF. Não houve cortes de despesas, e mesmo os aumentos de impostos serão difíceis de passar no Congresso. Na quarta-feira (11/06), o governo publicou, em edição extra do Diário Oficial da União, um decreto calibrando para baixo parte dos aumentos do IOF anunciados no fim de maio. Além disso, publicou uma medida provisória que, visando compensar a redução da arrecadação com IOF, eleva a taxação sobre bets, tributa ganhos com títulos atualmente isentos e altera o imposto de outras aplicações financeiras.
Entre as medidas estão a cobrança de 17,5% de Imposto de Renda sobre os rendimentos de aplicações financeiras, independentemente do prazo, e a tributação de 5% sobre títulos hoje isentos, como LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e debêntures incentivadas. Algumas medidas de contenção de despesas, que abarcam itens como o programa Pé de Meia (de apoio a estudantes) e o Seguro Defeso também foram anunciadas, embora nem mesmo o governo tenha divulgado ainda o impacto fiscal destas ações, consideradas de pouco alcance pelo mercado. Para a Suno Research, o governo perde, mais uma vez, a chance de discutir a sustentabilidade da dívida pública. Opta por um caminho mais fácil: o aumento de arrecadação via mais tributação. Perde, portanto, outra oportunidade de enfrentar problemas estruturais para melhorar a eficiência dos gastos públicos. Além da crítica às medidas em si, o mercado demonstrou ceticismo sobre a tramitação no Congresso.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse em publicação em uma rede social que "o clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais". O dólar ganhou força após os comentários de Motta e atingiu a cotação máxima de R$ 5,56 (+0,38%). Depois, a divisa retornou para perto da estabilidade ante o Real. No exterior, o dólar seguia em baixa ante a maior parte das divisas, com investidores também atentos às negociações comerciais dos Estados Unidos e às tensões geopolíticas no Oriente Médio. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,55%, a 97,913. O Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de julho de 2025. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.