18/Jun/2025
O governo dos Estados Unidos agora vai concentrar suas operações de deportação “nas maiores cidades dos Estados Unidos”, anunciou Donald Trump, mais uma vez ajustando o discurso após receber críticas por realizar operações que poderiam prejudicar os setores da agricultura, pecuária e hospitalidade. O governo irá ampliar os esforços para deter e deportar imigrantes ilegais nas maiores cidades do país, como Los Angeles, Chicago e Nova York, classificando esses locais como “o núcleo do centro de poder dos democratas”. A declaração surge após Donald Trump admitir que setores como agropecuária e hotelaria estão sofrendo impactos negativos da política migratória rigorosa, que está retirando do mercado trabalhadores muito importantes.
No dia 12 de junho, o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos Estados Unidos (ICE) enviou uma orientação interna aos seus líderes regionais determinando a suspensão imediata de operações de fiscalização em locais de trabalho, como fazendas, restaurantes e hotéis, segundo informações do The New York Times. Além disso, a diretriz recomenda que os agentes evitem prender imigrantes indocumentados sem antecedentes criminais, os chamados “colaterais não criminosos”, reconhecendo que essa decisão reduz um número significativo de potenciais alvos.
Essa mudança de postura marca uma reversão das ordens anteriores do próprio governo Trump, que havia instruído o ICE a realizar batidas mais agressivas em locais de trabalho para aumentar o número de detenções, ação que gerou forte reação negativa, incluindo protestos massivos em Los Angeles. As operações migratórias em fazendas e empresas de processamento geraram forte oposição de associações do setor agrícola, pecuaristas e até de republicanos em Estados com forte dependência da mão de obra imigrante.
Para os críticos, as batidas são “simplesmente erradas”. O governo deveria focar em criminosos e dar tempo para implementar processos que garantam a continuidade da cadeia de abastecimento de alimentos, evitando assim o colapso em fazendas e indústrias. Vários relatos indicam que, após as ações do ICE, trabalhadores deixaram de comparecer às fazendas, afetando diretamente regiões agrícolas de Nebraska à Califórnia. Apesar do discurso contra a imigração irregular, as próprias empresas de Donald Trump contrataram pelo menos 1.880 trabalhadores estrangeiros desde 2008, utilizando programas de visto temporário, segundo dados do Departamento do Trabalho.
O setor de hospitalidade depende da mão de obra imigrante, situação semelhante à enfrentada atualmente por fazendeiros e empresários norte-americanos. O governo Trump intensificou as deportações no início de junho, com deportações em massa. O ICE expandiu os critérios de prisão, incluindo migrantes sem antecedentes criminais, quebrando uma promessa anterior de focar apenas em imigrantes considerados perigosos. Essa escalada resultou em batidas de alto impacto em locais como: uma loja do Home Depot em Los Angeles; uma planta frigorífica em Omaha, Nebraska; fazendas na região de Oxnard, na Califórnia.
As ações geraram caos, protestos e insegurança no setor agropecuário, além de críticas tanto de democratas quanto de republicanos. O embate entre a política migratória de linha dura e as demandas econômicas dos setores produtivos dos Estados Unidos evidencia um dilema central: sem trabalhadores imigrantes, setores como agropecuária, hospitalidade e serviços não conseguem operar plenamente. Diante da pressão de empresários, parlamentares e sindicatos rurais, o governo Trump foi obrigado a moderar as ações do ICE, pelo menos temporariamente, priorizando a estabilidade econômica frente ao discurso anti-imigração. Fonte: Forbes. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.