18/Jun/2025
O mercado de celulose trabalha com o cenário de que os preços dessa commodity estariam próximos do piso, ou seja, do ponto mais baixo do atual ciclo de desvalorização. As principais empresas do setor e analistas de mercado baseiam essa expectativa em dados de produção, estoque e comportamento de clientes na China e em outros lugares do mundo. Uma recuperação dos preços, porém, não deve ser tão clara no curto prazo. Para o Itaú BBA, o nível mais baixo de preço não estaria muito longe dos US$ 500,00 por tonelada atuais. A visão é baseada na capacidade de produção de 7 milhões de toneladas por ano de fibra curta (celulose de eucalipto) e de 7 milhões de toneladas por ano de fibra longa que são deficitárias (ou não rentáveis) nos níveis atuais de preço, o que poderá provocar fechamentos temporários ou permanentes no terceiro trimestre de 2025; e um potencial movimento de reestocagem. Porém, uma forte recuperação seria "improvável", ao menos até o período de procura sazonalmente fraca, de julho a agosto.
O ritmo de recuperação acabará por depender de um cenário mais claro para as condições comerciais/econômicas globais. O Goldman Sachs chama a atenção para o fato dos preços da celulose na China em maio terem caído 13% na comparação mensal para a fibra curta e 11% para fibra longa. A Suzano observou a movimentação de queda no preço da celulose da China, mas não tem previsões para os próximos meses em relação ao preço da commodity. No entanto, em algum momento, o produto deve atingir um piso. Produtores chineses com fábricas de celulose integradas (que usam a celulose produzida em suas próprias fábricas que transformam a matéria prima em outros produtos) voltaram a comprar celulose de mercado, o que indica um preço mais perto do seu ponto mais baixo, quando deixa de compensar, para esses empresários, produzir o insumo internamente. A instabilidade macroeconômica, porém, já impediu uma tentativa recente de aumento de preços da companhia.
A imposição das tarifas para importações nos Estados Unidos desacelerou as negociações de aumento que a Suzano fazia nos últimos meses até ali. A redução de demanda traz problemas para produtores de custos mais altos. É natural que haja desaceleração de negociações de aumento de preço no curto prazo. A Klabin avaliou que se o comércio global regride, os dados mostram que o PIB dos países acompanha e todos sentem a queda de demanda. Ou seja, apesar de estar próximo ao ponto mais baixo do vale, uma possível diminuição da demanda global, gerada por incertezas, pode impedir uma melhoria mais vigorosa dos preços de forma sustentada. Para o Itaú BBA, o conflito entre Israel e Irã, com impacto sobre os preços do petróleo, não se aplica diretamente aos parâmetros de oferta e demanda da indústria de celulose, e não parece, ao menos por ora, mexer o ponteiro em termos de expectativas de crescimento global. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.