20/Jun/2025
A Moody's divulgou um relatório detalhado sobre os impactos das tensões comerciais globais nas principais economias da América Latina, destacando que os produtores de commodities da região possuem vantagens competitivas significativas em comparação com seus pares globais, o que os ajuda a resistir a crises. A persistente incerteza comercial afeta de maneira desigual os países latino-americanos. Exportadores mexicanos, por exemplo, mais dependentes de produtos manufaturados como veículos e máquinas destinados aos Estados Unidos, enfrentam maiores desafios do que Brasil, Chile, Colômbia e Peru, cujas exportações são majoritariamente compostas por commodities como produtos agrícolas, petróleo e metais. Para o Brasil, Peru e Chile, a desaceleração da demanda chinesa, principal parceira comercial desses países, enfraquece os preços das commodities e afeta setores como agricultura, mineração, papel e celulose, e petroquímica.
A mineração, em especial, representa a maior parte das exportações do Peru e do Chile, enquanto o Brasil apresenta uma carteira exportadora mais diversificada e maior dependência do consumo interno. As tarifas dos Estados Unidos impactam negativamente as margens dos produtores latino-americanos de aço e produtos químicos, que enfrentam concorrência crescente de importações. A China, por sua vez, tende a redirecionar seu excedente de manufaturados para outras regiões, incluindo a América Latina. Apesar desses desafios, os produtores latino-americanos de commodities mantêm vantagens estruturais. Chile e Peru possuem grandes reservas minerais e custos de produção baixos, já o Brasil destaca-se pela qualidade de seu minério de ferro e pela abundância de energia hidrelétrica. Além disso, Brasil e Chile estão entre os maiores e mais eficientes produtores mundiais de celulose de fibra curta e longa.
A exposição à China varia entre os países e setores. O Peru e o Chile são mais vulneráveis à desaceleração chinesa devido à dependência da mineração, especialmente do cobre. Já o Brasil, com exportações mais diversificadas, é menos exposto, embora a China ainda represente uma parcela significativa da demanda por soja, minério de ferro e proteína animal. Para o setor de proteína animal, a demanda tende a ser mais estável, e o Brasil possui mercados alternativos além da China, o que mitiga riscos. No entanto, os riscos de crédito para exportadores individuais dependerão da exposição específica de cada empresa ao mercado chinês, suas estruturas de custo e mix de produtos. O cenário global em transformação continuará moldando o comércio internacional. A duração e o escopo das tarifas, bem como as negociações em curso, serão determinantes para o futuro das exportações latino-americanas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.