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04/Aug/2025

COP30: países pedem retirada do evento de Belém

Documento assinado por representantes de 25 países, inclusive de nações mais ricas, alertam para os preços excessivos de hospedagem em Belém (PA), onde será realizada a COP30, a conferência sobre clima da Organização das Nações Unidas (ONU). A insatisfação está principalmente relacionada às opções de hotéis, mas logística em geral, segurança e transporte também são alvos de queixas. Segundo o texto, enviado para a organização do evento e para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), se essas questões não forem resolvidas, esses negociadores pedem que o evento seja realizado em outro lugar. A crise de hospedagem em Belém para COP30 escalou nos últimos dias com a pressão de países para tirar o evento ambiental da capital do Pará.

O motivo é a dificuldade de encontrar acomodações a preços acessíveis, o que preocupa especialmente as nações mais pobres. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP em Belém, admitiu o problema e diz que o governo busca soluções para convencer o setor hoteleiro a oferecer valores mais baixos durante a conferência, em novembro. O agravamento da insatisfação dos outros países veio à tona com uma entrevista do tanzaniano Richard Muyungi, presidente do Grupo Africano de Negociadores, que representa 54 nações desse continente. "O Brasil tem muitas opções em termos de ter uma COP melhor, uma boa COP. Por isso, estamos pressionando para que o Brasil forneça respostas melhores, em vez de nos dizer para limitar nossa delegação", disse ele à agência Reuters.

Um encontro de emergência foi realizado nesta semana para debater soluções para o problema da hospedagem. Há sensação, literalmente, de revolta dos países por essa insensibilidade, sobretudo por parte dos países de menor desenvolvimento, que estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços extorsivos e abusivos. Os recados estrangeiros têm chegado desde os primeiros meses do ano. Lideranças de China, Alemanha, Reino Unido e Noruega expressaram ao governo temores sobre a infraestrutura para receber as comitivas oficiais e representantes da sociedade civil, mostram telegramas trocados entre o Palácio do Itamaraty e diversas embaixadas do Brasil.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva tem justificado a escolha de Belém, em detrimento de cidades como mais estrutura, como São Paulo, Brasília ou Rio de Janeiro, em função do simbolismo de realizar a conferência na Amazônia, o que ocorre pela primeira vez. O preço total de locação em algumas unidades em Belém, porém, pode atingir R$ 2,2 milhões. Em municípios vizinhos, como Ananindeua, o valor para todo o período da COP30 chega a R$ 600 mil. Entre as alternativas usadas, estão aluguéis por temporada, em plataformas como Airbnb, adaptação de motéis, vilas militares, albergues, escolas reformadas, conjuntos habitacionais do programa federal Minha Casa, Minha Vida. Também serão oferecidas vagas em navios, com prioridade para delegações de países em desenvolvimento.

O ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou na sexta-feira (1º/08), que não há possibilidade de a COP30 não ser sediada em Belém. A capital paraense é alvo de ressalvas de nações participantes devido a entraves na alocação das autoridades no sistema hoteleiro da cidade. Um documento enviado ao presidente da COP30, André Correa do Lago, por 29 delegações que devem ir à COP30, pedem a mudança de sede do evento caso não haja a garantia de acomodações adequadas e acessíveis aos participantes na capital do Pará. Os países expressam preocupação com a “persistente ausência de acomodação adequada e acessível” e a “falta de clareza de que isso seja resolvido a tempo”.

Dizem que isso afeta negociadores, observadores, empresas e representantes de povos indígenas, com número “altamente incomum” de delegações ainda sem lugar. Segundo Jader, uma solução para os problemas denunciados pelas delegações será encontrada até a abertura do evento, marcado para o dia 10 de novembro. O ministro afirmou que haverá uma parceria do governo federal com o governo do Pará, comandado por Helder Barbalho, irmão do chefe das Cidades. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, negou qualquer possibilidade de o maior fórum de discussão global sobre ser transferido, no todo ou em parte, de Belém (PA). “Belém é o lugar certo para fazer a COP-30", disse André Correa do Lago.

Ele afirmou que o governo brasileiro não trabalha com um plano B de opções alternativas para sediar a COP30 e reafirmou que tanto a conferência temática quando a reunião prévia de chefes de Estado e de governo serão realizados na capital paraense. A manifestação oficial ocorre depois de um grupo de 25 negociadores expressar por escrito, numa carta, e durante reunião nas Nações Unidas preocupações com preços exorbitantes para hospedagem, que impediriam sua participação. Três grupos regionais de delegados internacionais solicitaram formalmente que a COP30 fosse retirada de Belém (PA). A questão é o preço que os países mais pobres podem pagar nas opções de alojamento disponíveis, com diárias oferecidas pelos governos é mais baixa do que o custo de hospedagem, de acordo com o embaixador.

O presidente da COP-30 afirmou que os preços na capital paraense variam de 10 a 15 vezes mais do que o padrão na rede hoteleira e foi adotado como parâmetro para balizar cobranças por particulares em apartamentos de aluguéis de temporada. O padrão, segundo Corrêa do Lago, seria valores dobrarem ou triplicarem, mas não subirem até 15 vezes mais. Segundo o embaixador, os preços estão “muitíssimo acima” e há uma operação em curso para assegurar que todos os países venham. Essas delegações solicitaram que os quartos variem entre US$ 50,00 e US$ 70,00. Mas, nas datas da conferência, os valores estão muito mais elevados. É preciso encontrar uma maneira destes países estarem, porque dizem que a COP não teria legitimidade sem participação universal, afirmou. Fontes: Folha de São Paulo e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.