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05/Aug/2025

Tarifas dos EUA: governo foca no apoio a setores

O governo deixou de lado, ao menos por ora, os planos de retaliação direta contra a tarifa de importação 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, voltando a atenção para iniciativas de alívio a empresas mais afetadas pela medida, que entra em vigor nesta semana. As amplas isenções concedidas na ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada, pouparam alguns dos setores mais vulneráveis da economia do Brasil, trazendo alívio a investidores e lideranças empresariais. Isso levou o governo a ser cauteloso em provocar Trump com tarifas recíprocas ou outras formas de retaliação que possam intensificar as tensões. As negociações com os Estados Unidos devem ser lentas e complexas e por isso o governo brasileiro está priorizando medidas imediatas de apoio aos exportadores, como linhas de crédito e outros mecanismos de financiamento à exportação.

O governo estuda possíveis respostas às tarifas que afetariam empresas norte-americanas, mas vê essas medidas como último recurso, caso as negociações fracassem. Essas contramedidas, atualmente em análise, poderiam incluir a suspensão de pagamentos de royalties por patentes farmacêuticas e de direitos autorais de mídia. O governo também havia sinalizado no ano passado que preparava um novo imposto que poderia atingir grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos, mas engavetou o plano neste ano para evitar antagonizar o presidente Donald Trump antes do anúncio das primeiras tarifas anunciadas por ele, em abril. Naquele momento, o Brasil foi atingido apenas por uma tarifa de 10%, uma das mais baixas do mundo, o que muitos atribuíram ao superávit comercial histórico dos Estados Unidos com o Brasil.

Em julho, Trump vinculou a imposição de uma tarifa mais elevada, de 50%, ao que chamou de “caça às bruxas” política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado, que está sendo julgado por suposta tentativa de golpe para reverter sua derrota nas eleições de 2022. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a afirmar que responderia com base na Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso para dar respaldo legal a respostas contra sanções comerciais, alimentando especulações sobre uma possível retaliação. Desde então, as discussões sobre ações recíprocas perderam força, mesmo com Lula criticando a justificativa de Trump para o aumento das tarifas, defendendo a independência do Judiciário brasileiro e insistindo que qualquer negociação deve se concentrar exclusivamente em comércio. As isenções concedidas pelos Estados Unidos na semana passada para os setores de aviação, energia e mineração foram interpretadas como sinal de que a diplomacia paciente e a atuação de empresas norte-americanas em busca de alívio foram o caminho mais eficaz para obter.

O Brasil também afirmou que pretende apresentar uma queixa formal à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas, embora o sistema de solução de controvérsias do órgão esteja paralisado desde o primeiro governo Trump. Mais imediatamente, o governo está ajustando medidas para proteger os setores mais afetados pela tarifa, que entra em vigor nesta quarta-feira (06/08), oferecendo alívio financeiro a empresas que já enfrentam cancelamentos de contratos. O pacote provavelmente incluirá linhas de crédito e possíveis ajustes no seguro de crédito à exportação e nos mecanismos de financiamento às exportações. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as medidas de alívio podem começar a ser implementadas nesta semana e destacou que o governo nunca se comprometeu com retaliação contra os Estados Unidos. As ações que o governo brasileiro vai tomar são de proteção da soberania, proteção da indústria e do agronegócio. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.