08/Aug/2025
O Ministério de Relações Exteriores da Índia afirmou nesta quinta-feira (07/08) que, além de países vizinhos, do Oriente Médio e da África, a América Latina está entre os mercados alternativos às exportações que o país pode deixar de realizar aos Estados Unidos. Assim como o Brasil, a Índia foi atingida pela taxa mais alta (50%) do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A elevação da tarifa sobre os produtos indianos que entram nos Estados Unidos, de 25% para 50%, foi anunciada na quarta-feira (06/08), devido à importação de petróleo da Rússia. A decisão unilateral de Trump foi tomada quando a Índia se aproximava de um acordo com os Estados Unidos. A medida não tem fundamento lógico, já que a relação comercial entre Estados Unidos e Índia é não só estratégica como também complementar aos dois países.
Apesar disso, a expectativa é de que uma solução será encontrada para o problema que tende a ser temporário. A Índia citou interesse não apenas nas reservas de petróleo do Brasil, mas também nas áreas de energia renovável e minerais críticos. Tanto o presidente Lula quanto o primeiro-ministro Modi estão muito cientes do fato de que a Índia e o Brasil têm um grande potencial para aumentar o comércio. Os países podem trabalhar juntos de forma complementar. O embaixador do Brasil na Índia, Kenneth Nóbrega, afirmou nesta quinta-feira (07/08), que as barreiras tarifárias anunciadas pelo presidente norte-americano vão dar um impulso adicional à cooperação entre os dois países.
As tarifas norte-americanas levam o Brasil a ampliar negócios com novos parceiros como a Índia, com quem o País tem uma relação bilateral de quase 80 anos. Energia, agricultura e defesa são setores em que o Brasil pode ampliar vendas ao mercado indiano. Por sua vez, há interesse da Índia de expandir o comércio de produtos farmacêuticos, tanto de medicamentos quanto de princípios ativos para remédios produzidos no Brasil. Após a visita oficial, no dia 8 de julho, do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a Brasília, uma viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia está prevista para o início do ano que vem. O presidente Lula disse que pretende viajar para a Índia junto com uma delegação de empresários para fazer negócios.
Em menos de dois anos, a Índia recebeu 73 missões comerciais do Brasil, com destaque para comitivas de empresas com negócios ou interesses nos setores de energia, agricultura, defesa, farmacêuticos e digitalização, incluindo inteligência artificial. No momento em que os dois países enfrentam tarifas tão altas dos Estados Unidos, é normal que eles busquem alternativas em parceiros confiáveis, em parceiros com os quais têm relações muito longas e em que as comunidades empresariais e as agências de Estado já se conhecem. A meta, anunciada por Lula, é triplicar a corrente do comércio bilateral (soma de exportações e importações), que somou US$ 12 bilhões no ano passado. O crescimento “substancial” dos investimentos da Índia no Brasil deve apoiar este objetivo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, nesta quinta-feira (07/08), para discutir os impactos das tarifas aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os dois países são os mais afetados pelo tarifaço, com 50% de taxa sobre produtos exportados. Segundo nota da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Lula e Modi conversaram durante uma hora e reafirmaram a importância em defender o multilateralismo e a necessidade de fazer frente aos desafios da conjuntura, e explorar possibilidades de maior integração entre os dois países. Na conversa, Lula combinou que irá visitar a Índia no início de 2026.
Antes, em outubro deste ano, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, irá com uma comitiva de empresários e ministros ao país asiático. Lula também discutiu com Modi a meta de ampliar o comércio bilateral para mais de US$ 20 bilhões até 2030. Para que isso se torne realidade, os dois concordaram em ampliar a cobertura do acordo entre o Mercosul e a Índia. Os dois também trocaram informações sobre as plataformas de pagamento digitais dos países. No caso do Brasil, o Pix, e, na Índia, a UPI. Após anunciar o tarifaço contra o Brasil, Trump colocou o sistema brasileiro sob investigação. Segundo Lula, isso se dá por ameaças às bandeiras de cartão de crédito.
A assessoria do premiê indiano também emitiu uma nota sobre o telefonema de Lula para Modi. Segundo o governo indiano, os dois concordaram em ampliar a cooperação bilateral em comércio, tecnologia, energia, defesa, agricultura, saúde e em "laços entre os povos". Modi relembrou sua visita ao Brasil no mês passado, quando os dois líderes já haviam firmado um entendimento para fortalecer a cooperação mútua nessas áreas. Com base nessas discussões, ambos reiteraram o compromisso de levar a parceria estratégica Índia-Brasil a novos patamares. Segundo o governo indiano, Lula e Modi ainda conversaram sobre diversos assuntos regionais e globais de interesse comum. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.