15/Aug/2025
Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos põe em risco mais de 618 mil empregos no País em dez anos. Com a indústria como principal atingida, a medida deve reduzir a massa salarial, cortar vagas e derrubar o consumo das famílias, afetando não só quem vende aos Estados Unidos, mas toda a cadeia econômica nas regiões dependentes dessas exportações. Os Estados Unidos passaram a cobrar tarifa de 50% sobre máquinas e equipamentos, café, carne, madeira, armas e calçados brasileiros. Ficaram de fora itens como petróleo, aviões e suco de laranja. O Brasil exportou US$ 40,4 bilhões aos Estados Unidos em 2024, 12% do total embarcado. Os produtos agora taxados somam US$ 22,2 bilhões, ou 54,9% do que se vende ao mercado norte-americano.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode cair 0,22% (R$ 25,8 bilhões) no curto prazo, de um a dois anos, e 0,94% (R$ 110 bilhões) no longo prazo, até dez anos. No mesmo período, podem desaparecer 146 mil postos de trabalho formais e informais; em dez anos, o número supera 618 mil. Os segmentos mais prejudicados no curto prazo são siderurgia e aço sem costura (faturamento -8,11%, empregos -8,08%), produtos de madeira (-7,12% e -6,69%) e fabricação de calçados e artefatos de couro (-3,07% e -2,44%). A cesta de produtos exportados aos Estados Unidos tem um valor agregado maior, com um nível maior de transformação. São produtos mais manufaturados. Por isso, a taxação tende a impactar mais a indústria do que os demais setores. O impacto agregado no PIB é relativamente modesto, mas há um impacto maior a nível setorial.
As empresas que dependem dos Estados Unidos e não estão isentas podem até fechar as portas. Algumas empresas já se ajustam. A Taurus, fabricante de armas e munições em São Leopoldo (RS), transferiu a principal linha de montagem para os Estados Unidos. A Randa, produtora de madeira em Birutuna (PR), onde 80% da economia local depende da empresa, concedeu férias coletivas e suspendeu metade da produção. No longo prazo, embora a indústria continue a sentir o maior baque, os efeitos negativos atingem setores ligados ao consumo das famílias dessas regiões, como atividades imobiliárias (-2,04% no faturamento), educação privada (-1,79%), serviços domésticos (-1,75%) e saúde privada (-1,61%). Se uma empresa reduz sua capacidade produtiva em nível estrutural, essa redução afeta a cadeia produtiva. A empresa ou o setor precisa de menos empregados, reduz a massa salarial e impacta o consumo.
Esse impacto tende a ser mais regionalizado e difuso. Por exemplo, o Sul de Minas de Minas Gerais exporta café e será muito impactado. A região intermediária de Belo Horizonte é mais afetada pela siderurgia: não é só uma empresa grande, são várias pequenas e médias. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou na quarta-feira (13/08), um pacote de socorro às companhias atingidas. Entre as medidas, uma linha de crédito de R$ 30 bilhões deve financiar empresas afetadas e outras que busquem diversificar mercados, reduzindo a dependência dos Estados Unidos. Não é estratégico negligenciar o mercado norte-americano, o de maior poder de consumo do mundo. A negociação tem de avançar para reduzir tarifas e, ao mesmo tempo, ampliar negócios com outros países. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.