25/Aug/2025
O governo brasileiro vai criar uma força-tarefa para ajudar diretamente na negociação de hospedagens para delegações estrangeiras em Belém durante a 30ª Conferência das Partes (COP30). Durante reunião com a equipe da ONU na sexta-feira (22/08), o Brasil endossou o pedido de outros países para que a entidade amplie o subsídio de hospedagem dado aos participantes da conferência e defendeu que a ONU saia da “zona de conforto” e ofereça soluções. A COP30 enfrenta crise de hospedagem devido ao aumento nos preços. Em alguns casos, o valor das reservas para o período do evento, de 10 a 21 de novembro, superou R$ 1 milhão. Diante disso, 29 países assinaram carta pedindo ao governo brasileiro mudança da cidade-sede. O Brasil, porém, reafirma que a COP30 ocorrerá em Belém. Na sexta-feira (22/08), o governo brasileiro participou de reunião com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para responder a 48 perguntas sobre a logística da COP30.
Até o momento, delegações de 39 países já confirmaram reservas na plataforma de hospedagem do governo federal e outras 8 contrataram acomodações por conta própria: Egito, Espanha, Portugal, República do Congo, Singapura, Arábia Saudita, Japão e Noruega. O governo brasileiro deixou claro que não há nenhuma condição de mudança de cidade-sede. Nesse contexto, o Brasil criará força-tarefa com servidores dos Ministérios das Relações Exteriores, do Turismo, do Meio Ambiente e Mudança do Clima e com membros da secretaria da COP para auxiliar delegações estrangeiras nas negociações por hospedagem. A ideia é ter um grupo de pessoas que possa ligar para polos focais da própria ONU nesses países para perguntar, saber o que está acontecendo e ver o que é possível resolver. O Brasil entrará em contato primeiro com os países mais pobres, os mais afetados pela crise de hospedagem, e, depois, com os demais para “achar alternativa com conhecimento local”.
O governo do Estado tem um conhecimento vasto sobre condomínios, pessoas (com imóveis para locação), que pode ajudar. A ONU pediu que o Brasil fornecesse auxílio financeiro às delegações, proposta recusada pelo governo. A carta da ONU pedia explicitamente, sem limitação do número de negociadores, que o Brasil garantisse US$ 100,00 para os países menos desenvolvidos e insulares e uma outra faixa para os países desenvolvidos. Foi explicado claramente que o Brasil não tem condição, mas apoia essa proposta de a ONU subir um pouco contribuição que dá. A ONU fixou em US$ 144,00 o valor do subsídio para Belém, mas, em outros lugares, como a Alemanha, onde ocorre a Conferência de Bonn, preparatória para a COP, o montante chega a US$ 400,00. O pedido é para elevar para a faixa de US$ 250,00. Os representantes do governo brasileiro disseram que a ONU justificou que a mudança de valores demandaria tempo. O Brasil pediu uma reconsideração, para que a ONU possa dar uma contribuição melhor ou maior nesse aspecto de soluções.
A menos de três meses do início da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, que ocorre de 10 a 21 de novembro, quem chega em Belém se depara com obras desde o desembarque, a começar pelo Aeroporto Internacional de Belém Júlio César Ribeiro. No centro da cidade, o cenário se repete, com reurbanização de avenidas, parques e revitalização de pontos turísticos, como a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré e a Estação das Docas. De acordo com dados do governo do Pará, são mais de 30 obras na estruturação da capital para sediar a conferência promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU). As obras são relacionadas ao turismo, ao desenvolvimento urbano e à macrodrenagem com saneamento. Toda essa movimentação ocorre dentro do cronograma previsto e os trabalhos estão 90% concluídos, garante a Secretaria de Infraestrutura e Logística do Estado do Pará. Ao todo, serão investidos R$ 4,5 bilhões nas obras para a COP, entre recursos dos governos federal e estadual.
Todas as obras estão seguindo em ritmo acelerado, de acordo com o cronograma do evento, com 90% de execução e agora em fase de acabamento para entregar esse pacote de infraestrutura antes da Conferência do Clima. São 37 obras do pacote que está sendo executado para a realização da COP em Belém. Não há risco de atrasos como os ocorridos em várias cidades que receberam a Copa do Mundo de 2014. O Círio de Nazaré, tradicional manifestação católica que será realizado em 12 de outubro, servirá como uma espécie de "evento teste". O Círio recebe aproximadamente 2 milhões de devotos por ano nas procissões. Algumas estruturas já foram entregues, como os canais da Timbó, Vileta, José Leal Martins, Cipriano Santos e Gentil, dentro do pacote de saneamento. Ainda em macrodrenagem, outros 13 canais estão sendo revitalizados, sendo dois na região central de Belém e 11 na periferia, conforme dados do governo estadual.
Para receber os 50 mil participantes esperados na COP30, o governo do Estado investiu no BRT Metropolitano, um corredor com 265 ônibus, já 85% finalizado. Três viadutos foram construídos para melhorar a mobilidade urbana: na BR-316 x PA-485 (Alça Viária); BR-316 x Independência e Mário Covas x 3 Corações. Outro viaduto, que liga as Avenidas Mário Covas e Independência, já 75% executado, segundo os dados do governo. Na Região Metropolitana de Belém, o Viário Belém COP30 recebe pavimentação asfáltica e nova sinalização horizontal, com 63% finalizados. A cidade ainda está com a sinalização normal, mas o secretário garante que até novembro ela será feita também em inglês e com direcionamento aos pavilhões da COP, aos pontos turísticos e de logística. As sinalizações rodoviárias cobrirão 400 quilômetros e começarão a ser instaladas nesta semana.
No Parque da Cidade, área de 500 mil metros quadrados que sediará a COP30, 97% das obras civis da Etapa COP foram executadas, segundo dados do governo estadual, o que inclui o Centro de Economia Criativa, o Centro Gastronômico e o Hangar Centro de Convenções, que está com 88% das obras finalizadas. O parque ocupa o espaço de um antigo aeroporto e foram plantadas ali mais de 2,5 mil árvores. O parque foi entregue pelo governo do Pará à ONU e ao governo federal na última segunda-feira (18/08) para a montagem dos pavilhões provisórios de negociação e plenárias da Blue e da Green Zone. De acordo com o governo federal, pouco mais de um terço, 38%, dos pavilhões já estão montados. Após receber a COP30, o Parque da Cidade funcionará como um parque urbano. Uma segunda fase de construção está prevista após a retirada da estrutura modular e provisória dos pavilhões da conferência. O complexo esportivo e aquático do parque estava aberto para a população de julho a 18 de agosto. Os centros gastronômico e de economia criativa serão mantidos no local após a realização da conferência.
Todo o planejamento foi construído com a visão de utilização dos espaços pós-COP. Além das obras, a COP deixará um legado para a capital, com os programas de qualificação profissional do Capacita Pará, com mais de 20 mil pessoas já qualificadas, entre taxistas, camareiras, chefes de cozinha, atendentes e recepcionistas com formação profissional e curso de inglês. Sobre a recente crise de hospedagem na capital paraense, que levou a alguns países a pedirem a troca da cidade-sede da COP, o governo do Estado informou que está construindo a Vila COP30 (Vila Líderes), que terá 405 quartos para receber os delegados e líderes. As obras estão 67% concluídas. Seis escolas foram reformadas para funcionar como hostel durante a COP ou aluguel de temporada. A rede hoteleira recebeu incentivo para modernização e será ampliada com a construção de novos hotéis e o governo federal contratou dois navios que servirão com hotéis.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na sexta-feira (22/08), que a COP30 “não poderia acontecer em nenhum outro lugar senão na Amazônia”. A fala se deu em discurso do presidente durante encontro com a sociedade civil no âmbito da V Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). O governo brasileiro vem enfrentando críticas pela escolha de Belém como sede da COP30, principalmente pelo alto preço de hospedagem na capital do Pará. Mesmo diante das dificuldades enfrentadas, com estabelecimentos que cobram até 15 vezes o valor normal das diárias, o governo brasileiro manteve a realização do evento em Belém. Lula afirmou que a presidência brasileira da COP30 lançou quatro círculos de diálogo.
O primeiro deles é o círculo dos presidentes de COPs anteriores, que está empenhado em garantir que as novas Contribuições Nacionalmente Determinadas estejam à altura dos objetivos do Acordo de Paris. Outro círculo de diálogo é o dos ministros da Fazenda, que está trabalhando para ampliar o financiamento para além dos US$ 300 bilhões de dólares negociados na COP de Baku. O presidente citou o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) durante a COP 30, em Belém. O fundo servirá para remunerar países que tiverem florestas em pé e preservadas. Os outros dois círculos de diálogo são o dos Povos, que tem o objetivo de amplificar vozes de pessoas indígenas e negras no debate climático, e o do Balanço Ético Global, que tem sido usado para criar balizas para uma transição energética justa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.