26/Aug/2025
Após terem abandonado o Acordo de Paris, os Estados Unidos participaram remotamente da sessão de abertura do festival Rio Climate Action Week, com o representante oficial norte-americano indicando que as prioridades no debate climático estão mirando o “foco errado”. Em gravação de vídeo na abertura do festival Rio Climate Action Week, nesta segunda-feira (25/08), o presidente da Força Tarefa Ambiental da Casa Branca, Ed Russo, afirmou ainda que há “falta de liderança” na condução de medidas para mitigação dos problemas decorrentes das mudanças climáticas, que, em sua visão, incluiriam movimentos migratórios forçados pela estiagem e despejo inadequado de lixo e esgoto. Na contramão da visão norte-americana, as primeiras discussões entre especialistas empenhados na defesa do debate climático incluíam chamados para evitar o aquecimento global em até 2°C, conforme previsto no Acordo de Paris, abandonado pelos Estados Unidos no primeiro dia do segundo mandato do atual presidente norte-americano Donald Trump.
Segundo Ed Russo, o atual governo dos Estados Unidos incentiva e suporta “ações genuínas de preservação”. Para o representante norte-americano, questões mais urgentes seriam a estiagem em países do continente africano que estariam incentivando fluxos migratórios, falta de tratamento de esgoto e despejo inadequado de lixo em oceanos e aterros sanitários. "Esse deve ser o nosso foco, os impactos da mudança climática, e não as ameaças da mudança climática", opinou Russo. "Sabemos quais são os problemas, identificamos as soluções, nós certamente temos o dinheiro. O que falta é liderança, e é por isso que estamos aqui hoje", acrescentou ele. Na mesa de debates subsequente, o climatologista e professor universitário Carlos Nobre frisou a necessidade de perseguir a meta do Acordo de Paris, impedir o aquecimento global em 2°C, de forma a evitar consequências ainda mais graves. Se aumentar a temperatura em 2°C, a Amazônia vai se autodegradar, alertou Nobre. Entre os impactos de uma savanização da Amazônia estariam emissões gigantescas de gás carbônico na atmosfera e riscos de epidemias de vírus locais com potencial para novas pandemias.
Haveria ainda repercussão nos chamados ‘rios voadores’, as massas de ar com vapor d’água que têm como origem a umidade da floresta amazônica e se transformam em chuva em outras áreas da América do Sul. Os rios voadores alimentam mais de 50% do cerrado, 30% a 50% da chuva da mata atlântica. Se passou do ponto de retorno do aquecimento climático, o cerrado vai virar caatinga. A mata atlântica do sul vai virar savanizada. A Rio Climate Action Week reúne até 29 de agosto representantes da sociedade civil e dos setores público e privado, numa espécie de aquecimento das discussões rumo à COP30, que ocorrerá em Belém, no Pará, em novembro. Para o economista Winston Fritsch, a proposta do governo brasileiro para o financiamento à restauração e conservação de florestas tem potencial para atrair o financiamento privado a essas iniciativas. "Está sendo apresentado pelo Brasil, e o Banco Mundial apoia, não é brincadeira, é uma iniciativa muito inteligente", declarou Fritsch durante o evento dedicado à defesa climática.
"Estou muito confiante de que vai acontecer. Isso vai ser superimportante para a preservação das florestas." O Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou no sábado (23/08), um comunicado conjunto sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), assinado pelos presidentes e chefes de delegação dos Estados Parte do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), reunidos na cidade de Bogotá, Colômbia. Na nota, os líderes apoiam a criação e consolidação do fundo como um mecanismo para o financiamento de longo prazo, previsível e baseado em resultados, voltado à conservação, restauração e uso sustentável das florestas tropicais, incluindo a região amazônica. O fundo foi ainda respaldado como um instrumento financeiro pragmático, concebido para proporcionar pagamentos por desempenho aos países com florestas tropicais que consigam reduzir o desmatamento, impulsionar a restauração para manter e ampliar a cobertura florestal, reconhecendo os serviços ecossistêmicos prestados pelas florestas em pé. O lançamento do TFFF será oficialmente realizado na cidade de Belém, durante a COP30. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.