26/Aug/2025
O dólar recuou nesta segunda-feira (25/08), e voltou a flertar com o rompimento do piso de R$ 5,40, apesar do avanço no exterior. Além da valorização de commodities como minério de ferro e petróleo e da redução das expectativas de inflação revelada pelo Boletim Focus, o Real teria sido impulsionado por apostas na corrida presidencial de 2026. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deu sinais de que pode se lançar candidato ao Palácio do Planalto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Economistas e gestores de recursos apontam que uma mudança na política fiscal a partir de 2027, com eventual vitória da oposição em 2026, seria um dos principais gatilhos para a redução dos prêmios de risco embutidos na taxa de câmbio.
Exceto por uma alta pontual e bem limitada no início do pregão, quanto registrou máxima de R$ 5,43, o dólar passou o restante da sessão em baixa. Com mínima de R$ 5,40, fechou em queda de 0,20%, a R$ 5,41, levando as perdas em agosto a 3,32%. No ano, a moeda recua 12,39%. A EPS Investimentos avalia que o comportamento da taxa de câmbio parece refletir uma combinação benigna de fatores externos e domésticos. O principal continua sendo a perspectiva de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) começar a cortar os juros em setembro, enquanto o Banco Central do Brasil deve demorar um pouco mais para reduzir a Selic, o que significa maior diferencial de juros.
A queda nas expectativas de inflação reveladas pelo Boletim Focus contribui para o bom desempenho do Real, uma vez que fortalece a posição do Banco Central e, por tabela, reduz a percepção de risco. Além do recuo das projeções para o IPCA neste ano (4,95% para 4,86), 2026 (4,40% para 4,33%), o Boletim Focus trouxe pela primeira vez neste ano redução das expectativas de inflação para 2027, de 4% para 3,97%. Para a Nova Futura Investimentos, o principal fator para queda do dólar foi o Focus. As projeções do IPCA de 12 e 18 meses à frente já estão abaixo da banda superior da meta. Está começando a ancorar. Termômetro do comportamento da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes, o Dollar Index (DXY) operou em ascensão e voltou a superar os 98,000 pontos, com máxima de 98,543 pontos.
Houve um ajuste de posições após o mergulho do dólar na última sexta-feira (22/08), com o discurso dovish do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole. Além disso, o euro renovou mínimas com as turbulências na política francesa, após o primeiro-ministro François Bayrou anunciar uma votação de confiança no dia 8 de setembro. O Banco Master observa que há um ambiente mais positivo para ativos domésticos, com o aceno do presidente do Fed e "uma primeira vitória" do Banco Central brasileiro na tarefa de debelar as expectativas de inflação. Esse movimento do Powell, visto pelo mercado como um pivô dovish, fortalece o diferencial de juros a favor do Brasil, atrai capital estrangeiro, valoriza o Real e contribui para reduzir as expectativas de inflação doméstica. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.