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08/Oct/2025

Brasil está otimista sobre negociação com os EUA

Uma das apostas do governo Lula para as tratativas comerciais com os Estados Unidos daqui para frente é no que é considerado uma “boa relação” do chanceler Mauro Vieira com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, escolhido para representar o governo norte-americano nas negociações. Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltam que, apesar do perfil ideológico, Rubio se reuniu de forma reservada com o ministro brasileiro em julho, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar o tarifaço e criticar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). A avaliação é de que, se não houvesse confiança entre Rubio e Vieira, o encontro entre os dois não teria ocorrido. A gestão vê o norte-americano como um “profissional” que seguirá as instruções que receber de Trump. O governo avaliou que o telefonema entre Lula e Trump na segunda-feira (06/10), foi um avanço concreto, mas reconheceu também que o processo de diálogo é longo.

O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, minimizou o possível impacto negativo da indicação de Rubio. “Não preocupa”, declarou Amorim. Para uma ala do STF, apesar de bolsonaristas terem comemorado a escolha de Rubio para liderar as tratativas, a palavra final sobre retirada de tarifas e de sanções a autoridades brasileiras será de Trump, que se mostrou disposto a negociar. Rubio criticou nominalmente o ministro Alexandre de Moraes quando o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado por tentativa de golpe. No entanto, um membro da Corte observou, sob reserva, que Trump também já atacou o governo Lula de forma pública, mas tem mudado de postura. Todo o receio vem do fato de a equipe do secretário de Estado norte-americano estar mais próxima da narrativa da direita bolsonarista. Foi de lá que partiram as principais críticas contra o Brasil e o julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Rubio é visto como um político "linha dura" em relação aos regimes de esquerda da América Latina.

Ainda assim, a diplomacia acredita que Rubio deve seguir as instruções que receber do presidente dos Estados Unidos. Nos bastidores, há uma confiança no secretário de Estado dos Estados Unidos. Sentimento que permitiu ocorrer o encontro privado entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e Rubio em Washington. Desde a conversa em julho, os dois mantiveram contatos privados, por meio de trocas de mensagens. O Itamaraty avalia que foi um avanço a habilitação de um interlocutor oficial para tratar dos temas do Brasil. Seria um passo importante que estava faltando. A ideia é manter a cautela e a discrição. Os comentários vão na linha de que a conversa com Trump foi mais uma etapa no processo de negociação com os Estados Unidos. A conversa foi "cordial" e agora o Brasil tem um canal aberto para seguir com as tratativas para reverter o tarifaço norte-americano. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a conversa telefônica entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, transcorreu em “clima leve e natural”.

O titular da Fazenda foi um dos auxiliares do mandatário brasileiro acompanhando a reunião, que contou ainda com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira. O ex-chanceler e atual assessor especial Celso Amorim também acompanhou a conversa. “Temos as melhores expectativas justamente pela falta de fundamento de uma medida dessa natureza. As coisas vão transcorrer com naturalidade”, completou Haddad. Segundo o ministro, a ligação teve uma menção ao aniversário de Lula, no dia 27 de outubro. Cada presidente apresentou três representantes de governo para dar prosseguimento às negociações. Haddad ainda informou que vai viajar aos Estados Unidos na próxima semana para participar de reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, em paralelo, se reunir com representantes do governo norte-americano para tratar do tema do tarifaço.

O ministro da Fazenda acredita que as relações entre os presidentes Lula e Trump vão transcorrer bem. A partir do momento que as informações corretas forem chegando pelos canais devidos, os canais institucionais de parte a parte, as coisas vão transcorrer com mais normalidade, que é o que se espera de dois países que estão no mesmo continente, são as duas maiores democracias do Ocidente, completou. Haddad ainda citou possíveis parcerias entre Brasil e Estados Unidos. O ministro ainda disse que, desde o tarifaço, o governo brasileiro passou a conhecer melhor as engrenagens do governo Trump. As equipes vão passar a se falar, e já têm viagens marcadas. Haddad afirmou que, em sua passagem pelos Estados Unidos, na próxima semana, as relações com seu homólogo vão se transformar em "coisas comuns". Fernando Haddad afirmou que pode haver espaço para um encontro com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, durante sua viagem aos Estados Unidos na próxima semana.

Segundo ele, há muitas oportunidades de investimento norte-americano na América do Sul, que tradicionalmente é deficitária com os Estados Unidos. Ele citou como exemplos de investimentos possíveis a exploração de terras raras e projetos de transformação ecológica. O governo não vai mudar a estratégia sobre como lidar com os Estados Unidos porque o atual método está funcionando. Haddad disse estar confiante nos argumentos do Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca uma reaproximação com os Estados Unidos que não é ideológica. O ministro minimizou a escolha de Donald Trump pelo Secretário de Estado, Marco Rubio, para ser o interlocutor com o Brasil. Para ele, independentemente do negociador, a diplomacia brasileira vai superar esse momento.

Deve haver conversas em nível ministerial antes de um encontro presencial entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. Não existe reunião entre presidentes sem preparo prévio. Para o ministro, a questão entre o Brasil e os Estados Unidos não é comercial por parte dos norte-americanos. Segundo ele, o Brasil não vai fazer uma negociação "item a item" do tarifaço, reforçando que é preciso superar a questão política para uma resolução ampla. Ele também defendeu que desde o início o governo não previu um impacto macroeconômico com o tarifaço, mas que há empresas sofrendo com a medida dos Estados Unidos. Por isso, quanto mais rápido isso for superado, melhor.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que é preciso aguardar ainda para haver novos passos na relação com os Estados Unidos depois do telefonema entre Lula e Trump. O Citi avalia a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump como "indiscutivelmente positiva" para as relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos. No entanto, um acordo ainda é incerto e pode demorar a se concretizar. As reuniões presenciais que foram sinalizadas pelo presidente Trump podem ser marcos importantes nesse sentido. O presidente brasileiro sugeriu a possibilidade de um encontro ocorrer na reunião de líderes do bloco econômico do Sudeste Asiático, em Kuala Lumpur, entre 26 e 28 de outubro.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, será o representante do lado norte-americano nas negociações sobre o tarifaço contra o Brasil. O anúncio foi feito na segunda-feira (06/10), após um telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. Rubio foi senador pelo Partido Republicano na Flórida por mais de 14 anos. Ele deixou o cargo no início deste ano para liderar o Departamento de Estado do segundo mandato de Trump. Ele nasceu em Miami e se formou em Ciências Políticas na Universidade da Flórida, antes de se especializar em Direito na Universidade de Miami. Durante seus anos como senador, Rubio pressionou três gestões a adotarem posturas mais agressivas em relação à América Latina e buscou a destituição dos líderes da Venezuela, Cuba e Nicarágua, cujos governos ele chamou de “ilegítimos”.

Como secretário de Estado, ele foi um dos responsáveis por orientar a administração norte-americana a usar força militar para destruir barcos suspeitos de transportar drogas e matar as pessoas a bordo, sem um processo legal. Apesar de ter sido anunciado por Trump como líder do Departamento de Estado em novembro do ano passado, a relação entre os dois nem sempre foi amistosa. Em 2016, Trump fez piadas com a altura de Rubio e chegou a apelidá-lo de “Little Marco” durante as primárias republicanas. A indicação de Rubio como interlocutor do lado norte-americano nas negociações com o Brasil gerou apreensão.

Ele é visto pelo governo Lula como um “linha dura” em temas relativos aos regimes de esquerda da América Latina. Recentemente, Rubio fez dezenas de críticas ao ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e o acusou de abuso de autoridade e ataques contra oponentes políticos. Ele, inclusive, foi um dos responsáveis por anunciar a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro e sua mulher. Rubio já se encontrou algumas vezes com o deputado federal Eduardo Bolsonaro e fez comentários públicos ameaçadores sobre a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem também se reuniu no passado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.