10/Oct/2025
De acordo com os resultados preliminares do Censo Demográfico 2022 sobre Trabalho e Rendimento, divulgados nesta quinta-feira (09/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda mensal domiciliar per capita, valor que as famílias têm disponível por integrante somando todas as fontes de renda, que incluem trabalho, aposentaria, pensão, benefícios de programas sociais do governo, rendimentos de aluguel ou arrendamento, entre outros, foi de R$ 1.638,00 no Brasil no ano de 2022, em termos nominais. O município de Nova Lima, em Minas Gerais, registrou o melhor desempenho nacional, R$ 4.300,00 por pessoa da família por mês. O resultado é 15 vezes o de Uiramutã, em Roraima, onde as famílias sobreviviam com apenas R$ 289,00 por pessoa por mês, cerca de R$ 9,63 por dia. Completam a lista de menores rendas per capita os municípios de Bagre (PA), com R$ 359,00; Manari (PE), R$ 359,00; Belágua (MA), R$ 388,00; Cachoeira Grande (MA), R$ 389,00; São Paulo de Olivença (AM), R$ 397,00; Primeira Cruz (MA), R$ 413,00; Humberto de Campos (MA), R$ 416,00; Marajá do Sena (MA), R$ 426,00; e Tonantins (AM), R$ 432,00.
No extremo oposto, figuraram ainda no ranking de maiores rendas per capita os municípios de São Caetano do Sul (SP), R$ 3.885,00; Florianópolis (SC), R$ 3.636,00; Balneário Camboriú (SC), R$ 3.584,00; Niterói (RJ), R$ 3.577,00; Santana de Parnaíba (SP), R$ 3.465,00; Marema (SC), R$ 3.440,00; Vitória (ES), R$ 3.352,00; Petrolândia (SC), R$ 3.308,00; e Tunápolis (SC), R$ 3.288,00. O IBGE ressalta a desigualdade regional na renda per capita: todos os dez municípios com os maiores valores do País estavam nas Regiões Sudeste e Sul, sendo cinco deles no estado de Santa Catarina; por outro lado, os dez municípios com os menores rendimentos per capita estavam nas Regiões Norte e Nordeste, cinco deles no Maranhão. O Maranhão foi a Unidade da Federação com menor renda per capita em 2022, apenas R$ 900,00 enquanto o Distrito Federal teve o maior resultado, R$ 2.999,00. Por cor ou raça, a renda per capita das populações branca (R$ 2.207,00) e amarela (R$ 3.520,00) equivalia a quase duas ou três vezes o montante obtido pelas populações preta (R$ 1.198,00) e parda (R$ 1.190,00), sendo o rendimento de indígenas ainda mais baixo, apenas R$ 669,00 por pessoa por mês.
Quase um terço da população (31,8%) sobrevivia com até meio salário-mínimo em 2022, que naquele ano era de R$ 1.212,00 mensais. Uma fatia de 13,3% dos brasileiros tinha rendimento domiciliar per capita médio de até um quarto do salário-mínimo, proporção que subia a 23,3% no Norte e 22,4% no Nordeste. O índice de Gini do rendimento médio domiciliar per capita (indicador que mede a desigualdade de renda, numa escala de 0 a 1, em que, quanto mais perto de 1 o resultado, maior é a concentração de riqueza) foi de 0,542 para o total do Brasil em 2022. Na Região Norte, o Gini chegou a 0,545, e na Região Nordeste, a 0,541, enquanto a Região Sul teve o menor resultado, 0,476. Entre as Unidades da Federação, os maiores valores de Gini foram os do Distrito Federal (0,584) e Rio de Janeiro (0,574), enquanto os mais baixos ficaram com Santa Catarina (0,452) e Paraná (0,482). Os moradores do município de Nova Lima, em Minas Gerais, recebiam a maior renda média do trabalho em todo o País, R$ 6.929,00 mensais, em valores nominais, ou seja, sem correção pela inflação.
No ranking dos 10 municípios com maiores rendimentos figuraram apenas cidades das Regiões Sudeste e Sul. Em segundo lugar ficou São Caetano do Sul (SP), com renda média de R$ 6.167,00, seguido por Santana de Parnaíba (SP), R$ 6.081,00; Petrolândia (SC), R$ 5.989,00; Vespasiano Corrêa (RS), R$ 5.779,00; Tunápolis (SC), R$ 5.417,00; Marema (SC), R$ 5.395,00; Niterói (RJ), R$ 5.371,00; Nova Ramada (RS), R$ 5.328,00; e Vitória (ES), R$ 5.242,00. Na direção oposta, todos os 10 municípios com menores rendimentos do trabalho pertenciam à Região Nordeste. Os trabalhadores com mais baixa remuneração do País foram os de Cachoeira Grande, no Maranhão, apenas R$ 759,00 mensais, seguidos por Caraúbas do Piauí (PI), R$ 788,00; Mulungu do Morro (BA), R$ 805,00; Bacurituba (MA), R$ 811,00; São João do Arraial (PI), R$ 820,00; Betânia do Piauí (PI), R$ 828,00; São José do Piauí (PI), R$ 833,00; Salitre (CE), R$ 851,00; Tomar do Geru (SE), R$ 876,00; e Cedral (MA), R$ 878,00. O resultado evidencia as desigualdades regionais no mercado de trabalho. O trabalhador de Nova Lima (MG) obtém um salário 813% superior ao de Cachoeira Grande (MA).
Na média nacional, o trabalhador brasileiro recebia R$ 2.851,00 em termos nominais declarados no ano de 2022. Em 520 cidades, ou 9,3% dos 5.571 municípios do País, o rendimento do trabalho era inferior ao salário-mínimo vigente, que era de R$ 1.212,00. No ano de 2022, 75,5% do rendimento domiciliar total era comporto pelo rendimento de todos os trabalhos, e os 24,5% restantes eram provenientes das demais fontes, que incluem aposentadorias, pensões, programas de transferência de renda e rendimentos de aluguel, entre outros. A renda do trabalho tinha menor peso na renda total obtida pelas famílias da Região Nordeste (67,9% da renda de todas as fontes vinha do mercado de trabalho), mas mais participação na Região Centro-Oeste (80,6% da renda de todas as fontes vinha do mercado de trabalho). Entre as Unidades da Federação, o Piauí teve a menor participação do trabalho na renda obtida de todas as fontes, uma fatia de 64,3%, enquanto Mato Grosso teve a maior, com 84,5%.
Os dez municípios com as maiores participações do trabalho no rendimento domiciliar estavam na Região Centro-Oeste, sendo oito deles em Mato Grosso: Querência (MT), com 93,7% da renda domiciliar provenientes do mercado de trabalho; Sapezal (MT), 93,5%; Primavera do Leste (MT), 92,9%; Campo Novo do Parecis (MT), 92,8%; Chapadão do Sul (MS), 92,7%; Sorriso (MT), 92,6%; Chapadão do Céu (GO), 92,3%; Santa Cruz do Xingu (MT), 92,1%; Campos de Júlio (MT), 91,7%; e Alto Taquari (MT), 91,6%. Os dez municípios com as menores participações do mercado e trabalho no rendimento domiciliar total estavam na Região Nordeste, sendo seis deles no Piauí: Vera Mendes (PI), 23,0%; Jurema (PI), 24,8%; Venha-Ver (RN), 24,8%; São Francisco do Piauí (PI), 25,8%; Pau D'Arco do Piauí (PI), 26,9%; Wall Ferraz (PI), 27,9%; Manari (PE), 28,2%; Vieirópolis (PB), 29,2%; Fartura do Piauí (PI), 31,8%; e Olho d'Água Grande (AL), 31,8%. Sete em cada dez trabalhadores brasileiros recebiam, no máximo, dois salários-mínimos no ano de 2022. Se somados todos da base com menores rendimentos, 68% dos brasileiros que trabalhavam em 2022 recebiam, no máximo, entre nada a até dois salários-mínimos mensais.
Por outro lado, uma pequena fatia de apenas 0,7% dos trabalhadores recebia uma renda mensal que superava 20 salários-mínimos. Em 2022, 11,2% dos trabalhadores trabalhavam por uma remuneração que chegava, no máximo, a R$ 606,00 mensais, a metade do salário-mínimo de R$ 1.212,00 mensais. Mais de um terço (35,3%) dos que trabalhavam tinham remuneração aquém ou até o salário-mínimo vigente. O rendimento médio mensal nominal dos trabalhadores homens foi de R$ 3.115,00 em 2022, superando em 24,3% o das mulheres, que ficou em R$ 2.506,00. A escolaridade das mulheres ocupadas permanecia maior que a dos homens ocupados: 28,9% delas tinham nível superior completo, contra uma fatia de 17,3% dos homens. No entanto, os trabalhadores homens recebiam rendimentos médios mensais superiores aos das mulheres ocupadas em qualquer nível de instrução. A maior diferença estava no ensino superior completo: os homens com essa formação recebiam R$ 7.347,00 mensais, 60% a mais que os R$ 4.591,00 recebidos pelas mulheres com essa mesma escolaridade. Quanto ao recorte por cor ou raça, os menores rendimentos médios do trabalho foram recebidos por pardos (R$ 2.186,00), pretos (R$ 2.061,00) e indígenas (R$ 1.683,00), sendo maiores para amarelos (R$ 5.942,00) e brancos (R$ 3.659,00).
As desigualdades de raça persistiam em qualquer nível de instrução analisado, sendo a maior discrepância presente entre os trabalhadores com nível superior completo: amarelos (R$ 8.411,00), brancos (R$ 6.547,00), pardos (R$ 4.559,00), pretos (R$ 4.175,00) e indígenas (R$ 3.799,00). O nível da ocupação (que mostra a proporção de pessoas trabalhando dentro da população em idade de trabalhar) também revelou desigualdades no mercado de trabalho. No ano de 2022, 50 municípios tinham nível de ocupação igual ou maior que 70%, ou seja, sete de cada 10 pessoas de 14 anos ou mais de idade estavam ocupadas. Por outro lado, 330 municípios tinham resultado menor ou igual a 30%, o que significa que a cada 10 pessoas de 14 anos ou mais residentes, 7 foram classificadas como desocupadas ou fora da força de trabalho. Os três municípios com os maiores níveis de ocupação do País foram Fernando de Noronha (PE), 82,9%; Vila Maria (RS), 78,4%; e Serra Nova Dourada (MT), 78,2%. Na média do Brasil, o nível de ocupação foi de 53,5%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.