27/Oct/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na noite da quinta-feira (23/10), o fim de "todas as negociações comerciais" com o Canadá, por causa de um anúncio de televisão produzido pelo governo canadense que teria distorcido fatos sobre as tarifas de importação. Em publicação em rede social, Trump acusou o Canadá de usar "fraudulentamente" um discurso do ex-presidente norte-americano Ronald Reagan para criticar as tarifas. "Tarifas são muito importantes para a segurança nacional e a economia dos Estados Unidos", escreveu o republicano. A reação ocorreu um dia após o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmar que pretende dobrar as exportações canadenses para outros países em uma década para reduzir a dependência dos Estados Unidos, diante do esfriamento da relação comercial entre os dois países.
Apesar da disputa, cerca de 85% do comércio bilateral segue livre de tarifas, dentro do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA). Donald Trump voltou a atacar o Canadá na sexta-feira (24/10), acusando o país vizinho de tentar "influenciar ilegalmente" a Suprema Corte norte-americana e de "fraudar" um anúncio televisivo sobre tarifas comerciais. Trump acusou o Canadá de "cobrar até 400%" sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos e agradeceu à Fundação Ronald Reagan por "expor a fraude". A nova crítica ocorre em meio a uma escalada de tensões entre os dois países. O republicano afirmou que "o Canadá trapaceou e foi pego", alegando que o vídeo publicitário teria usado indevidamente a imagem do ex-presidente Ronald Reagan.
"Eles alegaram que Reagan não gostava de tarifas, quando, na verdade, ele as amava, por sua importância para a segurança nacional", escreveu. O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou que não permitirá que os Estados Unidos tenham acesso “inapropriado” ao mercado canadense caso os países não cheguem a um acordo em relação às tarifas. A declaração veio após os Estados Unidos anunciarem tarifas sobre o aço, o alumínio e os automóveis canadenses. “Se não avançarmos nesses diversos setores, faremos o que for necessário para proteger nossos trabalhadores”, disse Carney, falando sobre possíveis acordos tarifários e sobre a revisão do próximo ano do acordo livre comércio entre o México, Canadá e os Estados Unidos. Caso os norte-americanos tenham acesso aos mercados canadenses de uma forma inapropriada, Carney sinalizou que poderá mudar os termos.
O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou que a decisão do presidente Donald Trump de suspender as negociações comerciais com o Canadá reflete a frustração do governo com a falta de avanços nas conversas. "O fato é que as negociações com os canadenses não têm sido muito cordiais", afirmou. "Elas não estão indo bem. Acho que o presidente está muito frustrado. Ele quer um ótimo acordo com o Canadá, assim como quer um ótimo acordo com o México." Hassett ainda destacou que a inflação nos Estados Unidos "está desacelerando", o que, segundo ele, reduz a pressão sobre o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
O premiê de Ontário, Doug Ford, afirmou que a província canadense suspenderá sua campanha publicitária para que as negociações comerciais possam ser retomadas com o governo norte-americano. A decisão foi tomada após conversa com o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney. A campanha será suspensa nesta segunda-feira (27/10). O líder do governo da província canadense disse, contudo, que orientou sua equipe a continuar transmitindo a mensagem aos norte-americanos durante o fim de semana para que o comercial seja exibido durante os dois primeiros jogos da World Series. A campanha irritou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Nossa intenção sempre foi iniciar um diálogo sobre o tipo de economia que os americanos desejam construir e o impacto das tarifas sobre trabalhadores e empresas", afirmou Ford. "Atingimos nosso objetivo, alcançando o público norte-americano nos níveis mais altos". "O povo elegeu nosso governo para proteger Ontário, nossos trabalhadores, empresas, famílias e comunidades. É exatamente isso que estou fazendo", disse o governante provincial. "Como disse hoje mais cedo: Canadá e Estados Unidos são vizinhos, amigos e aliados. Somos muito mais fortes quando trabalhamos juntos."
Ainda, a guerra comercial do presidente norte-americano está acelerando os planos de expansão do maior porto de contêineres do leste do Canadá. Autoridades portuárias afirmam que o novo terminal de movimentação de contêineres do Porto de Montreal custará cerca de 1,6 bilhão de dólares canadenses, o equivalente a US$ 1,15 bilhão, em um passo crucial para fortalecer o comércio exterior do Canadá. O primeiro-ministro Mark Carney selecionou Montreal como um dos cinco projetos de importância nacional, além de uma instalação de gás natural liquefeito, um projeto de energia nuclear e duas minas de cobre, que serão acelerados por um recém-criado Escritório de Grandes Projetos. Fontes: The Wall Street Journal e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.