28/Oct/2025
Enquanto diplomatas negociarão medidas para tentar segurar o aquecimento global durante a COP30 - que será realizada no mês que vem, em Belém (PA), representantes do setor privado brasileiro aproveitarão que as atenções do mundo estarão voltadas para debates relacionados à sustentabilidade para tentar levantar recursos para projetos "verdes". A Natura, por exemplo, vai apresentar, durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, seu projeto de produção agroflorestal de óleo de palma (dendê). A intenção é buscar parceiros para escalar a iniciativa e influenciar outros países a adotarem projetos semelhantes.
Normalmente cultivado como monocultura, o dendê é associado ao desmatamento em várias regiões do mundo, principalmente na Ásia. A Natura, porém, desenvolve um projeto desde 2007 com a Cooperativa Agrícola Mista Tomé-Açu (do Pará) e com a Embrapa que tornou viável produzir a palma ao lado de cacau, açaí, mandioca e andiroba. Nesse modelo, os cultivos recuperam um ambiente degradado e aumentam a produtividade e a renda dos agricultores. A Natura, que usa o produto na fabricação de xampus e sabonetes, conta com apenas 16 produtores cultivando palma nesse modelo, em um total 650 hectares. A intenção é expandir para 12 mil hectares.
Para alcançar a meta, a companhia busca fontes de financiamento. Em setembro, fechou parceria de R$ 50 milhões com o Banco do Brasil para ajudar os produtores no acesso ao crédito. Chegando o recurso aos produtores, irá auxiliar no custeio das atividades do ciclo produtivo, além de promover investimentos para aumento de produtividade, com recuperação de áreas e aquisição de equipamentos. Na COP, o projeto será apresentado como um modelo de sucesso da sustentabilidade como alavanca de negócio, com foco em seu potencial de servir de influência para outros países. O Instituto Amazônia 21+, iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que reúne nove federações das indústrias dos Estados da Amazônia Legal, também estará na COP em busca de recursos.
Na conferência, o instituto lançará um chamamento para o fundo Travessia, que apoia micro e pequenos negócios da bioeconomia amazônica, apenas para o Pará. Anteriormente, o fundo fez um chamamento para todos os Estados da Amazônia Legal e atraiu 50 empresas, que estão sob análise. O fundo já levantou R$ 800 mil, mas a meta é chegar a R$ 10 milhões. Ainda antes do início oficial da COP-30, em 10 de novembro, a busca por recursos deve se concentrar em São Paulo, que sediará eventos sobre sustentabilidade para o setor privado. O PRI in Person (conferência sobre investimento responsável), marcado para ocorrer entre 4 e 6 de novembro, deverá ser um dos encontros em que as conversas para captar investimentos serão mais intensas.
Gestora de recursos focada em ativos ambientais, a IWÁ, por exemplo, apresentará no PRI in Person um fundo para investir em agricultura regenerativa. Com previsão de lançamento para 2026, o fundo deverá levantar US$ 200 milhões entre fevereiro e junho. O dinheiro será investido na assistência técnica para recuperação regenerativa de 100 mil hectares de pastagem degradada. A intenção é captar recursos principalmente com o investidor estrangeiro. Com uma taxa de retorno de 20% e aportando em projetos de dez anos, o fundo teria dificuldades de atrair investidores no Brasil, com a Selic em 15%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.