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28/Oct/2025

COP30 e o reconhecimento da agricultura tropical

O setor agropecuário brasileiro se mobiliza para garantir espaço e reconhecimento nas discussões da COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA). A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entregou ao enviado especial da Agricultura para a COP 30, Roberto Rodrigues, à presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, e ao senador Zequinha Marinho (Podemos/PA) o documento com o posicionamento oficial do setor para a Conferência, que vai reunir chefes de Estado, cientistas e representantes da sociedade civil em torno do combate às mudanças climáticas. Para discutir o papel do produtor rural como protagonista da sustentabilidade e da segurança alimentar global, a CNA reuniu em um evento na sede da entidade presidentes de Federações estaduais de agricultura e pecuária, entidades, autoridades, convidados e diretores do Sistema CNA/Senar. A CNA defendeu que a agropecuária brasileira é provedora de alimentos e energia, e precisa ser reconhecida como parte da solução climática.

O documento entregue pela CNA, intitulado “Agropecuária Brasileira na COP30”, foi elaborado a partir de consultas com produtores rurais, federações, pesquisadores e entidades do setor. Ele apresenta propostas e contribuições que podem servir de subsídio para as negociações brasileiras na Conferência e para as autoridades que conduzirão o diálogo internacional sobre o clima. Há uma expectativa de que a COP30 avance na questão da agricultura tropical. O agro brasileiro precisa ser medido com métricas e critérios adaptados à agricultura tropical, e não mais por métricas de agricultura temperada que não refletem a realidade do agro brasileiro. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) reforçou que a agricultura brasileira já trabalha com ciência e inovação para reduzir emissões e aumentar a sustentabilidade no campo. O Brasil já lançou a soja, a carne e o leite de baixo carbono e tem mais de 200 tecnologias a serem demonstradas na COP30.

A ideia é mostrar que a agricultura pode ser parte da solução climática. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) argumentou que há anos o debate climático deixou de ser um debate moral, de quem faz ou não o bem, ou um debate ambiental, de especialistas em meio ambiente, para se tornar um debate econômico. O meio ambiente ingressou nas questões produtivas, financeiras e comerciais. Ao longo dos últimos 15 anos foram os países do Hemisfério Norte que fizeram as regras sobre o que é ou não danoso nas cadeias produtivas, estabelecendo protocolos que serviam para eles. Nos últimos cinco anos, esse plano foi compartilhado com o restante do mundo para que todos incorporassem as suas organizações. No entanto, estas métricas não se encaixam no mundo tropical. Então, na concorrência internacional, o Brasil já sai perdendo, porque os padrões locais não são reconhecidos. É preciso buscar o reconhecimento para a organização tropical.

Um dos principais pontos do documento é a defesa de mecanismos financeiros mais acessíveis ao campo. O financiamento é hoje o maior gargalo para a implementação de ações climáticas em escala global. A proposta apresentada sugere linhas de crédito diferenciadas, seguros climáticos e redução dos custos de endividamento, de forma a permitir que o produtor rural incorpore práticas de baixo carbono. No capítulo final do documento, a CNA aborda o legado da COP30 para a Amazônia, destacando que a região abriga 30 milhões de brasileiros e mais de 1 milhão de produtores rurais que garantem a segurança alimentar local. Com base neste cenário, a conferência deve ser também um marco de reconhecimento da presença humana e produtiva na floresta. A Amazônia sempre é pauta nas COPs, mas este ano vai tomar uma maior envergadura. A expectativa é que seja discutido tudo que impacta no dia a dia da região, não só com relação a preservação, mas olhando para as preocupações com a pobreza e a violência, para melhorar o desenvolvimento econômico e social, criando ações efetivas, e não só retóricas.

O enviado especial da Agricultura para a COP30, Roberto Rodrigues, defendeu propostas para acelerar a regularização fundiária na Amazônia, a partir da união de todos os interessados, para que o produtor rural da região consiga ter todas as condições de produzir e alimentar o Brasil e o mundo. A agricultura e segurança alimentar é abordada com o detalhamento de como as mudanças do clima impactam a produção e como o setor pode contribuir com mitigação e adaptação. A CNA quer garantir que os produtores rurais sejam ouvidos e reconhecidos como provedores de soluções ambientais. Outro tema de destaque é o Global Stocktake (GST), mecanismo que mede o progresso dos países em relação ao Acordo de Paris. É essencial aprimorar as ferramentas de monitoramento e tornar as informações mais acessíveis e comparáveis entre setores. A Transição Justa visa projetar caminhos para assegurar o cumprimento de metas do Acordo de Paris de forma justa e equitativa, sem sobrecarregar ou causar prejuízos aos produtores. Fonte: Valor Online. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.