28/Oct/2025
A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira defendeu que o Brasil amplie a diversificação de suas exportações para os países islâmicos, hoje concentradas em produtos básicos como carnes e outras commodities agrícolas. O País já exerce papel importante na economia Halal como maior exportador mundial de proteína certificada, mas ainda tem "muito terreno a conquistar" em outros segmentos de consumo. Quase 2 bilhões de muçulmanos movimentam um mercado de consumo estimado em mais de US$ 7 trilhões, representado por economias em plena ascensão e por uma população predominantemente jovem que cresce a taxas acima das médias mundiais. O Brasil exporta cerca de US$ 6 bilhões em proteína Halal para os 57 países que compõem a Organização para a Cooperação Islâmica (OCI).
As exportações totais de alimentos e bebidas do Brasil para essas nações somaram US$ 28 bilhões em 2024, um aumento de 20% em relação ao ano anterior. O Brasil já exerce um papel importante dentro da economia Halal, sendo o maior exportador de proteína Halal do mundo. É preciso intensificar os esforços institucionais para que empresários brasileiros e das nações da OCI tenham um ambiente de negócios favorável às trocas comerciais, principalmente por meio do fortalecimento da interlocução diplomática entre o governo brasileiro e os países islâmicos. Este tipo de iniciativa abre boas perspectivas para ampliar os acordos de livre comércio do Brasil com países muçulmanos. No âmbito doméstico, é preciso intensificar as iniciativas de fomento à produção Halal brasileira, que embora seja destaque no setor de proteína animal, ainda pode avançar para muitos outros segmentos.
Foi citado o Projeto Halal do Brasil, iniciativa conjunta da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e da Agência Brasileira de Promoção às Exportações e Investimentos (Apex Brasil), que tem como objetivo capacitar pequenas e médias empresas para a obtenção do certificado Halal. A certificação é extremamente importante para o mercado. Em primeiro, ela atesta ao consumidor que o produto em questão foi obtido por meio de processos produtivos que respeitam as tradições culturais e religiosas do islamismo. Além disso, a certificação é vista como um diferencial de qualidade, já que o Halal está profundamente relacionado a princípios de boas práticas e do ESG. O chanceler Mauro Vieira destacou que a diplomacia brasileira conseguiu abrir 437 novos mercados para produtos nacionais desde janeiro de 2023, início do atual governo.
O ministro das Relações Exteriores destacou que os países do Golfo representam potencial para ampliar exportações brasileiras no futuro próximo. O número de 437 mercados considera todas as categorias de bens brasileiros que encontraram novos compradores no exterior, não necessariamente países. Segundo Vieira, o resultado é fruto da atuação do Itamaraty em fóruns multilaterais, como o Brics, além de negociações bilaterais. As tratativas têm incluído países muçulmanos, especialmente os do Golfo Pérsico. O chanceler informou que os 57 países da OCI têm no Brasil o principal fornecedor externo de alimentos. Para essa região, o Brasil enviou US$ 28,09 bilhões em alimentos e bebidas no ano passado, com açúcar, carnes de frango e bovina Halal, café, grãos e mate liderando a pauta.
Apenas para a Liga Árabe, que reúne 22 países do Golfo e do Norte da África, as exportações brasileiras somaram US$ 23,68 bilhões, crescimento de 22,44% sobre 2023 e o segundo recorde consecutivo. Do total, 75% foram alimentos, com destaque para carnes com certificação Halal. Com a capacidade de adaptação e de antecipação das demandas econômicas, o Brasil soube encontrar nas exigências Halal uma oportunidade. Os produtores brasileiros souberam dar a devida atenção aos costumes e às especificidades éticas e religiosas do mundo muçulmano para construir o que mais importante há, seja no mundo dos negócios, seja na diplomacia: a confiança. Vieira apontou, porém, que existem segmentos Halal nos quais o Brasil ainda tem participação tímida, citando cosméticos, medicamentos e vestuário.
O ministro mencionou dados de um levantamento, segundo o qual o mercado de cosméticos Halal, estimado em US$ 87 bilhões em 2023, deve atingir US$ 118 bilhões até 2028. Apesar dos desafios com a necessidade de regulamentação e certificação específica, a experiência bem-sucedida da indústria de alimentos nos dá confiança de que os produtores brasileiros estarão preparados para atender as expectativas deste exigente mercado. O potencial de crescimento é enorme. A certificação Halal atesta produção conforme tradições culturais e religiosas do islamismo e é obrigatória na maioria dos países muçulmanos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.