31/Oct/2025
Com as ondas de calor dos últimos anos e as transformações cada vez mais intensas no clima, pensar em como se adaptar à nova realidade e prevenir doenças crônicas, problemas de saúde mental e epidemias, entre outras consequências da crise climática para a saúde humana, tornou-se um imperativo. Em 2023, a poluição do ar passou ao primeiro lugar como fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, com 8,1 milhões de mortes no mundo. Além disso, a poluição também foi associada a 30% das mortes por doenças cardiovasculares e a 27% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC). A crise climática é uma crise em saúde e a mudança do clima é a maior ameaça do século 21 em relação à saúde. Apesar dos efeitos observáveis, como a desidratação em crianças e a fadiga em idosos, as mudanças climáticas ainda não constam como causas de morte em certidões de óbito.
Até hoje, há apenas um caso reportado, na Inglaterra: uma criança de 9 anos faleceu por asma causada por poluição do ar e, pela primeira vez, isso foi colocado no documento e foi feita uma ação no estado para mudanças. Trabalhos recentes, como o relatório Lancet Countdown, da revista científica The Lancet, apontam que, no Brasil, o estresse térmico deverá afetar mais as crianças e os idosos e, devido às mudanças nos padrões de chuva, o País enfrentará uma maior prevalência de doenças infecciosas e riscos aumentados de insegurança alimentar. O Brasil é o quarto maior emissor per capita de gases de efeito estufa e um dos países que mais vão sofrer as consequências porque se localiza nos trópicos. Além da saúde física, as mudanças do clima têm consequências para a saúde mental.
Segundo a Monash University, na Austrália, a depressão sazonal é conhecida na psiquiatria. A psique depende do ambiente em que se vive. Sobreviventes de enchentes e outras catástrofes, por exemplo, podem ter o bem-estar psicológico prejudicado. É preciso encarar o problema sob a ótica da adaptação. Faz muito tempo que se fala de mudanças climáticas, mas nada é feito. Não tem mais o que fazer, o clima já mudou. Agora, é preciso adaptar. Muitos prédios não estão adaptados para suportar o extremo do tempo. Eles são espelhados e foram construídos quando o clima era mais ameno. Se o setor de saúde fosse um país, seria o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. A AstraZeneca no Brasil apontou que um dos desafios é justamente reduzir essas emissões no mercado de saúde.
O mercado de saúde é responsável por 5% da cadeia produtiva. Metade disso está relacionada à cadeia produtiva e a outra metade, à jornada do paciente, como a forma como se transporta o paciente, a forma como se hospitaliza. Não é apenas o clima que impacta a saúde, mas a saúde impacta o clima. É preciso investir na prevenção de problemas de saúde para evitar a locomoção do paciente e internações. Como exemplo, os casos de doença renal crônica: fazer um diagnóstico e uma intervenção precoce evita hemodiálise. Metade dos pacientes poderia não estar ali. Tem muito o que ser feito, como o investimento em telemedicina, que evita o deslocamento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.