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31/Oct/2025

Brasil: investimento em energia verde ganha tração

A agência de classificação de riscos Moody's aponta que a abundância de recursos naturais e a capacidade industrial em expansão dão sustentação às metas brasileiras de descarbonização de longo prazo. A classificadora observa que parques eólicos e solares avançam sobretudo na Região Nordeste, enquanto projetos híbridos e futuros hubs de hidrogênio verde se acumulam nos estados do Ceará e do Piauí, ainda limitados por gargalos logísticos. O hidrogênio de baixo carbono aparece como opção para o horizonte pós-2030, mas continua economicamente inviável sem forte apoio político, mesmo com projeção de queda do custo de produção de US$ 5,30 por quilo em 2020 para cerca de 2,70 por quilo em 2050. Na bioenergia, investimentos crescem em regiões agrícolas como Mato Grosso. Empresas como FS Indústria de Biocombustíveis, André Maggi Participações e Inpasa elevaram a produção de etanol de milho, hoje responsável por mais de 20% do mercado, ante menos de 2% em 2020, e complementam o etanol de cana-de-açúcar já produzido por Raízen e Adecoagro.

No combustível sustentável de aviação (SAF), a Refinaria de Mataripe e a Petrobras planejam parceria para desenvolver SAF e óleo vegetal hidrotratado na Bahia. A Petrobras, que destina US$ 11 bilhões ao segmento de gás e energia de baixo carbono, aprovou plano de transição para manter sua relevância no abastecimento e atingir neutralidade de carbono em 2050. A Moody's destaca também a diversificação nos setores químico e siderúrgico. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) testa processos que substituem carvão por hidrogênio, e o Porto de Açu, no Rio de Janeiro, já reúne cinco acordos voltados à amônia e biocombustíveis. Na Amazônia, o governo avalia projetos solares, de biomassa e de armazenamento para comunidades remotas, buscando reduzir a dependência de geradores a diesel. O País reafirmou em novembro de 2024 o compromisso de zerar emissões líquidas até 2050 e manteve as metas de cortes de 37% até 2025 e 43% até 2030.

O novo Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões, lançado em 2024, cobre cerca de um quarto das emissões nacionais e segue padrões do Acordo de Paris. O Brasil exibe exposição moderada aos riscos da descarbonização, em linha com a mediana dos países de perfil semelhante. Apesar dos avanços, a expansão renovável pressiona a rede de transmissão. Entre 2025 e 2029, o Operador Nacional do Sistema prevê crescimento anual de 3,4% na demanda, contra alta de 15,5% na oferta, puxada por usinas solares e geração distribuída. Para mitigar o descompasso, o País acelera a implantação de baterias e estuda uso de armazenamento hidrelétrico bombeado, que pode aproveitar a infraestrutura já existente a um custo estimado 30% menor que o de projetos novos. A lei de 2025 para energia eólica offshore criou bases para concessões, e mais de 100 projetos que somam 247 GW já solicitaram licenças ambientais. O financiamento da transição ainda evolui. O capital virá majoritariamente do setor privado, apoiado por títulos verdes e instrumentos de desenvolvimento.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) lançou o programa Eco Invest e testou o mercado em 2024. Futuras fases mirarão bioeconomia. Mesmo assim, o custo elevado de capital, a volatilidade cambial e prêmios de risco político permanecem entraves, sobretudo para hidrogênio, SAF e armazenamento. Processos de licenciamento fragmentados, disputas fundiárias e falta de infraestrutura digital dificultam a execução de projetos. Leis recentes, entre elas o Combustível do Futuro, o marco do hidrogênio de baixo carbono, o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) e consultas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre armazenamento, buscam reduzir essas barreiras. Embora o Brasil conte com vantagens significativas e nova regulamentação, gargalos de transmissão, custos de capital e desafios administrativos ainda precisam ser superados para que as metas de descarbonização se concretizem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.