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31/Oct/2025

EUA e China sinalizam para um acordo comercial

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (30/10) que vai reduzir as tarifas de importação sobre produtos chineses de 57% para 47%, após se reunir com o líder da China, Xi Jinping, em Busan, na Coreia do Sul. A decisão resultou de um entendimento para conter as tensões comerciais e inclui promessas da China de restringir o envio aos Estados Unidos de substâncias químicas usadas na produção de fentanil. O encontro, que durou pouco mais 1h40, marcou a primeira reunião direta entre os líderes desde a escalada tarifária iniciada neste ano. Donald Trump vinha ameaçando um aumento de até 100% nas tarifas, mas afirmou que "não será necessário seguir com esse plano" após o diálogo com Xi. Antes do encontro, a China havia sinalizado disposição para afrouxar controles sobre exportações de terras raras e retomar compras de soja dos Estados Unidos. O alívio nas tensões trouxe otimismo aos mercados globais, que reagiram positivamente à possibilidade de um acordo comercial mais amplo entre as duas maiores economias do mundo.

Ainda assim, analistas ressaltam que os desafios estruturais permanecem, especialmente nas disputas por liderança tecnológica e industrial. O primeiro comentário oficial de autoridades da China sobre o encontro entre os presidentes dos Estados Unidos e China indica que não houve acordo entre as partes. “Os dois lados devem levar a perspectiva de longo prazo em conta, com foco nos benefícios da cooperação, ao invés de cair em um ciclo vicioso de retaliação mútua", disse Xi Jinping. O líder chinês afirmou ainda que as equipes de negociação dos dois lados chegaram a um consenso, provavelmente em referência às conversas realizadas na Malásia, durante o fim de semana. Segundo Xi, as equipes devem completar o trabalho assim que possível para entregar resultados tangíveis capazes de proporcionar "paz de espírito" para a China, os Estados Unidos e o resto do mundo. As recentes reviravoltas na relação entre Estados Unidos e China oferecem lições para os dois países, segundo Xi. O presidente chinês também pediu a ampliação da cooperação entre os dois países em áreas como inteligência artificial, combate à imigração ilegal, fraude em telecomunicações, lavagem de dinheiro e resposta a doenças infecciosas.

O líder afirmou ainda que "China e Estados Unidos devem buscar cooperação em vez de confronto e agir com responsabilidade, como grandes potências". O Ministério do Comércio da China vai ajustar as medidas adotadas em resposta às tarifas impostas pelos Estados Unidos. A decisão faz parte de um conjunto de ações anunciadas após o encontro entre os presidentes Xi Jinping e Donald Trump. O governo chinês comunicou que suspenderá por um ano as medidas de controle de exportações implementadas em 9 de outubro, que incluíam restrições às terras-raras, e pausará contramedidas relacionadas às investigações da Seção 301. Também será interrompida a cobrança de taxas portuárias, em reciprocidade à decisão dos Estados Unidos de suspender uma investigação sobre o setor naval chinês. A China ainda afirmou ter chegado a um consenso com os Estados Unidos sobre a cooperação no controle do fentanil e confirmou que os Estados Unidos reduzirão em 10% as tarifas ligadas ao tema. O Ministério do Comércio acrescentou que a China buscará resolver adequadamente as questões envolvendo o TikTok no âmbito das negociações bilaterais.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou nesta quinta-feira (30/10) que os acordos firmados entre Estados Unidos e China representam um passo importante para restabelecer uma relação estável entre as duas maiores economias do mundo. Os documentos deverão ser assinados oficialmente na próxima semana, consolidando compromissos sobre comércio, combate ao fentanil e cooperação tecnológica. Bessent confirmou que os Estados Unidos suspenderão por um ano as restrições da "Entity List', mecanismo do Departamento de Comércio que limita exportações de tecnologia norte-americana a empresas estrangeiras consideradas de risco à segurança nacional. A lista, que já incluiu companhias como Huawei, impõe exigências de licenças especiais para venda de chips, softwares e equipamentos avançados. Segundo o secretário, a suspensão foi acordada em troca da decisão da China de pausar por um ano os controles sobre exportações de terras raras, insumos essenciais para semicondutores, energia e defesa.

O secretário também informou que as medidas da Seção 301, dispositivo que autoriza tarifas punitivas sobre importações em casos de práticas comerciais desleais, foram suspensas, e que os Estados Unidos reduziram pela metade as tarifas relacionadas ao fentanil em contrapartida ao compromisso da China em diminuir o fluxo de precursores químicos usados na produção da droga. Entre outros pontos, Bessent destacou que a China concordou em comprar 12 milhões de toneladas de soja norte-americana neste ano e 25 milhões de toneladas por ano nos próximos três anos, fortalecendo os laços agrícolas bilaterais. Ele acrescentou ainda que o Japão deve gradualmente reduzir sua dependência da energia russa e que Japão, Coreia do Sul e "possivelmente a China" poderão participar do projeto de gasoduto do Alasca, enquanto os Estados Unidos aceleram a retomada da geração nuclear. Ainda, Donald Trump voltou a classificar a reunião com Xi Jinping como "verdadeiramente excelente" e ressaltou que há "um enorme respeito" entre os dois países.

"Concordamos em muitas coisas, e em outras, inclusive de grande importância, estamos muito perto de chegar a um acordo", escreveu, ao dizer que se sentiu "honrado" por Xi ter autorizado a China a começar a compra de grandes quantidades de soja, sorgo e outros produtos agrícolas. "Nossos agricultores ficarão muito felizes! De fato, como já disse uma vez durante minha primeira administração, os agricultores devem imediatamente sair e comprar mais terras e tratores maiores", acrescentou. Trump também voltou a dizer que a China afirmou que trabalhará com esforço para interromper o fluxo de fentanil em território americano e que a potência asiática concordou que iniciará o processo de compra de energia dos Estados Unidos. "Uma transação em grande escala pode ocorrer em relação à compra de petróleo e gás do grande estado do Alasca", afirmou Trump. O presidente norte-americano disse que as equipes de energia se reunirão para ver se tal acordo energético pode ser concretizado. "Os acordos alcançados hoje trarão prosperidade e segurança para milhões de norte-americanos", defendeu.

Na avaliação da Capital Economics, a redução de algumas tarifas dos Estados Unidos sobre a China não terá um grande impacto, já que os exportadores chineses, em grande parte, as ignoraram, mas a desescalada entre as duas maiores potências do mundo elimina a ameaça imediata de grandes aumentos tarifários. O cenário remove um "risco significativo" para as perspectivas de curto prazo. As forças subjacentes que afastam os Estados Unidos e a China permanecem sem solução, no entanto, e, portanto, as tensões podem facilmente reacender. Mesmo que a trégua atual se mantenha, ambos os lados continuarão a buscar esforços mais amplos de desvinculação. A redução tarifária proporcionará apenas um impulso "marginal" à economia chinesa, mas mais importante do que o modesto corte tarifário é o fato de que o aumento de 100% nas tarifas, ameaçado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, no início deste mês, "foi descartado". Trump sugeriu que os acordos firmados hoje formarão a base para um acordo comercial que ele espera ser assinado em breve.

Ele concordou em visitar a China em abril, o que parece ser o cenário ideal para formalizar um acordo. Porém, é "imprudente" descartar uma nova ruptura nas relações entre Estados Unidos e China até o prazo. Para o Commezbank, Estados Unidos e China parecem ter interesse em amenizar as recentes tensões. A redução tarifária acordada entre as partes pode se traduzir em uma queda menor nas exportações chinesas para os Estados Unidos. Isso pode impulsionar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,2% cumulativamente no quarto trimestre e no próximo ano. Para o Commerzbank, embora isso seja "certamente positivo" para os exportadores chineses e possa fornecer algum suporte à economia do país, que se encontra em desaceleração, o impacto provavelmente será pequeno, e está longe de ser certo que não haverá uma escalada das tensões no futuro. Muito trabalho precisa ser feito para chegar a acordos concretos nas próximas semanas e meses. Resta saber se isso realmente levará a uma redução mais ampla das tensões bilaterais. Ambos os lados parecem dispostos a não intensificar ainda mais as tensões e a diminuí-las. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.