31/Oct/2025
O acordo comercial entre Estados Unidos e China, que tem assinatura prevista para a semana que vem, não deve enfraquecer o Brasil nas negociações por reversão das tarifas comerciais impostas pelo governo norte-americano. A avaliação de especialistas é de que os Estados Unidos ganharam tempo, mas ainda precisam encontrar novos fornecedores de terras raras para, assim, dependerem menos do fornecimento chinês. Na reunião entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, foi acertado que, em troca da redução das tarifas, de 57% para 47%, a China vai normalizar o fornecimento de terras raras, justamente um dos principais ativos brasileiros na mesa de negociação com o governo norte-americano. Porém, o acordo tem prazo de validade, uma vez que será reavaliado anualmente, de modo que não elimina a vulnerabilidade dos Estados Unidos.
Segundo a Universidade de Brasília (UnB), ainda não há maiores detalhes do acordo. O acordo é datado, no sentido de que a validade é pré-determinada. Os Estados Unidos precisam dos imãs e outros bens de terras raras chinesas, mas não querem depender da China. Isso tudo não afeta a relação com o Brasil nessa área. Ao contrário, reforça. Quase 70% da produção de terras raras no mundo está nas mãos da China, que usa essa posição em disputas geopolíticas, restringindo o fornecimento de insumos essenciais de inúmeras tecnologias (de chips a mísseis teleguiados) e de difícil substituição. Os Estados Unidos têm interesse em acessar as reservas de minerais críticos, em especial de terras raras, do Brasil, e um acordo nessa área permitiria reduzir as tarifas de 50% contra diversos produtos brasileiros.
Segundo a ZagWork, a dependência norte-americana às terras raras da China é um tema de segurança nacional, já que a inovação militar, assim como a eletrificação da mobilidade e a inteligência artificial, depende desses minerais. Os Estados Unidos estão sendo obrigados a ceder, porque não têm alternativa. E isso torna o Brasil estrategicamente importante. A negociação do Brasil com os Estados Unidos vai passar por terras raras, que é uma das coisas mais importantes para os norte-americanos. O problema é que o Brasil ainda não tem estratégia e política industrial para a produção de minerais de terras raras, embora possua a segunda maior reserva do mundo. Então, haverá um desafio grande em negociar um patrimônio para o qual não há um plano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.