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31/Oct/2025

Brasil focado nas negociações comerciais com EUA

O governo Lula avaliou positivamente a aprovação desta semana, pelo Senado dos Estados Unidos, de uma medida para anular o tarifaço de 50% do governo norte-americano sobre o Brasil. Ainda assim, e considerando o fato de que a deliberação não se traduz na suspensão imediata das tarifas, interlocutores do governo brasileiro avaliam que o foco deve permanecer nas negociações em nível dos dois governos. A aprovação foi recebida por autoridades brasileiras como um gesto simbólico, refletindo o apoio de segmentos do empresariado norte-americano, além de conferir maior peso ao argumento de que o tarifaço contra o Brasil não tem razão de ser. A decisão, porém, não foi vista com uma ‘boia de salvação’ para o País, e o governo pretende insistir na abertura iniciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em encontro recente com o presidente Donald Trump, na Malásia, que teria desfeito a ‘cortina de fumaça’ inicial, motivada por questões político-ideológicas.

Trump vinculou as tarifas sobre o Brasil às políticas do País e ao processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos registraram um superávit comercial de US$ 6,8 bilhões com o Brasil no ano passado. O entendimento interno no Brasil é de que o pragmatismo fala mais alto. Além disso, a decisão segue para a Câmara, onde não deverá prosperar, pois, além da maioria republicana, os deputados americanos decidiram impedir toda legislação que conteste as tarifas até março de 2026, ano em que haverá eleições legislativas nos Estados Unidos. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o governo norte-americano concordou com um cronograma de negociações com o Brasil para chegar a um acordo sobre as tarifas nas próximas semanas. No encontro de Lula com Trump, no domingo (26/10), o governo brasileiro apresentou o pedido de suspensão das tarifas durante as negociações.

Até o momento, ainda não houve devolutiva sobre esse pleito, e a equipe dos Estados Unidos designada para negociar continua em um périplo pelo mundo. Existe a expectativa de que o vice-presidente e ministro da Indústria e do Comércio brasileiro, Geraldo Alckmin, viaje a Washington nas próximas semanas, como parte das tentativas de acelerar as negociações, mas a ida aos Estados Unidos ainda não teve uma definição oficial. A medida do Senado norte-americano para revogar as tarifas ao Brasil foi aprovada na noite de terça-feira (28/10), por 52 votos a 48. Todos os democratas votaram a favor da resolução. Foi determinante o voto de cinco senadores republicanos, que se aliaram à oposição para derrubar a alíquota aplicada aos produtos brasileiros. A votação ocorreu depois de uma reunião do vice-presidente JD Vance com senadores republicanos, no qual defendeu a negociação de acordos comerciais pelo governo. Segundo a imprensa norte-americana, Vance disse que Trump está usando tarifas "para dar aos trabalhadores e agricultores americanos um acordo melhor".

No entanto, legisladores de Estados agrícolas expressaram preocupação de produtores de gado em seus distritos. A Suprema Corte norte-americana deve ouvir em breve os argumentos sobre se o líder republicano extrapolou seus poderes ao impor tarifas para o mundo todo. Ainda, nesta quinta-feira (30/10), o Senado dos Estados Unidos aprovou em votação o fim da emergência que determina a imposição de tarifas a países parceiros, no chamado "Dia da Libertação". O placar de 51 votos a favor e 47 contra contou com o apoio de quatro republicanos: Lisa Murkowski, do Alasca; Susan Collins, de Maine; e Rand Paul e Mitch McConnell, de Kentucky. A aprovação acontece após já terem passado pela Casa resoluções semelhantes relativas a tarifas impostas ao Brasil e ao Canadá. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.