ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

24/Nov/2025

Retirada do tarifaço é fruto da retomada do diálogo

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, avalia que a retirada do tarifaço de 40% pelos Estados Unidos sobre produtos agrícolas brasileiros é fruto da retomada do diálogo entre os dois países. "É uma excelente notícia. É fruto do restabelecimento do diálogo entre os grandes líderes das Américas, o presidente do Brasil e o presidente dos Estados Unidos", disse Fávaro. "É fruto do restabelecimento das relações de amizades e boas relações diplomáticas entre os países", afirmou. Agora, a expectativa é de retomada das exportações dos produtos agropecuários brasileiros para o mercado norte-americano. "Voltamos ao status anterior do tarifaço, porque eles retiraram toda a sobretaxa. Havia retirado os 10% há uma semana e agora tirou 40%, retroagindo à semana passada. Ficou exatamente como era antes da taxação", destacou o ministro.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quinta-feira (20/11) a ampliação da lista de isenções da tarifa de 40% para incluir mais produtos agrícolas do Brasil, em meio aos avanços nas negociações entre os dois países. Na prática, a decisão retira a sobretaxa de itens importantes para o setor exportador do País, como o café e a carne bovina, entre outros produtos, como frutas (abacaxi, açaí, banana), cortes de madeira. A medida é retroativa, o que significa que estarão isentas todas as mercadorias retiradas de armazéns para consumo a partir de 12h01 (horário de Nova York) de 13 de novembro. Há uma semana, Trump havia retirado a taxa recíproca de 10% sobre produtos agrícolas. Com isso, importantes produtos agrícolas brasileiros ficam isentos de taxas adicionais aos Estados Unidos desde 13 de novembro.

Até então, o agronegócio brasileiro era um dos setores mais afetados pelo tarifaço, já que 80% dos produtos do setor ficaram de fora da primeira lista de exceções, de 31 de julho, decretada pelo governo norte-americano. Café e carnes tiveram redução expressiva nos embarques aos Estados Unidos a partir de agosto. O setor produtivo brasileiro vinha pedindo ao governo norte-americano a exclusão da tarifa sobre alimentos. Para Fávaro, a medida beneficia os dois países. "Quem ganha com isso é a população brasileira e a população norte-americana. Quem ganha com isso são as questões inflacionárias, a inflação de alimentos de ambos os países. Quem ganha com isso são todos os outros países do mundo que veem que a diplomacia sempre prevalece diante de intrigas geradas por terceiros", observou o ministro.

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, afirmou que a retirada do tarifaço de 40% pelos Estados Unidos sobre produtos agrícolas brasileiros é uma sinalização "muito importante". "O Brasil volta agora a ter acesso competitivo para a maioria dos produtos agropecuários", disse Rua. Pela análise preliminar do ministério, a maioria dos produtos agropecuários brasileiros foi contemplado com a medida. "O Brasil é um importante provedor de alguns produtos agropecuários aos EUA e agora poderá contribuir para a estabilização de alguns preços locais", acrescentou o secretário. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) afirmou que a suspensão da sobretaxa sobre as importações de mais de 200 itens da lista de produtos agropecuários brasileiros representa um avanço para o comércio bilateral e para a dinâmica do agronegócio nacional.

Ao aliviar um peso financeiro relevante sobre itens como carne, soja, frutas e commodities diversas, os Estados Unidos reabrem espaço para que produtores brasileiros ampliem sua presença em um dos mercados mais competitivos e lucrativos do mundo. Essa medida demonstra reconhecimento da qualidade e da importância estratégica dos produtos do campo brasileiro no cenário global. Além do impacto econômico direto, a suspensão das sobretaxas traz previsibilidade. Em um setor profundamente sensível às oscilações externas, seja de preços, custos logísticos ou barreiras comerciais, a possibilidade de operar com maior clareza sobre as condições de acesso ao mercado internacional permite que agricultores e pecuaristas invistam melhor, negociem com mais segurança e organizem sua produção de forma mais eficiente. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) afirmou que o Brasil seguirá mantendo negociações com os Estados Unidos com vistas à retirada das tarifas adicionais sobre o restante da pauta de comércio bilateral.

O Itamaraty ressaltou que o enunciado da Ordem Executiva dos Estados Unidos que implementa a medida faz menção à conversa telefônica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente Donald Trump em 6 de outubro, quando decidiram iniciar as negociações sobre as tarifas. O documento também menciona que a Ordem Executiva acrescenta que o Trump recebeu recomendações de altos funcionários do seu governo de que certas importações agrícolas do Brasil não deveriam estar mais sujeitas à tarifa de 40% em função do "avanço inicial das negociações" com o governo brasileiro. A medida é retroativa a 13 de novembro, data que coincide com o dia da última reunião entre o ministro Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio, em Washington, na qual se discutiram meios de avançar nas tratativas bilaterais para a redução das tarifas sobre os produtos brasileiros.

O governo brasileiro aproveitou o momento para reiterar sua disposição para continuar o diálogo como meio de solucionar questões entre os dois países, em linha com a tradição de 201 anos de excelentes relações diplomáticas. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que a decisão do governo norte-americano de ampliar a lista de produtos brasileiros isentos da tarifa adicional de 40% foi "o maior passo dado" nas negociações com os Estados Unidos. "É a maior redução de tarifas, foi o maior avanço nas negociações Brasil-Estados Unidos", disse Alckmin. Ele lembrou que, gradualmente alguns produtos foram saindo da lista de itens sujeitos à sobretaxa norte-americana, como celulose, ferro-níquel e madeiras. Na última decisão, houve o maior avanço, com 238 produtos. Ele frisou que, quando o tarifaço começou, tarifa de 50% abarcava 36% das exportações, e foi reduzido para 22%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.